sábado, 31 de outubro de 2009

O amanhecer de um novo dia.

"Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade."
Raul Seixas
A VIDA
...
é relativa.
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absoluto,
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só o sonho....
...
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Rosane Coelho

- Foto: "O amanhecer de um novo dia" tirada por mim na Caminhada Nacional do MST em 2005. Tive a honra de percorrer junto com 14 mil companheiros a distância de mais de 250 km entre Goiás e Brasília, a pé, feliz e com o coração cheio de esperança. Este o período onde todos nós sonhamos juntos foi o mais feliz de minha vida.

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MST - 25 anos

2009


Cordel da Reforma Agrária
(estrofe)
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Como disse Bertold Brecht
Em lições claras, atentas:
“As águas que fazem o rio
Não são em si turbulentas,
Mas as margens que comprimem
É que as tornam violentas"
...
Medeiros Braga

Fé na Luta!!

queridos amigos e companheiras,

peço a gentileza de encaminharem o texto do editor e o convite para o lançamento de meu livro, para as respectivas listas de mail.
O prefácio é do Paulinho Vannuchi, as orelhas do Eugênio Bucci e a contracapa ( com foto) é do Antonio Candido.

Muito grata,
abraços,
maria victoria







Convite



A Editora Lettera.doc

e a Livraria da Vila
Têm a satisfação de convidar para o lançamento
da obra


Fé na Luta
A Comissão Justiça e Paz de São Paulo – da Ditadura à democratização


De Maria Victoria de Mesquita Benevides


Dia: domingo, dia 15 de novembro de 2009

(nos 120 da Proclamação da República)


Horário: das 15h às 18h


Local: Livraria da vila – Fradique Coutinho


Endereço: Rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena
SP – fone: (011)3814-8511

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No próximo dia 15 de novembro, data em que se comemorarão os 120 anos da Proclamação da República, em um domingo à tarde, será lançado o livro FÉ NA LUTA - A COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ DE SÃO PAULO, DA DITADURA À DEMOCRATIZAÇÃO, de Maria Victoria Benevides.

Vamos todos marcar presença, comemorar a data reafirmando os valores republicanos! Vamos celebrar a bela história da Comissão Justiça e Paz! Vamos festejar o lançamento da nova grande obra impressa da Maria Victoria!

Coloquem na agenda: domingo, 15 de novembro, das 15h às 18h, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho.

Até lá!

Abraços,
Cássio Schubsky -
cassio@letteradoc.com.br
Editora Lettera.doc

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Tudo o que é sólido desmancha no ar"

Hoje quando acordei - do sono máximo de 4 horas que costumo dormir durante a noite - pensei:
- Ainda bem que não vivemos mais sob o jugo da ditadura militar.

A primeira frase que me veio à cabeça, e sabe-se lá porque, foi
“Tudo o que é sólido desmancha no ar”.
Eu acho esta frase linda!!
Li até um livro de Berman Marshall com este título. Lembro que na ocasião comprei só pelo título, sem lembrar que esta é uma citação de Marx que consta no Manifesto Comunista escrito em 1848.

Quando imagino algumas sólidas pessoas desmanchando-se no ar, sempre me ocorre a palavra poluição.

Vi seres muito amados, objetos de estimação que possui - e achava que não poderia viver sem eles - se desmancharem em minha frente, sem que eu nada pudesse fazer a não ser continuar vivendo... às vezes até com mais leveza.

Não sou e nunca fui uma comunista, como muitas vezes sou rotulada . Este fato repetitivo e burro de tentar me definir me faz dar boas risadas.

Porém na ditadura militar, não era bem assim, eu não poderia ler, escrever ou possuir nada que me identificasse com a doutrina comunista.

Eu era capaz de ser presa, torturada e morta apenas por simpatizar com algumas idéias de Marx.
Poderia ser até o velho Marques, um farmacêutico de direita que conheci há trocentos anos em Matinhos, mas como os membros da censura eram semi-analfabetos se a palavra soasse igual eu estaria “enrustida” e mal paga


Já que surgiu este assunto, vou utilizar alguns argumentos de Karl Marx.
- Eu posso, viu general?

Quase diariamente vejo muitas pessoas que conheço se apavorarem quando algum movimento tido como comunista quer abolir a propriedade privada.
Estas pessoas não sabem ou esquecem que a propriedade está abolida para nove décimos dos membros da sociedade.
E porque a propriedade não existe para estes nove décimos é que existe em nosso país esta minoria vergonhosa de latifundiários, grileiros e grandes proprietários que sufocam e aniquilam a pequena agricultura e a agricultura familiar com a força de um capital construído com o trabalho escravo e degradante de trabalhadores descartáveis.

Acusam, estes egoístas ou mal informados, de que os “comunistas” do MST querem abolir uma forma de propriedade. Não lhes ocorre que esta propriedade só pode existir privando a imensa maioria dos membros da sociedade de toda a propriedade.
- Alguém discorda?
Pois discorde, nem vou me dar o trabalho de desmanchar com um pequeno sopro a “solidez” de idéias divergentes. Já me acostumei.

Nédier

“Tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado, e os homens são finalmente forçados a enfrentar com sentidos mais sóbrios suas reais condições de vida e sua relação com outros homens.”

“A análise de Marx sobre o sistema capitalista, em sua tendência de auto-gerenciamento absoluto, verdade única, disseminado em uma subjetividade/semiótica para além do econômico manifestado em suas múltiplas formas de sedução e dominação — suas próprias contradições — geradoras da crença de uma corpo concreto inabalável, não passa de uma ilusão que um simples sopro dialético “desmancha no ar”

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Já estava na hora - Paulo Henrique Amorim



Lula peita Gilmar sobre MST...Já estava na hora

Lula coloca Gilmar no seu devido lugar: ventriloquo de FHC
O presidente Lula resolveu, finalmente, enfrentar o auto-nomeado líder da oposição, o Supremo Presidente do Supremo, Gilmar Dantas(*)
Gilmar Dantas(*) na 898º entrevista desta semana desafiou o governo a suspender as transferências legais de recursos a movimentos sociais, como o MST
O governo, como se sabe, não dá dinheiro ao MST.
Leia aqui trecho da reportagem na Folha Online:
Não precisa de dinheiro para cometer barbáries, diz Lula sobre MST
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com irritação nesta terça-feira à declaração do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, que ontem defendeu punição para atos criminosos cometidos por movimentos sociais.
“Eu não acho nada. Não acho absolutamente nada”, afirmou o presidente ao ser perguntado sobre as declarações de Mendes. Depois, ressaltou que as entidades que pedem dinheiro a algum órgão do governo precisam apresentar documentos e proposta que passam “por um crivo” que libera ou não o dinheiro.
Como se sabe, o MST recebe recursos de instituições, como a Emater, que, segundo critérios previstos em Lei, financia projetos agrícolas.
Numa entrevista, o presidente Lula disse, primeiro, que as transferências para o MST continuarão e, o que deve significar um tiro no peito dos seguidores da senadora Kátia Abreu, afirmou que dará curso à atualização dos índices de produtividade da terra, como pré-condição para realizar a reforma agrária.
Quando um repórter perguntou o que achava das opiniões do Supremo Presidente do Supremo, Lula disse “não acho absolutamente nada”.
Essa técnica de desqualificar o interlocutor evidentemente desqualificado, o presidente Lula utilizou recentemente numa entrevista em que massacrou –
clique aqui para ler – um repórter do PiG(**).
O repórter da Folha (***), suposto órgão de imprensa da reduzida base de apoio a Zé Pedágio, quis saber o que o presidente Lula achava da opinião de Zé Pedágio sobre o imposto na entrada de capital estrangeiro.
O objetivo secreto do repórter da Folha(***) era elevar o Zé Pedágio à condição de interlocutor privilegiado para contestar uma política do Governo Federal.
Ou seja, fazer escada para o Zé Pedágio.
O presidente Lula observou que a opinião do Zé Pedágio sobre o câmbio ou sobre qualquer outra coisa “não interessa” a ninguém.
Agora, sobre o MST, o presidente Lula faz o mesmo e coloca o Supremo Presidente do Supremo no seu devido lugar: o de um megalomaníaco, que dá palpite sobre tudo, na tentativa de ocupar o espaço que a oposição lhe concedeu.
Clique aqui para ler “Lula dizimou a oposição e só sobrou o Gilmar”.
Conversei com amigos que o conhecem de longa data para tentar diagnosticar a patologia do Supremo Presidente do Supremo.
Defendi a tese de que ele foi acometido de hubris –
clique aqui para ler.
O meu amigo tem uma tese menos elaborada.
Considera que o Supremo Presidente cumpre apenas o dever de defender os interesses políticos que sempre defendeu e que culminou com a sua nomeação para o Supremo, a maior das heranças malditas de Fernando Henrique Cardoso.
Diz o meu amigo, que conhece a matéria como a palma da mão, que Gilmar Dantas (*) defende os mesmo tipos de interesses desde que na AGU, Advocacia Geral da União, cuidou com empenho e zelo dos precatórios do Ministério dos Transportes nos bons tempos de Elizeu Padilha e o Farol de Alexandria.
Segundo essa interpretação, Gilmar Dantas(*) não é um ministro do Supremo nem presidente do Supremo.
Ele continua a ser o advogado geral do governo Fernando Henrique.
E por isso deu dois HCs em 48 horas a Daniel Dantas, o passador de bola condenado por passar bola.
Porque ele, Gilmar, e a torcida do Flamengo sabem que Daniel Dantas detem a caixa preta do governo FHC.
O presidente Lula vai pendurar Fernando Henrique no pescoço do Serra.
O
Serra vai tentar jogar Fernando Henrique no mar como fez em 2002 e como anuncia seu aliado Roberto Freire - clique aqui para ler a reveladora entrevista a um jornal do Ceará deste presidente de partido que não se elege vereador em Recife.
Quem vai defender Fernando Henrique e seus esqueletos até a morte será Gilmar Dantas(*).
Paulo Henrique Amorim


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Réquiem para a transposição do São Francisco

"Nesse emaranhado de conflitos, existe um esperançoso toque de sino."
"Está chegando, pois, a transfiguração do povo e da terra construída de baixo para cima, no respeito e na convivência, libertando-se dos projetos faraônicos devastadores, impostos autoritariamente de cima para baixo.Esse humilde toque de sino, alegre e festivo, já se pode ouvir com nitidez, pois essa mudança, cheia de vida e esperança, é um fato no grande sertão nordestino."
Dom Tomás Balduíno
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Nascente do Rio São Francisco - Símbolo de Integração Nacional
"A água aparece entre as pedras. As pedras foram colocadas ali para preservarem a área dos pés dos humanos que se aproximam da imagem do Santo"
Rosane Coelho
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Rio São Francisco, já nascido - como diz a Rosane.
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RIO

brotado da terra em fio:

semente de mar,

derivado em oceano.
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Meus amigos,
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A poetisa Rosane Coelho, que ama, como eu, o São Francisco e quando pode visita a sua nascente, escreveu este poetrix e tirou as fotos.
- O antônimo de nascente seria morrente?
- O antônimo de integração é desintegração?
O povo brasileiro não permitirá que isso aconteça.
Nascente é o que nasce, que começa aparecer.
Integração é o símbolo do que o Rio São Francisco é e continuará sendo em nosso Brasil.
Este sonho de um megalomaníaco que beneficiaria poucos e prejudicaria o povo ribeirinho que ama e respeita o Rio São Francisco não se realizará...mas a tentativa de realizá-lo sairá dos cofres públicos.
Uma sangria inútil.
O dinheiro de nossos impostos que deveria priorizar a educação irá para grandes empreiteiras que priorizam o lucro e que através de manobras sombrias supervalorizam seus preços. Não estou dizendo nenhuma novidade. Quem acompanha apenas a história recente de nosso país sabe o quanto seremos roubados.
- Fazer o quê? pensei eu, deprimida e impotente.
- Denunciar, protestar, esclarecer os mal-informados - respondi a mim mesma. para atenuar a minha revolta.
É o que faço, utilizando as palavras de Dom Tomás Balduíno, que escreve melhor e sabe "das coisas" muito mais que eu.

Nédier
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Réquiem para a transposição do São Francisco
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O dobre dos sinos e o jejum têm o peso de uma profecia.
Esses símbolos querem dizer que a transposição do São Francisco não se concluirá.
É NATURAL que chefes de Estado tenham o sonho de vincular sua memória a uma grande obra perene.
Brasília é o monumento que imortalizou Juscelino Kubitschek.
Imagino que Lula, nordestino que passou sede no semiárido, carregou pote d'água na cabeça, possa estar sonhando em se ligar pessoalmente com o nordestino rio São Francisco, símbolo da integração nacional, transformando o grande sertão da seca num abençoado oásis graças a um gigantesco projeto de transposição de suas águas.
O projeto nada deveria à Transamazônica nem a Itaipu.
Isso explica, quem sabe, sua apaixonada tenacidade em querer levar adiante essa obra apesar das inúmeras reações contrárias de parte do Judiciário, do Ministério Público, da mídia, dos cientistas, do episcopado católico, das organizações sociais, dos atingidos pelas obras: camponeses, quilombolas, grupos indígenas.
Na sua excursão ao longo do projetado canal, levando aos palanques Ciro Gomes, além da candidata Dilma Rousseff, não faltou, da parte do presidente, o irado recado para os que ele considera obstáculos à transposição.
Enquanto isso, chamou a atenção de muitos o gesto do bispo da Barra, dom Luiz Cappio, ordenando o dobre de finados na catedral enquanto Lula perambulava por aquela cidade.
Os sinos são a secular e inconfundível marca da cultura cristã nos templos das grandes metrópoles e nas pequeninas capelas do interior. Acompanham alegrias e esperanças, tristezas e angústias da comunidade nos eventos maiores do lugar ou marcam, com seu toque lúgubre, a morte dos entes queridos e o Dia de Finados.
Conhecendo pessoalmente os sentimentos desse homem, que não hesitou em colocar a sua vida pelo povo ribeirinho, bem como pela revitalização do rio, posso dizer que esse gesto, o do dobre dos sinos, bem como o do jejum, tem o peso de uma profecia.
Esses símbolos querem dizer que a transposição do São Francisco não se concluirá. Morrerá. Descansará em paz. Réquiem, então, para ela!
Muita gente está convencida da inviabilidade desse megaprojeto.
Eis as razões.
A transposição pretende guindar continuamente, em um desnível de 300 metros, 2,1 bilhões de m3 da água mais cara do mundo para o Nordeste, que, por sua vez, já acumula 37 bilhões de m3 a custo zero. Se o problema da seca do Nordeste não se resolve com esses 37 bilhões de m3 armazenados, irá ser resolvido com 2,1 bilhões de m3 da transposição?
Uma certeza muitos têm: os 70 mil açudes do Nordeste construídos nesses cem anos demonstram que lá não falta água.
O que falta é a distribuição dessa água.
Basta implantar um vigoroso sistema de adutoras, como o proposto pela Agência Nacional de Águas, por meio do "Atlas do Nordeste", que foi abafado pelo governo.
Trata-se de levar água por meio de uma malha de tubos e adutoras a toda a população difusa do semiárido para o abastecimento humano, sem a transposição.
Enquanto a transposição atenderia 12 milhões de pessoas em quatro Estados, segundo dados oficiais, o projeto alternativo atenderia 44 milhões em dez Estados. Custo: metade do preço da transposição.
Nesse emaranhado de conflitos, existe um esperançoso toque de sino.
Enquanto, de um lado, ainda prevalece a indústria da seca (a transposição aí se inscreve), que rende uma fortuna para os políticos e empresários e mantém o povo na situação do flagelado retirante, segundo a expressão lírica de Luiz Gonzaga, de Portinari, de Graciliano Ramos, de João Cabral de Melo Neto etc., do outro lado está surgindo uma nova consciência nas comunidades populares carregada de esperança libertadora.
Trata-se da convivência com o semiárido.
Como os povos do gelo, das ilhas e do deserto vivem bem na convivência com seu habitat, assim esse povo começa a descobrir a extraordinária riqueza de vida do Nordeste. A questão não é "acabar com a seca", mas de se adaptar ao ambiente de forma inteligente.
Nessa linha, um pedreiro sergipano inventou a tecnologia revolucionária das chamadas cisternas familiares de captação da água de chuva para o consumo humano.
Está chegando, pois, a transfiguração do povo e da terra construída de baixo para cima, no respeito e na convivência, libertando-se dos projetos faraônicos devastadores, impostos autoritariamente de cima para baixo.
Esse humilde toque de sino, alegre e festivo, já se pode ouvir com nitidez, pois essa mudança, cheia de vida e esperança, é um fato no grande sertão nordestino.
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TOMÁS BALDUINO

DOM TOMÁS BALDUINO , 86 anos,mestre em teologia e pós-graduado em antropologia e linguística, é bispo emérito de Goiás e ex-presidente da Comissão da Pastoral da Terra.
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Fotos de Rosane Coelho - Rio São Francisco - Parque Nacional da Serra da Canastra, MG

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Terra Terrena - Luta e Sonho

Ao rufar dos tacapes,
Lançados compassadamente
Contra a terra,
Aos gritos de guerra,
de terra e de paz,
os guerreiros da esperança,
Em retomada
De seu sagrado chão,
Não apenas propiciavam
Um espetáculo cinematográfico
Mas uma emocionante
Demonstração de que a energia
Que brota da raiz
É a seiva da vitória
Irrigando o futuro!

O sonho realidade
Está nos gestos
De dignidade
Das crianças dançando
Das mulheres gritando
“queremos nossa terra”
Dos guerreiros atentos
Ouvindo e debatendo
O seu direito
Sendo sujeitos
De uma nova história,
Em seu território tradicional
“Hasta La vitória final!”
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Nunca dantes visto espetáculo igual.
A chegada à sagrada terra retomada na terra Indígena Buriti nos encheu de emoção e certeza – Deus e a vitória estão com quem tem dignidade, superando o capital e o poder! É um absurdo continuar negando a sagrada terra a quem nela tem sua história de milhares de anos, sabe conviver harmonicamente com a diversidade de vida nela existente, e dela tira carinhosamente seu sustento. O povo Terena, assim como os demais povos indígenas tem essa relação profunda com a terra e com maestria desenvolvem uma agricultura de fartura e harmonia.
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Uma luta de dez anos
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“Aqui estão os guerreiros, aqui está o meu povo. Lutamos há dez anos pelo nosso chão sagrado. Aqui estamos. Daqui não sairemos. Queremos que o governo resolva logo essa situação. A terra já está identificada e ficou tudo parado. Queremos uma solução.”
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A afirmação de um dos líderes do grupo, no início de um longo debate de três horas, nos situou na importante decisão do grupo. Essa é a maneira que lhes restou de ajudar o governo a cumprir a Constituição e a legislação internacional que garantem aos povos indígenas suas terras tradicionais e indispensáveis para sua reprodução física e cultural.
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Desde o início deste século 21 o povo Terena vem intensificando suas iniciativas de recuperação de parte de seu território tradicional. Esbarram na reação articulada dos grandes interesses econômicos e políticos. As terras estão concentradas nas mãos de políticos, como o ex-governador Pedro Pedrosian, de ex-deputados e dos grandes latifundiários da região. Infelizmente essa estrutura perversa continua prevalecendo sobre os direitos coletivos dos povos indígenas, dos quilombolas e de outros que querem viver e produzir num pedaço de terra.
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Enganaram-se os estudiosos e antropólogos que em décadas passadas trabalhavam com um previsível cenário dos Terenas integrados nos ambientes urbanos e periferias das cidades, abandonando assim suas terras e competindo nas estruturas dos não indígenas, deixando eles mesmos sua cultura, integrando-se totalmente à sociedade ocidental não indígena. Hoje os mais de 20 mil Terenas no estado do Mato Grosso do Sul, não apenas estão retomando parte de seus territórios tradicionais, como estão revitalizando sua cultura e identidade.
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Violências e mentiras
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“Digam ao Brasil e ao mundo a verdade, o que se passa aqui, nossa luta e nossos sonhos”,
foi uma das solicitações que fizeram a nós, enquanto Cimi.
A imprensa-empresa regional, infelizmente continua noticiando de forma distorcida e parcial os fatos relacionados à retomada de algumas fazendas pelo povo Terena, dentro dos 17 mil hectares identificados como sendo parte de seu território tradicional.
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O governo do estado se apressou a enviar a polícia militar ao local para hostilizar os Terena na retomada da fazenda querência São José. Jogaram gás lacrimogêneo e atiraram com balas de borracha contra os indígenas. Um deles ficou ferido tendo que ser hospitalizado. “Queremos que os responsáveis paguem pelo que fizeram com nosso guerreiro”. Decidiram ingressar na justiça denunciando as agressões e mentiras, pedindo punição e indenização.
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As centenas de Terenas organizados na retomada estão esperançosos de que a questão de suas terras seja resolvida o mais rápido possível, para que todos possam trabalhar e viver em paz. Por isso estarão buscando dialogar com o Ministério Publico e os desembargadores que tem uma vinda agendada para o Estado no início de novembro.
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Egon Heck
Cimi MS
Campo Grande, 24 de outubro de 2009

Keno vive


Por um engano escrevi que estaria na inauguração de um monumento em homenagem ao Keno no dia 14 de novembro próximo.
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Na verdade, estamos iniciando uma campanha para que o monumento KENO VIVE seja feito.
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A última grande atividade de massa deste ano será comemorar a vitória sobre a Syngenta, num grande ato dia 14 de novembro, em Cascavel, onde pretendo estar.
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Vamos todos erguer o monumento KENO VIVE.
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Uma campanha internacional, nacional e paranaense está sendo feita para levantar recursos e pagar as despesas deste monumento.
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Estamos convocando possiveis doadores para esta companha. Ela materializará um monumento em homenagem ao Keno e à VIDA.
Qualquer ajuda será de grande valia.
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Não podemos desistir, prosseguimos... como escreveu Cora Coralina "quebrando pedras e plantando flores" pois esta é a vida de quem tem consciência social em nosso Brasil e deseja a tão almejada e protelada Reforma Agrária.
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Calando a voz de um agricultor brasileiro com a conhecida violência e a respectiva impunidade, nossas vozes e milhares de outras bradarão, em seu nome, pela Justiça Social.
Assim será.
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Não me atemorizo com ameaças de pessoas que prejudicam o meu país.
Na posteridade, cobertos pela abençoada Terra que tanto agrediram, sua indignidade descarada envergonhará seus familiares e seguidores.
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Nédier

domingo, 25 de outubro de 2009

Vivemos em uma Terra de Direitos - vamos exigí-los - Transnacionais e Violência no campo: assassinato de Keno completa hoje dois anos

Keno
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Meus amigos,
Eu conheci Keno e não consigo me conformar.
Olhem sua foto.
Ninguém possui esta expressão de bondade e de pureza se elas não brotarem do coração.
Se Deus quiser, se permitir, eu estarei na inauguração do monumento em sua homenagem dia 14 de novembro próximo.
Nédier
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Transnacionais e Violência no campo: assassinato de Keno completa hoje dois anos
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Há exatos dois anos, o trabalhador rural Valmir Mota de Oliveira, o Keno, foi executado por uma milícia armada no Centro Experimental da transnacional Syngenta.
O crime aconteceu no acampamento Terra Livre, em Santa Tereza do Oeste (PR), quando o movimento denunciou a realização de experimentos ilegais com sementes de milho transgênico em zona de amortecimento, prática vedada pela Lei de Biossegurança.
Mesmo após a morte de Keno, as ameaças aos agricultores e a soberania alimentar do país continuam.
A manutenção do latifúndio, o uso de milícias armadas, a dependência financeira causada pelas sementes transgênicas e o alto uso de agrotóxicos no campo evidenciam um modelo de desenvolvimento monopolista e violento.
Por essas questões, diversas organizações decidiram transformar o dia 21 de outubro em uma data para celebração da luta pela vida e contra os transgênicos, sendo um dia de resistência às violações aos direitos humanos promovidas pelas empresas transnacionais.
Em homenagem a memória de Keno, os trabalhadores do MST realizaram na tarde desta quarta-feira (21) um Missa Ecumênica no acampamento 1º de Agosto, em Cascavel.
Durante a manhã, no Rio Grande do Sul, os movimentos sociais organizaram uma manifestação contra os alimentos transgênicos, com a coleta de assinaturas da população contra a liberação do plantio de transgênicos no Brasil e no mundo.
Também em celebração à causa, será inaugurado no próximo dia 14 de novembro o Monumento em Memória de Valmir Motta de Oliveira – Keno.
A inauguração irá encerrar os trabalhados do IV Congresso Brasileiro de Agroecologia e II Congresso Latino-Americano de Agroecologia, que acontecerão em Curitiba de 9 a 13 de Novembro.
Transnacionais agravam violência no campo
Detentora de 19% do mercado de agroquímica e terceira empresa com maior lucro na comercialização de sementes no mundo, atrás apenas da Monsanto e da Dupont, a Syngenta, junto a outras transnacionais, agrava o cenário de violência no campo com a imposição de um modelo industrial de agricultura baseado na monocultura, na super exploração do trabalhador, na degradação ambiental, na utilização de agrotóxicos e na apropriação privada de recursos naturais e genéticos.
As empresas transnacionais são um novo elemento para a análise de conflito no campo. Assim como no caso da morte de Keno, é cada vez mais comum a contratação, pelas transnacionais, de empresas de segurança que exercem o papel de milícias armadas e da pistolagem no campo. Embora muitas estejam licenciadas pela Polícia Federal, estas empresas têm servido para encobrir a imagem e a responsabilidade das transnacionais na violação de direitos individuais. Dados do MST afirmam que, desde 2005, foram mortos 18 militantes do movimento e 87 foram presos.
Estudo da Secretaria Especial de Direitos Humanos aponta que em todos os estados onde está o MST, existem militantes ameaçados de morte.
Segundo dados da CPT – Comissão Pastoral da Terra – sobre a questão agrária, de janeiro a junho de 2009 foram 12 assassinatos, 44 tentativas de assassinato, 22 ameaças de morte, seis pessoas torturadas e 90 presas em todo o Brasil. Os responsáveis pela morte do Keno ainda não foram punidos. A Syngenta não foi responsabilizada pelo assassinato e, apesar de suas práticas sócio-ambientalmente predatórias, continua exercendo monopólio sobre o setor agrícola brasileiro.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

- Que medo!!!

- Que medo!
Terríveis ameaças pesam sobre o MST.
Irados senadores e senadoras, indignados com a destruição de alguns mil pés de laranja da Fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, ameaçam instalar uma CPI para apurar a transferência de recursos do orçamento da União para entidades civis ligadas ao Movimento.

Esta nova investida – já houve três ou quatro, todas frustradas – não passa de "fogo de encontro".
O pavor desses senadores e senadoras, que conformam a bancada ruralista no Congresso brasileiro, é o anúncio de que o governo, após seis anos de atraso, pretende atualizar os índices de produtividade que servem de critério para definir uma propriedade rural como produtiva (não suscetível de desapropriação) ou improdutiva (passível de desapropriação para fins de reforma agrária).
Atribuem, esses senadores e senadoras, a tardia decisão do governo a uma pressão do MST.
Nada disso.
A razão real é que a atualização periódica dos índices constitui obrigação legal estabelecida na Lei Agrária, e o Ministério Público Federal já notificou os ministros do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura que o descumprimento da lei pode causar-lhes responsabilidade criminal.
A base estatística dos índices atualmente vigentes está atrasada 32 anos!
O Correio da Cidadania é favorável à instalação da CPI, com apenas uma condição. Que a investigação inclua o fato substantivo (causador da manifestação na Fazenda da Cutrale): a estranha transferência de um imóvel da União para um particular.
Se, como se sabe, não cabe usucapião nessa categoria de imóveis rurais, como é que imóveis adquiridos (vejam bem! Adquiridos) pela União, e adjudicados ao seu patrimônio em pagamento de dívidas, foram parar nas mãos de particulares?

Não é nada difícil, havendo vontade, elucidar cabalmente essa questão.
Basta convocar desembargadores, juízes, promotores, serventuários dos cartórios de Iaras e dos municípios vizinhos, ex-secretários de Estado, parlamentares, ex-diretores dos órgãos de proteção do patrimônio da União, para que tudo venha a público.
Perguntas, por exemplo, do tipo:
"Por que motivo a Justiça Federal levou seis anos para decidir sobre a alegação de incompetência do Juiz Federal de Ourinhos, no processo que o Incra move contra a Cutrale para reaver o imóvel da União (a decisão foi pela competência do juiz de Ourinhos, diga-se de passagem)?".

Perguntas destas podem revelar claramente porque depois de anos de espera alguns sem terra perderam a paciência.

Mas isto é o adjetivo.

O que diz o Senado Federal a respeito do substantivo?


Plínio Sampaio
editorial do Correio da Cidadania /16 de outubro de 2009

A noite é um lugar.

A noite é um lugar...

caminho o dia todo
em direção a ela
e quando chego, percebo
que foi ela que veio
em minha direção

que se alojou em minha pele
e me penetrou...
amante silenciosa
envolvendo-me em seus braços
suaves e sombrios

ameniza meu rosto
com beijos de aragem fresca.

Tiro minha roupa
e ela se amontoa morna
nos meus pés

Despojada de todos meus valores
me aninho em seus braços
e adormeço.

A noite é um lugar
chamado morte.

Nédier

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

NOTA PÚBLICA DA CPT SOBRE AS PERSEGUIÇOES AO MST - Mais uma vez mídia e ruralistas investem contra o MST

Comissão Pastoral da Terra
Mais uma vez mídia e ruralistas investem contra o MST


A Coordenação Nacional da CPT vem a público para manifestar sua estranheza diante do “requentamento” por toda a grande mídia de um fato ocorrido na segunda feira da semana passada, 28 de setembro, e que foi noticiado naquela ocasião, mas que voltou com maior destaque, uma semana depois, a partir do dia 5 de outubro até hoje.

Trata-se do seguinte: no dia 28 de setembro, integrantes do MST ocuparam a Fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do estado de São Paulo. A área faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e que pertencem à União. A fazenda Capim, com mais de 2,7 mil hectares, foi grilada pela Sucocítrico Cutrale, uma das maiores empresas produtora de suco de laranja do mundo, para a monocultura de laranja. O MST destruiu dois hectares de laranjeiras para neles plantar alimentos básicos. A ação tinha por objetivo chamar a atenção para o fato de uma terra pública ter sido grilada por uma grande empresa e pressionar o judiciário, já que, há anos, o Incra entrou com ação para ser imitido na posse destas terras que são da União.

As primeiras ocupações na região aconteceram em 1995. Passados mais de 10 anos, algumas áreas foram arrecadadas e hoje são assentamentos. A maioria das terras, porém, ainda está nas mãos de grandes grupos econômicos. A Cutrale instalou-se há poucos anos, 4 ou 5 mais ou menos. Sabia que as terras eram griladas, mas esperava, porém, que houvesse regularização fundiária a seu favor.

As imagens da televisão, feitas de helicóptero, mostram um trator destruindo as plantas. As reações, depois da notícia ser novamente colocada em pauta, vieram inclusive de pessoas do governo, mas, sobretudo, de membros da bancada ruralista que acusam o movimento de criminoso e terrorista.

A quem interessa a repetição da notícia, uma semana depois?

No mesmo dia da ação dos sem-terra foi entregue aos presidentes do Senado e da Câmara, um Manifesto, assinado por mais de 4.000 pessoas, entre as quais muitas personalidades nacionais e internacionais, declarando seu apoio ao MST, diante da tentativa de instalação de uma CPMI para investigar os repasses de recursos públicos a entidades ligadas ao Movimento. Logo no dia 30, foi lido em plenário o requerimento para sua instalação, que acabou frustrada porque mais de 40 deputados retiraram seu nome e com isso não atingiu o número regimental necessário. A bancada ruralista se enfureceu.

A ação do MST do dia 28, que ao ser divulgada pela primeira vez não provocara muita reação, poderia dar a munição necessária para novamente se propor uma CPI contra o MST. E numa ação articulada entre os interesses da grande mídia, da bancada ruralista do Congresso e dos defensores do agronegócio, se lançaram novamente as imagens da ocupação da fazenda da Cutrale.

A ação do MST, por mais radical que possa parecer, escancara aos olhos da nação a realidade brasileira. Enquanto milhares de famílias sem terra continuam acampadas Brasil afora, grandes empresas praticam a grilagem e ainda conseguem a cobertura do poder público.

Algumas perguntam martelam nossa consciência:

Por que a imprensa não dá destaque à grilagem da Cutrale?

Por que a bancada ruralista se empenha tanto em querer destruir os movimentos dos trabalhadores rurais? Por que não se propõe uma grande investigação parlamentar sobre os recursos repassados às entidades do agronegócio, ao perdão rotineiro das dívidas dos grandes produtores que não honram seus compromissos com as instituições financeiras?

Por que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), declarou, nas eleições ao Senado em 2006, o valor de menos de oito reais o hectare de uma área de sua propriedade em Campos Lindos, Tocantins? Por que por um lado, o agronegócio alardeia os ganhos de produtividade no campo, o que é uma realidade, e se opõe com unhas e dentes á atualização dos índices de produtividade? Por que a PEC 438, que propõe o confisco de terras onde for flagrado o trabalho escravo nunca é votada? E por fim, por que o presidente Lula que em agosto prometeu em 15 dias assinar a portaria com os novos índices de produtividade, até agora, mais de um mês e meio depois, não o fez?

São perguntas que a Coordenação Nacional da CPT gostaria de ver respondidas.


Goiânia, 7 de outubro de 2009.

Coordenação Nacional da CPT

Maiores informações:
Isolete Wichinieski (coordenação nacional da CPT) – (62) 9607-3488
Edmundo Rodrigues (coordenação nacional da CPT) – (63) 9237-9460

Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação da CPT) – (62) 8111-2890 / 4008-6406 Comissão Pastoral da Terra

Esclarecimento, omitido pela mídia, sobre a ocupação do MST em Iaras (SP)

Como forma de legitimar a grilagem, a Cutrale realizou irregularmente
o plantio de laranja em terras da União.

É nessa região que está localizada fazenda da Cutrale, e onde estão localizadas cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas.


A ocupação tem como objetivo denunciar que a empresa está sediada em terras do governo federal, ou seja, são terras da União utilizadas deforma irregular pela produtora de sucos. Além disso, o Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teria se manifestado em relação ao conhecimento de que as terras são realmente da União, de acordo com representantes dos Sem Terra em Iaras.


"Este não é um tempo de choro ou fatalismo,
embora tenhamos motivo ou vontade de fazê-lo,
este é um tempo dramático, desafiador,
tempo de briga e de esperança."

Paulo Freire

Esclarecimento sobre a ocupação do MST em Iaras (SP)

Cutrale usa terras griladas em São Paulo

Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) permanecem acampadas desde a semana passada (28/09), na fazendaCapim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi, região central do Estado de São Paulo.
A área possui mais de 2,7 milhectares, utilizadas ilegalmente pela Sucocítrico Cutrale para a monocultura de laranja, que demonstra o aumento da concentração de terras no país, como apontou o censo agropecuário do IBGE.

A área da fazenda Capim faz parte do chamado Núcleo Monções, um complexo de 30 mil hectares divididos em várias fazendas e de posse legal da União.

É nessa região que está localizada a fazenda da Cutrale, e onde estão localizadas cerca de 10 mil hectares de terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas, além de 15 mil hectares de terras improdutivas.
A ocupação tem como objetivo denunciar que a empresa está sediada em terras do governo federal, ou seja, são terras da União utilizadas deforma irregular pela produtora de sucos.
Além disso, o Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teria se manifestado emrelação ao conhecimento de que as terras são realmente da União, de acordo com representantes dos Sem Terra em Iaras.

Como forma de legitimar a grilagem, a Cutrale realizou irregularmente o plantio de laranja em terras da União.

A produtividade da área não pode esconder que a Cutrale grilou terras públicas, que estão sendo utilizadasde forma ilegal, sendo que, neste caso, a laranja é o símbolo da irregularidade.

A derrubada dos pés de laranja pretende questionar a grilagem de terras públicas, uma prática comum feita por grandes empresas monocultoras em terras brasileiras como a Aracruz (ES), Stora Enzo (RS) entre outras.
Nossa ação não é contra as laranjas, mas contra a Cutrale.
Infelizmente, as influencias da empresa na imprensa nacional, manipulou o protesto dos ocupantes, para esconder a verdadeira situação. A mesma imprensa esqueceu de comentar que usando os métodos mais escusos possíveis a CUTRALE se transformou numa empresa que monopoliza todo comercio de laranjas do estado de São Paulo. E que superexplora os agricultores dela dependentes.

O local já foi ocupado diversas vezes, no intuito de denunciar a ação ilegal de grilagem da Cutrale. Além da utilização indevida das terras, a empresa está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado de SãoPaulo pela formação de cartel no ramo da produção de sucos, prejudicando assim os pequenos produtores.
A Cutrale também já foi autuada inúmeras vezes por causar impactos ao ecossistema, poluindo o meioambiente ao despejar esgoto sem tratamento em diversos rios.
No entanto, nenhuma atitude foi tomada em relação a esta questão.

Há um pedido de reintegração de posse, no entanto as famílias deverão permanecer na fazenda até que seja marcada uma reunião com o superintendente do Incra, assim exigindo que as terras griladas sejam destinadas para a Reforma Agrária.
Com isso, cerca de 400 famílias acampadas seriam assentadas na região. Há hoje, em todo o estado de São Paulo, 1.600 famílias acampadas lutando pela terra. No Brasil, são 90 mil famílias.


Direção Estadual do MST-SP
Igor Feles Santos
Assessoria de Comunicação do MST
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Correio -
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Página -
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