segunda-feira, 29 de março de 2010

Aniversário de Curitiba - 317 anos

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Meus amigos,
Recebi esta mensagem da minha amiga Gleisi Hoffmann - que espero ainda ver dirigindo a minha cidade e governando o meu Estado - achei linda e repasso a vocês.
Nédier

domingo, 28 de março de 2010

Quando todos estão errados, alguém tem que fazer a coisa certa

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Meus amigos,
Recebi o e-mail abaixo de meu amigo e grande professor José Carlos Antonio:
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"Publiquei diretamente no meu site um artigo intitulado "Quando todos estão errados, alguém precisa fazer a coisa certa" discutindo a greve dos professores e a polêmica foto do professor carregando o soldado machucado durante a manifetação de 26/03/2010 nas imediações do Palácio do Bandeirantes.Também há outras imagens bastante simbólicas ao longo do artigo.Convido à todos para a leitura e reflexão."
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Convido-os para conhecer este site e ler o artigo indicado, ambos são excelentes, mas não resisto transcrever este artigo, pois dá seqüência à minha postagem anterior.
Nédier

Quando todos estão errados, alguém tem que fazer a coisa certa
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São Paulo, 26/03/2010.
Em meio à fumaça das bombas, as balas de borracha, pedradas e pauladas, a cena registrada pelo fotórgrafo Clayton de Souza (Agencia Estado) simboliza toda força e toda fraqueza de um momento "humano, demasiado humano", plagiando o título idêntico da obra de Friedrich Nietzsche (1878).

De um lado um sindicato sem rumo, uma greve que se iniciou sem pauta clara e um movimento heterogênio, onde professores reivindicando melhores salários e condições de trabalho se misturam a pelegos e ativistas políticos inconsequentes (os porra-loucas de sempre). Do outro, um governo arrogante e incompentente, guiado por um desejo sombrio de eternização no poder a qualquer preço e que abusa dos preceitos de segurança a que tem direito legal e usa a polícia como instrumento de repressão (dentre outros).

Mas no meio, bem no meio, um professor e um soldado. Ambos mal pagos pelo mesmo patrão, ambos difamados pela mesma mídia chapa-branca e ambos esquecidos pela dita "sociedade formadora de opinião", que depois de formar uma opinião muito romântica sobre si mesma, tem se dedicado apenas a coçar o próprio umbigo.
Esta imagem tem um quê de tristeza, pois mostra como duas categorias que não são antagônicas, e que existem, ambas, para o promover o bem-estar da sociedade, uma protegêndo-a, outra educando-a, são levadas ao confronto em nome de grupos outros, com interesses outros e bem distantes dos interesses de soldados e professores. O professor que carrega o policial ferido é também o mesmo que educa seus filhos e que tenta construir uma sociedade menos violenta, politicamente mais consciente e que possa um dia abolir governos autoritários e incompetentes, como o governo de São Paulo tem sido e agido ao longo de toda a gestão do PSDB.

Já na imagem seguinte, onde um professor é imobilizado por um soldado, é difícil compreender que o soldado só esteja cumprindo o seu dever. Mas é assim que é. Esse soldado não invadiria uma escola e agrediria um professor por desejo próprio, porque não gosta de professores. Ele provavelmente é um bom soldado e cumpre as ordens dos seus superiores. Mas o recado que a imagem passa é bastante claro: esse governo não gosta de professores, não gosta de soldados e, no limite, tem nojo da sociedade e ama o poder acima de todas as demais coisas, pessoas e instituições.
Absurdos são situações improváveis, aquelas que não esperaríamos ver, como essa imagem de alunos e professores queimando livros. Não que sejam livros importantes, pois são apenas os "caderninhos" onde o governo gastou milhões do meu e do seu dinheiro para "encinar" (sic o próprio caderninho) que existem vários Paraguais em locais improváveis do mapa e, para,além de alimentar a simpatia política de editoras que farão boas doações para o PSDB, passar a falsa impressão de que está se investindo na educação paulista. Os livros que o MEC envia às escolas são imensamente melhores e não custam um tostão a mais ao Estado de São Paulo, nem aos alunos.

Esses caderninhos, além de didaticamente ruins, são quase inúteis, porque pedagogicamente mal concebidos, e geralmente chegam às escolas apenas depois que o assunto já foi estudado em sala de aula, ou trazem propostas irreais que são abandonadas pelos professores. Os alunos os jogam fora (não acho que queimem) e muitos professores os ignoram porque dispõem de material melhor oferecido pelo MEC. Mas, mesmo assim, nada justifica que sejam queimados. Esse ato "simbólico", ainda que pretenda representar a "queima do governo" ou a "queima que o governo promove no nosso dinheiro" para fazer campanha para si mesmo, tem o lado infeliz demais de também representar o desperdício de algo que, embora mal concebido e mal desenvolvido, representa ainda assim um recurso à mais disponível para a escola.

Nessa "guerra de partidos", entremeio a sindicatos frouxos e governos desgovernados, o que tem restado para os filhos do povo de São Paulo são escolas falidas, entulhadas de pobres que têm aulas com professores pobres e são protegidos por uma polícia empobrecida, diferentemente dos filhos da burguesia formadora de opinião, dos políticos carreiristas e aventureiros e da elite que usufrui de ambos.

É nesse mundo de contradições, abandonado por sindicatos e governos, caluniado pela mídia chapa-branca e ignorado ostensivamente pela elite pensante que orbita o próprio umbigo, que uma imagem de um professor carregando um policial ferido ganha uma importância simbolica muito grande: ela é o retrato de uma sociedade que tem que aprender a carregar a si própria e deixar de ser carregada por sindicatos e governos incompetentes, que defendem a si próprios em nome daqueles que se degladiam por melhores condições de vida e trabalho.


Meus parabéns aos colegas professores e aos policiais que estiveram, ambos, cumprindo seus deveres.

Meus pêsames ao sindicato e ao governo.

sábado, 27 de março de 2010

Uma foto inesquecível.

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"Este professor que carrega o PM ferido é um
quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital".
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Uma foto
Leandro Fortes


Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra.

A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor.

Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital.

É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória.

Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.
Inesquecível, Serra, inesquecível!



- Recebi este texto e foto de Silvio B. Pinheiro.

Nédier

sexta-feira, 19 de março de 2010

Blog da reforma agrária já está no ar !


Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária

http://www.reformaagraria.blog.br/

Estreou nesta quinta-feira, dia18, o blog da rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais. Esta foi uma das decisões da reunião de montagem da rede, que ocorreu na semana passada na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e que teve a presença de cerca de 100 pessoas, entre jornalistas, radialistas, blogueiros, estudantes e radiodifusores comunitários.

Um dos objetivos editoriais do blog é monitorar dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada no final do ano passado por imposição da bancada ruralista que visa criminalizar os que lutam por terra no país. A nova página também servirá para divulgar experiências bem sucedidas de reforma agrária, de assentamentos rurais e de agricultura familiar, que a mídia privada omite. Ela terá sessões fixas, como o raio-x do latifúndio, impactos do agronegócio, quem apóia a reforma agrária, entre outras.

O blog pretende ser um ponto de referência para outros sítios, blogs e publicações que tratam deste tema. Ele é aberto à colaboração de todos os que entendem a urgência da reforma agrária e que não aceitam a criminalização da luta pela terra promovida pelos latifundiários do campo e da mídia. Para aderir à rede de comunicadores basta acessar a página e fazer o cadastro. Contribua com textos, fotos, vídeos. Os responsáveis pelo blog são os signatários do manifesto de criação da rede.

Altamiro Borges de Miro

Reproduzo o manifesto abaixo:

Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.

Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.

Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.

Trata-se de grave distorção.

Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.

No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...

A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados.Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.

Uma coisa é certa: a reforma agráriainteressa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.

A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.

Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.

Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.

Venha refletir com a gente:

- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?

- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?

- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agráriano Brasil?

É o convite que fazemos a você..

Assinam:

- Alcimir do Carmo.

- Altamiro Borges.

- Ana Facundes.

- André de Oliveira.

- André Freire.

- Antonio Biondi.

- Antonio Martins.

- Bia Barbosa.

- Breno Altman.

- Conceição Lemes.

- Cristina Charão.

- Cristovão Feil.

- Danilo Cerqueira César.

- Dênis de Moraes.

- Emiliano José.

- Emir Sader.

- Flávio Aguiar.

- Gilberto Maringoni.

- Giuseppe Cocco.

- Hamilton Octavio de Souza.

- Henrique Cortez.

- Igor Fuser.

- Jerry Alexandre de Oliveira.

- Joaquim Palhares.

- João Brant.

- João Franzin.

- Jonas Valente.

- Jorge Pereira Filho.

- José Arbex Jr.

- José Augusto Camargo.

- José Carlos Torves.

- José Reinaldo de Carvalho.

- José Roberto Mello.

- Ladislau Dowbor.

- Laurindo Lalo Leal Filho.

- Leonardo Sakamoto.

- Lilian Parise.

- Lúcia Rodrigues.

- Luiz Carlos Azenha.

- Márcia Nestardo.

- Marcia Quintanilha.

- Maria Luisa Franco Busse.

- Mario Augusto Jacobskind.

- Miriyám Hess.

- Nilza Iraci.

- Otávio Nagoya.

- Paulo Lima.

- Paulo Zocchi.

- Pedro Pomar.

- Rachel Moreno.

- Raul Pont.

- Renata Mielli.

- Renato Rovai.

- Rita Casaro.

- Rita Freire.

- Rodrigo Savazoni.

- Rodrigo Vianna.

- Rose Nogueira.

- Rubens Corvetto.

- Sandra Mariano.

- Sérgio Caldieri.

- Sérgio Gomes.

- Sérgio Murilo de Andrade.

- Soraya Misleh.

- Tatiana Merlino.

- Terezinha Vicente.- Vânia Alves.

- Venício A. de Lima.

- Verena Glass.

- Vito Giannotti.

- Wagner Nabuco.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Direitos Humanos: *Cuba, Israel e a dupla moral *

Lula é recebidos por funcionários do governo israelense em Jerusalém
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação
*Cuba, Israel e a dupla moral *
*Breno Altman*
Tem sido educativo acompanhar, nos últimos dias, a cobertura internacional dos meios de comunicação, além da atitude de determinadas lideranças e intelectuais.
Quem quiser conhecer o caráter e os interesses a que servem alguns atores da vida política e cultural, vale a pena prestar atenção ao noticiário recente sobre Cuba e Israel.
Na semana passada, em função de declarações do presidente Lula defendendo a autodeterminação da Justiça cubana, orquestrou-se vasta campanha de denúncias contra suposto desrespeito aos direitos humanos na ilha caribenha. Mas não há uma só matéria ou discurso relevante, nos veículos mais destacados, sobre como Israel, novo destino do presidente brasileiro, trata seus presos, suas minorias nacionais e seus vizinhos.
Vamos aos fatos.
No caso cubano, Orlando Zapata, um pretenso “dissidente” em greve de fome por melhores condições carcerárias, preso e condenado por delitos comuns, foi atendido em um hospital público por ordem do governo, mas não resistiu e veio a falecer. Não há acusação de tortura ou execução extralegal. No máximo, insinuações oposicionistas de que o atendimento teria sido tardio – ainda que se possa imaginar o escândalo que seria fabricado caso o prisioneiro tivesse sido alimentado à força.
Mesmo não havendo qualquer evidência de que a morte do dissidente, lamentada pelo próprio presidente Raúl Castro, tenha sido provocada por ação do Estado, os principais meios e agências noticiosas lançaram-se contra Cuba com a faca na boca. Logo a seguir o Parlamento Europeu e o governo norte-americano ameaçaram o país com novas sanções econômicas.
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*Indústria do martírio*
Outro oposicionista, Guilherme Fariñas, com biografia na qual se combinam muitos atos criminosos e alguma militância anti comunista, aproveitou o momento de comoção para também declarar-se em jejum.
Apareceu esquálido em fotos que rodaram o mundo, protestando contra a situação nos presídios cubanos e reivindicando a libertação de eventuais presos políticos. Rapidamente se transformou em figura de proa da indústria do martírio mobilizada pelos inimigos da revolução cubana a cada tanto.
O governo ofereceu-lhe licença para emigrar a Espanha e lá se recuperar, mas Fariñas, que não está preso e faz sua greve de fome em casa, recusou a oferta. Seus apoiadores, cientes de que a constituição cubana determina plena liberdade individual para se fazer ou não determinado tratamento médico, o incentivam para avançar em sacrifício, pois não será atendido pela força até que seu colapso torne imperativa a internação hospitalar. Aliás, para os propósitos oposicionistas, de que grande coisa lhes valeria Fariñas vivo?
O presidente Lula tornou público, a seu modo, desacordo com a chantagem movida contra o governo cubano. Talvez fosse outra sua atitude, mesmo que discreta, se houvesse evidência de que a situação de Zapata ou Fariñas tivesse sido provocada por ato desumano ou arbitrário de autoridades governamentais. Para ir ao mérito do problema, comparou a atitude dos dissidentes com rebelião hipotética de bandidos comuns brasileiros. Afinal, ninguém pode ser considerado inocente ou injustiçado porque assim se declara ou resolva se afirmar vítima através de gestos dramáticos.
*O silêncio da mídia*
Sem provas bastante concretas que um governo constitucional feriu leis internacionais, é razoável que o presidente de outro país oriente seus movimentos pela autodeterminação das nações na gestão de seus assuntos internos. O presidente brasileiro agiu com essa mesma cautela em relação a Israel, país ao qual chegou no último dia 14, apesar da abundância de provas que comprometem os sionistas com violação de direitos humanos.
Mas as palavras de Lula em relação a Cuba e seu silêncio sobre o governo israelense foram tratados de forma bastante diversa. No primeiro caso, os apóstolos da democracia ocidental não perdoaram recusa do mandatário brasileiro em se juntar à ofensiva contra Havana e em legitimar o uso dos direitos humanos como arma contra um país soberano. No segundo, aceitaram obsequiosamente o silêncio presidencial.
A bem da verdade, não foram apenas articulistas e políticos de direita que tiveram esse comportamento dúplice. Do mesmo modo agiram alguns parlamentares e blogueiros tidos como progressistas, porém temerosos de enfrentar o poderoso monopólio da mídia e ávidos por pagar o pedágio da demagogia no caminho para o sucesso, ainda que ao custo de abandonar qualquer pensamento crítico sobre os fatos em questão.
Um observador isento facilmente se daria conta que, ao contrário dos eventos em Cuba, nos quais o desfecho fatal foi produto de decisões individuais das próprias vítimas, os pertinentes a Israel correspondem a uma política deliberada por suas instituições dirigentes.
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*Sionismo e direitos humanos*
A nação sionista é um dos países com maior número de presos políticos no mundo, cerca de onze mil detentos, incluindo crianças, a maioria sem julgamento. Mais de 800 mil palestinos foram aprisionados desde 1948. Aproximadamente 25% dos palestinos que permaneceram em territórios ocupados pelo exército israelense foram aprisionados em algum momento. As detenções atingiram também autoridades palestinas: 39 deputados e nove ministros foram seqüestrados desde junho de 2006.
Naquele país a tortura foi legitimada por uma decisão da Corte Suprema, que autorizou a utilização de “táticas dolorosas para interrogatório de presos sob custódia do governo”. Nada parecido é sequer insinuado contra Cuba, mesmo por organizações que não guardam a mínima simpatia por seu regime político.
Mas o desrespeito aos direitos humanos não se limita ao tema carcerário, que é apenas parte da política de agressão contra o povo palestino. A resolução 181 das Nações Unidas, que criou o Estado de Israel em 1947, previa que a nova nação deteria 56% dos territórios da colonização inglesa na margem ocidental do rio Jordão, enquanto os demais 44% ficariam para a construção de um Estado do povo palestino, que antes da decisão ocupava 98% da área partilhada. O regime sionista, violador contumaz das leis e acordos internacionais, hoje controla mais de 78% do antigo mandato britânico, excluída a porção ocupada pela Jordânia.
Mais de 750 mil palestinos foram expulsos de seu país desde então.
Israel demoliu número superior a 20 mil casas de cidadãos não-judeus apenas entre 1967 e 2009. Construiu, a partir de 2004, um muro com 700 q uilômetros de extensão, que isolou 160 mil famílias palestinas, colocando as mãos em 85% dos recursos hídricos das áreas que compõem a atual Autoridade Palestina.
Pelo menos seiscentos postos de verificação foram impostos pelo exército israelense dentro das cidades palestinas. Leis aprovadas pelo parlamento sionista impedem a reunificação de famílias que habitem diferentes municípios, além de estimular a criação de colônias judaicas além das fronteiras internacionalmente reconhecidas.
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*Dupla moral*
São, essas, algumas das características que conformam o sistema sionista de apartheid, no qual os direitos de soberania do povo palestino estão circunscritos a verdadeiros bantustões, como na velha e racista África do Sul. O corolário desse cenário é uma escalada repressiva cada vez mais brutal, patrocinada como política de Estado.
Mas os principais meios de comunicação, sobre esses fatos, se calam. Também mudos ficam os líderes políticos conservadores. Nada se ouve tampouco de alguns personagens presumidamente progressistas, sempre tão céleres quando se trata de apontar o dedo acusador contra a revolução cubana.
Talvez porque direitos humanos, a essa gente de dupla moral, só provoquem indignação quando seu suposto desrespeito se volta contra vozes da civilização judaico-cristã, da democracia liberal, do livre mercado, do anticomunismo. Não foi sem razão que o presidente Lula reagiu vigorosamente contra o cinismo dos ataques ao governo de Havana.
Breno Altman é jornalista e diretor editorial do sítio Opera Mundi

quinta-feira, 11 de março de 2010

Maria Eva Duarte

Maria Eva Duarte

María Eva Duarte de Perón, conhecida como Evita, (província de Buenos Aires, 7 de maio de 1919 - Buenos Aires, 26 de julho de 1952) foi uma atriz e líder política argentina . Tornou-se primeira-dama da Argentina quando o general Juan Domingo Perón foi eleito presidente.
Ler Biografia:
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eva_peron

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Eva Perón foi uma personagem mítica na minha infância.
Eu folheava as páginas da revista “O Cruzeiro” até encontrar fotos daquela mulher deslumbrante. Seus penteados, seus chapéus, seus magníficos casacos de vison representavam para mim a figura de uma mulher poderosa. Uma rainha. Dos descamisados. Eu desconhecia o sentido desta palavra.

Seu carisma emudecia as praças. Quando ela falava o povo mal respirava.
Eu nada sabia sobre política, nem sabia onde era a Argentina e nem quem era Perón.

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Estive em fevereiro, junto com a minha família, em um cruzeiro.

Ia de Santos à Buenos Aires.

Odeio cruzeiros. Odeio aquela cafonice dourada e a multidão em minha volta ( 3.800 pessoas). Eu me perco em Matinhos, imaginem naquele monstrengo de 16 andares, com cassino, bares, boates, shopping e tudo o que o capitalismo oferece.

Meus netos adoraram. Tinham 2 parques aquáticos, salas de jogo, atelier de arte (o Pedro aprendeu a lidar com argila e criou imagens surpreendentes para sua idade).

Os corredores eram muito longos e normalmente eu ia do lado contrário de minha cabine. Andava quilômetros e muitas vezes não encontrava nenhum dos meus. E estávamos em 13 pessoas.

Paramos em Punta del Este e, apesar da chuva, a cidade me deixou encantada. Os uruguaios são gentis, educados e simples, não tem nada da arrogância argentina.

Mal conheci Montevidéu.

Ficamos dois dias em Buenos Aires. Assitimos um lindo show de tango pra turista ver, fizemos passeios e compras. Poucas - tudo estava muito caro, ao contrário do que esperávamos...

Dentro de mim, a menininha Nédier quis conhecer o jazigo de Eva Perón situado em La Ricoleta.
Lá foi minha nora Cláudia para me ajudar acha-lo e tirar fotos (não fosse ela eu estaria procurando até hoje).
Não existe uma referência ao nome de Perón na tumba da família Duarte onde Maria Eva Duarte está enterrada.

Hoje vendo as fotos fiquei surpresa. Eu estava trajando um vestido azul estampado,
sem mangas e segurava uma sacola, como na foto abaixo, quando eu estava quase na entrada do cemitério


Porém, na foto seguinte, por algum efeito de luz, ou de um reflexo, pareço um fantasma abraçando meu neto Pedro. Como se eu vestisse um manto branco sobre a roupa. Não me reconheci, apesar do inseparável chapéu que uso.


Eu e meus netos em frente ao Jazigo da Família Duarte.

Existem explicações técnicas sobre os efeitos da foto, mas achei uma grande coincidência surgir aquele manto branco, como se a criança que amava Eva Perón se cobrisse para reverenciá-la.

Homenagens do povo à Maria Eva Duarte - Evita - no jazigo da família Duarte.

Nédier

terça-feira, 9 de março de 2010

Maria Helena Bandeira

As muitas faces de Maria Helena Bandeira

Imagem: Maria Helena Bandeira
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TE PROCUREI
“Há dois mil anos te mandei meu grito...”
(Castro Alves)

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Chovemos

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E ainda estamos aqui, parados, esperando a hora.
E por todos os séculos choramos e acreditamos e nem assim você apareceu. e
pensamos que haveria uma chegada com
trombetas, mas só veio o silêncio imprevisto da noite eterna. E
pensamos que estrelas brilhariam, mas nossos olhos
contemplaram o vazio negro da ausência.
E esperamos um sol de verdades ofuscantes, mas só houve o brilho de nossas
próprias lanternas cegas.
E conhecemos que estávamos sós, no barro, na lama, no pó de
onde viéramos.E apenas a chuva nos molhando enquanto aqui, como estátuas
e pedra, esperamos
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E de olhos fechados, chovemos.
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Maria Helena Bandeira

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Meus amigos,

É difícil escrever sobre a Maria Helena Bandeira, a quem chamo carinhosamente de Mhel. Artista plástica, escritora, poeta.

Filha da linda Helena, mãe da Biba e amiga como poucas pessoas que conheço...

"e além do mais ela é carioca".

Maria Helena Bandeira possui muitos talentos. Eles devem encher de orgulho seu tio Manuel, onde ele estiver, desde que nos deixou há mais de 40 anos, embora sua " memória permaneça intacta, solta no ar".


Ela criou alguns personagens que se tornaram tão vivos para mim que quase chego a conversar com eles. Eu amo o Alfredo, eu faço parte de uma banda decadente de blues...


Além do belíssimo "Ovo Azul Turquesa", (só entrando nele para confirmar o bom e o belo) ela participa de outros blogs apaixonantes:


Maria Helena Bandeira

http://www.mhelbandeira.kit.net/

Anjo de Prata

http://www.anjosdeprata.com.br/autores/b/barbara_helena/biobarbarahel.htm


7 Erros

http://7erros.blogspot.com/

Poema Dia

http://poemadia.blogspot.com/

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Um abraço,


Nédier

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher - origem e conquistas

MULHER

Não quero um dia. Só me contento com todos.

Rosane Coelho

http://www.rosanecoelho.prosaeverso.net/



Queridas amigas e queridos amigos,
Em razão da importância do dia de hoje, 8 de março, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher, quero cumprimentar a nós todas pelas conquistas que obtivemos desde o fatídico 8 de março de 1857 quando cerca de 130 mulheres foram assassinadas por enfrentar a injustiça social.
Não podemos esquecer de todos os homens que nos ajudaram e ajudam nesta luta contra a exploração das mulheres que, infelizmente, continua.
A Constituição Federal de 1988 "garante" a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas ela ainda não aconteceu. As estatísticas comprovam.
Continuaremos unidas lutando pelos nossos direitos...
"Hasta la victoria...siempre"
Um abraço,
Nédier


Origem:
"O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher
Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.
Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan “Pão e Rosas”, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher”.

domingo, 7 de março de 2010

Rio Tibagi

Senhor Governador,
Tendo conhecimento dos projetos de construção de hidrelétricas no Rio Tibagi, vimos através desta exigir que o Governo do Paraná salvaguarde nossos direitos quanto ao equilíbrio ambiental, ao uso racional e democrático da água e cumpra com seu compromisso assumido no início deste governo, frete aos movimentos populares, quando declarou que em seu governo não autorizaria a construção de hidrelétricas no Paraná.

Pedimos deste governo sensibilidade para o grito e a mobilização de entidades e comunidades que pedem o cancelamento dos projetos em benefício da biodiversidade, da qualidade da água e da vida das comunidades ribeirinhas, considerando:
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- Que os estudos de impacto ambiental para projetos hidrelétricos no rio Tibagi são falhos, omissos e impróprios para a avaliação dos impactos sociais e ambientais daqueles projetos, como apontam os pesquisadores das Universidades Estaduais do Paraná;

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- Que a execução dos projetos e a licença prévia já emitida pelo IAP atentam contra os direitos mais fundamentais de cada cidadão da Bacia do Rio Tibagi e contra algumas leis ambientais Municipais, Estaduais e Federais;

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- Que ao permitir que o licenciamento para a construção de hidrelétricas no rio Tibagi, o Governo do Estado do Paraná atenta contra suas posturas ambientais divulgadas nos meios de comunicação;

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- Que a evidente pré-disposição política no apoio aqueles projeto atende ao interesse exclusivo do setor elétrico, ferindo a imagem de seriedade da própria Companhia Paranaense de Energia – COPEL, que se habilitou ao leilão do projeto UH Mauá em dezembro de 2005;
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- Que os Conselhos de Recursos Hídricos do Paraná, Conselho Estadual de Meio Ambiente e Comitê de Bacia do Rio Tibagi, fóruns de participação popular reconhecidos pela legislação vigente, estão sendo atropelados nessa discussão, alijando a sociedade de seus meios de participação mais elementares;
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Por essas irregularidades e ilegalidades apresentamos nosso protesto e aguardamos providências que protejam o interesse público e o uso múltiplo das águas da Bacia do Tibagi, conforme preconizam as leis de nosso País e em consonância com os princípios sustentados pela Frente de Proteção do Rio Tibagi – FPRT.
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CPT/PR
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Concorda e assina:
Nédier Brusamolin Muller
RG.: 354.508-3
CPT PARANÁ REALIZA CELEBRAÇÃO DAS ÁGUAS

Venha celebrar conosco em defesa do rio Tibagi
A água é patrimônio de Deus e da humanidade que não pode ser transformada em mercadoria, nem em objeto de lucro. Devemos preservá-la. A Campanha da Fraternidade deste ano nos alerta: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6, 24).
Deste modo, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Paraná lança um grito em defesa dos rios e das águas, para que não sejam instrumentalizados em favor de uma economia que não se preocupa com a preservação da vida e da natureza.
É neste contexto que a equipe da CPT de Londrina convida você, sua organização, pastoral e movimento para a Celebração das Águas que será realizada no próximo dia 14 de março, a partir das 8h30, no município de Jataizinho, região norte do Paraná.

Mais informações com a equipe da CPT Londrina pelos telefones: (43) 3347-1175 ou (43) 9994-9968.

Dia Internacional da Mulher - Manifesto das mulheres gauchas, do campo e da cidade.

foto: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/03/413759.shtml

Mulheres da Via Campesina ocupam Ministério da Agricultura

foto Dida Sampaio/AE





O manifesto das gaúchas



Mulheres do campo e da cidade unidas na luta contra o agronegócio e pela soberania alimentar



Neste mês em que se comemoram os 100 anos do 8 de março como dia internacional de luta das mulheres, nós trabalhadoras do campo e da cidade do Rio Grande do Sul estamos novamente nas ruas. Este ano nossa mobilização tem como principal objetivo denunciar para a sociedade que a maior parte da comida que chega a mesa da população brasileira não é alimento, é veneno.


O Brasil é campeão mundial do uso de agrotóxicos, que são venenos muito perigosos usados na agricultura que provocam muitas doenças para produtoras/es e consumidoras/es e grandes impactos ambientais. Além disso, a maior parte dos produtos industriais que comemos é fabricada com soja transgênica que também causa muito mal à nossa saúde.


E quem come esta comida envenenada? Somos nós, pobres. São as mulheres e homens trabalhadores que recebem baixos salários ou estão desempregados e escolhem os alimentos pelo preço não pela qualidade. São as pessoas sem terra, sem teto, que se alimentam graças às cestas básicas. Os ricos têm opção de comer produtos orgânicos, cultivados sem venenos.


Os agrotóxicos e os transgênicos não servem para matar a fome do povo, e sim para matar a fome de lucro das empresas do agronegócio, a maioria delas multinacionais. Esses produtos envenenam as terras, as águas e principalmente as pessoas.


Leite materno só é fonte de vida quando as mães comem alimentos saudáveis


Nesta mobilização estamos amamentando esqueletos para denunciar a população em geral, e principalmente às mulheres, que quando comemos comida envenenada e damos o peito aos nossos filhos ao invés de alimentarmos a vida transmitimos a morte. As doenças causadas por agrotóxicos são transmitidas de geração para geração, e um dos modos de transmissão é através do leite materno. No entanto, o mesmo governo que faz campanhas para incentivar as mulheres a amamentar, financia o agronegócio que produz a comida envenenada para o povo pobre, contaminando o leite da maioria das mães brasileiras.


A gente não quer só comida


Nós mulheres que passamos boa parte de nossas vidas envolvidas no cultivo e/ou no preparo da comida para garantir saúde à nossa família estamos nas ruas para gritar em alto e bom som que gente não quer só comida, a gente quer alimento saudável, a gente quer soberania alimentar!Para o agronegócio o lucro está acima da vida. O agronegócio faz mal a saúde do povo e do meio ambiente! E os governos estadual e federal que financiam o agronegócio estão usando o dinheiro público para bancar o envenenamento da população pobre, a contaminação de nossas terras e águas.


Estamos em luta contra Contra o agronegócio, um modelo de produção agrícola que se sustenta na superexploração do trabalho das pessoas, na contaminação dos alimentos, na destruição de nossas riquezas naturais. Lutamos contra o uso de recursos públicos para financiar a contaminação do povo e do meio ambiente; Estamos em luta contra todas as formas de violência contra mulheres, incluindo a imposição de um padrão alimentar que não respeita os costumes alimentares e causa muitos males à saúde.


Estamos em luta por
Soberania Alimentar - com reforma agrária, com geração de emprego e vida digna para as populações camponesas, com agricultura ecológica que respeita a diversidade de biomas e de hábitos alimentares. Os governos se dizem preocupados com a segurança alimentar, querem que as pessoas tenham várias refeições por dia. Mas tão importante quanto a quantidade da comida é a qualidade do que comemos. Por isso não basta segurança alimentar, precisamos construir a Soberania Alimentar.


Mulheres da Via Campesina, do MTD, da Intersindical e do coletivo de mulheres da UFRGS.


Porto Alegre, março de 2010



sábado, 6 de março de 2010

NA LUTA COMEMORAMOS OS 100 ANOS DO 8 DE MARÇO

Clara Zetkin




Há 100 anos, Clara Zetkin, dirigente do Partido Social Democrata Alemão,viu aprovada sua proposta de instaurar o 8 de março como Dia Internacionaldas Mulheres.
Essa referência histórica, por si só, já seria suficiente para demarcar a data com seu sentido principal: a luta. Foi nesse caminho que as mulheres foram para as ruas em todas as partes do mundo, inúmeras vezes: pelo direito ao voto, a salários iguais, para denunciar a violência cotidiana a que são submetidas, desde a humilhação doméstica à mais brutal violência física.
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Em um país com uma das piores desigualdades sociais do mundo, com concentração de terra, renda e poder não mãos de uma elite, marcado profundamente pelo latifúndio e pela exploração imperialista, os impactos recaem fortemente sobre as mulheres. De acordo com uma pesquisa daUFRJ, 80% do total de pessoas sem acesso à renda no Brasil são mulheres.E são elas majoritariamente que são submetidas a jornadas duplas ou triplas de trabalho, encarado muitas vezes como "ajuda" e sem remuneração.
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No campo, essa realidade fica ainda mais marcante. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), somente 1% das propriedades rurais do mundo estão em nome de mulheres. E na Reforma Agrária também o índice é baixo: menos de 15% das terras são registradas em nome de mulheres. Cerca de 6,5 milhões de agricultoras são analfabetas. O modelo de produção priorizado pelo Estado brasileiro -revelado com detalhes pelo último Censo Agropecuário - faz com queexistam 15 milhões de sem-terra no país. Destes, no mínimo, 50% sãomulheres. Por trás do grande número de pessoas sem acesso à terra, um dado do Censo expressa a contradição: apenas 1% dos proprietários deterras no Brasil detém 46% do território agricultável.
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O agronegócio - que recebe a maior parte dos investimentos públicos para a produção - acumula mais um vergonhoso título para o Brasil. Depois de ser o principal consumidor de agrotóxicos, é agora o segundo país do mundo em área cultivada de transgênicos. Enquanto os países desenvolvidos seguem o caminho inverso, preocupando-se com a qualidade da alimentação, nossa população precisa se envenenar para garantir os lucros das transnacionais. Isso porque tentaram convencer o mundo que os transgênicos acabariam com a necessidade de pesticidas. Então como entender essa imensa quantidade de venenos para manter a produção transgênica? O Censo demonstrou que quase 80% dos proprietários rurais usam agrotóxico, muito mais do que o necessário. O imenso volume de herbicidas aplicados no Brasil contamina os solos, os mananciais e até mesmo o aqüífero Guarani. A contaminação chega até nós pela água que bebemos e pelos produtos agrícolas irrigados com a água contaminada.
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Não faltam dados que comprovam os malefícios sobre a saúde humana dos agrotóxicos e dos transgênicos, muitas vezes sobre a mulher, como a contaminação do leite materno e impactos na fertilidade. Mas nada disso é motivo para o perverso modelo do agronegócio deixar de seguir seu rumo.
E por isso as mulheres camponesas se mobilizam, enfrentam a opressão e a exploração. Não aceitamos o silêncio. Todos os anos, assumimos a responsabilidade histórica legada pelas socialistas. Neste ano, nos organizamos na Jornada de Luta contra o Agronegócio e contra a Violência:por Reforma Agrária e Soberania Alimentar. Vamos para as ruas em todo o país colocar para a sociedade nosso projeto, nossa alternativa pela saúde, pela autonomia, pela igualdade, pelo fim da exploração. Nos somamos com as mulheres das cidades, que também travam há décadas lutas fundamentais para toda a sociedade brasileira. Sabemos que é este o único caminho possível para conquistar nossos direitos.

MST Informa Ano VIII - nº 180 sexta-feira, 05/03/2010

“a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o algoz, nunca o oprimido.”