segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Meu aniversário e Clarice Lispector.

“Não me entendo e ajo como se me entendesse.”

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Hoje, 23 de novembro, é dia do meu aniversário.
O primeiro presente que recebi foi uma poesia da Clarice Lispector, que a Didi
(Maria Nadir Miranda de Carvalho, arquiteta - comadre, amiga de sempre e do coração) leu para mim no telefone. Fiquei tão emocionada que resolvi dividir o presente com vocês.



MEU DEUS
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Meu Deus, me dê a coragem de viver
trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a tua amante humilde
entrelaçada a ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de te amar;
Sem odiar as tuas ofensas
à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão
me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem
de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
Meu pecado de pensar.
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Clarice Lispector

Quebra-cabeça é uma montagem feita com atenção, carinho e muita paciência. Quando conseguimos completá-la temos a sensação de termos vencido um obstáculo. Assim deve ser a vida - um quebra-cabeça que montamos, dia a dia, ano a ano. Completá-lo deve significar o fim da missão que a Vida nos deu. Nesta montagem que fiz com uma foto minha, estou me aplaudindo e me dando parabéns por ter conseguido, com dificuldades, encaixar algumas peças neste ano que passou.
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Este dia luminoso e fresco, este céu azul-bebê, este mar calmo são também presentes para mim que sobrevivi a este ano que hoje encerra. Muito obrigada, Vida!
Inspirada na Didi eu vou colocar uma poesia da Clarice que me explica um pouco.

Nédier

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A lucidez perigosa

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Estou sentindo uma clareza tão grande

que me anula como pessoa atual e comum:

é uma lucidez vazia, como explicar?

assim como um cálculo matemático perfeito

do qual, no entanto, não se precise.

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Estou por assim dizer

vendo claramente o vazio.

E nem entendo aquilo que entendo:

pois estou infinitamente maior que eu mesma,

e não me alcanço.

Além do que:

que faço dessa lucidez?

Sei também que esta minha lucidez

pode-se tornar o inferno humano

- já me aconteceu antes.

..

Pois sei que

- em termos de nossa diária

e permanente acomodação

resignada à irrealidade -

essa clareza de realidade

é um risco.

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Apagai, pois, minha flama,

Deus,porque ela não me serve

para viver os dias.

Ajudai-me a de novo consistir

dos modos possíveis.

Eu consisto,

eu consisto,

amém.
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.PS.: Meu marido e meus filhos já telefonaram me dando parabéns, cada um com seu estilo, mas todos disseram que me amavam muito. Não preciso mais que isso para viver.

Neste instante, a Edna, que me lembra a madrinha de Cinderela, e é a caseira do prédio onde moro, entrou aqui onde escrevo, me deu parabéns e uma xícara de café quente

- Não é uma delícia!!

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Apesar de ser o meu aniversário...rs...esta postagem é em homenagem à Maria Nadir Miranda de Carvalho.

domingo, 22 de novembro de 2009

Felisburgo - finalmente a fazenda do latifundiário assassino foi desapropriada. Veja o vídeo documentário sobre o massacre

Vítimas do massacre





Latifundiário preso temporariamente após o massacre
FELISBURGO

Em 20 de novembro de 2004, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy e seus jagunços invadiram o acampamento Terra Prometida, no município mineiro de Felisburgo, assassinaram cinco trabalhadores rurais Sem Terra e deixaram mais de 20 gravemente feridos.
O Massacre de Felisburgo, que completa cinco anos, é considerado um retrato da atualidade da violência no campo, da impunidade da Justiça e da paralisação da Reforma Agrária.
Para lembrar esta data e reafirmar nosso compromisso na luta o MST/MG e os Setores de Comunicação, Cultura e Direitos humanos do MST apresentam o vídeo documentário FELISBURGO.Para ver, acessar o link:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
ou na Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=VWswErztBcE


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Agenda Latinoamericana 2010 será lançada na VI Jornada Científica



Comissão Pastoral da Terra - Regional Paraná
Assessoria de Comunicação
AGENDA LATINOAMERICANA 2010 SERÁ LANÇADA NA VI JORNADA CIENTÍFICA
O Núcleo de Estudos em Educação e Relações Étnicas (NEERE) da PUCPR promoverá no dia 19 de novembro, a VI Jornada científica e artístico-cultural de educação e relações étnicas.
A jornada está ligada à Semana da Consciência Negra, celebrada nacionalmente em memória do líder negro Zumbi dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, data escolhida como Dia Nacional da Consciência Negra.

Com essa atividade, o NEERE pretende despertar a atenção da comunidade acadêmica para a temática das relações étnicas, que se apresenta com um desafio para a educação, principalmente no que diz respeito ao cumprimento da lei 10639/03 que criou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

O tema escolhido para esse ano é Conflitos raciais e o desafio da igualdade e contaremos com a presença de Frei João Xerri, fundador do Grupo Solidário São Domingos, responsável pelo estreitamento dos vínculos entre o Brasil e os companheiros de Nelson Mandela na África do Sul.
Em 1985, Frei João publicou o livro Cartas da África do Sul, fazendo ecoar as vozes dos combatentes contra o apartheid, em especial a de Steve Biko, martirizado pelos brancos racistas, e a do reverendo Michael Lapsley, da Igreja anglicana, que teve os braços arrancados e um olho perfurado ao abrir uma carta-bomba remetida por terroristas favoráveis ao apartheid.

Na ocasião será lançada a Agenda Latino-americana 2010, um dos livros mais divulgados dentro e fora do continente, organizado no Brasil sob responsabilidade de Frei João Xerri.
O trabalho conta com a participação de nomes como José Saramago, Leonardo Boff, Frei Betto entre muitos outros.

INFORMAÇÕES 3271-1375

sábado, 14 de novembro de 2009

JORNADA DE TRABALHO DE 40 HORAS JÁ!

Na construção de um açude para a retenção das águas da chuva durante a grande seca de 1982-3, no sertão do Ceará, os trabalhadores pobres recebiam como remuneração a alimentação necessária à subsistência. Ceará, 1983.
Foto Sebastião Salgado
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Jornada de Trabalho de 40 horas já!!
Transformar as estruturas desiguais e injustas da nossa sociedade sempre foi um dos objetivos do Movimento Sem Terra, para construir um país soberano e conquistar vida digna para os trabalhadores e trabalhadoras. Assim, dedicamos nossas energias para realizar uma efetiva Reforma Agrária, capaz de democratizar o acesso à terra e produzir alimentos. Mas também, ao longo dos nossos 25 anos, nos somamos nas bandeiras de luta que defendem a garantia e ampliação de direitos dos trabalhadores. Por isso, consideramos fundamental a participação na campanha pela redução da jornada de trabalho para 40 horas, sem redução de salários.

Da mesma forma como a Reforma Agrária, a redução da jornada é uma reivindicação histórica e uma medida capaz de estimular rapidamente o desenvolvimento econômico. Mais de 2,2 milhões de novos postos de trabalho poderiam ser criados. Com o fim ou limitação das horas-extras, outras 1,2 milhões de novas vagas surgiriam. Ou seja, pelo menos 3,4 milhões de pessoas poderiam exercer seu direito ao trabalho.

Nosso país possui uma das maiores distâncias entre ricos e pobres do mundo. O Brasil está entre as 10 maiores economias, no entanto, estamos apenas em 75º em qualidade de vida (segundo o IDH). E pior ainda, somos a sétima pior sociedade de todo planeta em desigualdade social. A redução da jornada, o aumento do salário mínimo e do pagamento das horas extras são medidas fundamentais para reduzir esta desigualdade.

Mas tão importante quanto os novos postos de trabalho são os avanços sociais fundamentais para a libertação da exploração. Pois assim os trabalhadores teriam mais tempo para a família, para estudar, para tempo livre e para cultura. O trabalho deve ser uma forma de produzir riquezas, para que as pessoas possam viver melhor, e não fonte de exploração e opressão.

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que a redução da jornada significaria um aumento de apenas 1,99% dos custos de produção. Mesmo assim, os empresários estão articulados com os partidos de direita, e fazendo de tudo para impedir sua votação. Por isso, nos somamos aos mais de 40 mil trabalhadores, de diversas centrais sindicais e movimentos sociais, que participaram da 6ª Marcha da Classe Trabalhadora, realizada na quarta-feira (11), na Esplanada dos Ministérios.

Nesta marcha, defendemos também a defesa da destinação dos recursos do pré-sal para a saúde, educação e combate à pobreza; a cobrança da atualização dos índices de produtividade e a realização da Reforma Agrária; e contra a criminalização dos movimentos sociais, pela mídia, por setores conservadores do poder judiciário e pelos parlamentares ruralistas.

Esperamos que a marcha acelere o processo de votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 231/95) que tramita há 14 anos no Congresso Nacional e prevê a redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas, sem diminuição de salários, e o aumento do valor das horas extras em dias úteis de 50% para 75%. A proposta já foi aprovada por uma comissão especial da Câmara, mas precisa ser votada e aprovada no plenário da Câmara e do Senado.

Certamente essa luta terá que ganhar ainda mais as ruas. Temos que aumentar a pressão sobre os parlamentares, realizar passeatas, manifestações e greves em todos os estados, para conseguir tirar da gaveta esse importante projeto social.

Acreditamos que a redução da jornada de trabalho é uma medida fundamental dentro de um projeto popular, que possa garantir uma vida digna à população brasileira.

Secretaria Nacional do MST

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PF não acha corpos de indígenas que teriam sido assassinados


O dono da Fazenda São Luiz é Firmino Escobar, produtor rural de Amambaí.

A PF (Polícia Federal) informou há pouco que não foram encontrados em Paranhos os corpos dos professores indígenas, da etnia guarani, Olindo Verá e Genivaldo Verá.
Eles estão desaparecidos desde sábado (31 de outubro). Ao contrário do que o Midiamax noticiou, ainda há esperança deles serem encontrados com vida.
Segundo o cacique Irineu Verá, a primeira informação era de que um agente de saúde tinha achado os corpos. Para o chefe indígena, jagunços de uma fazenda disputada pelos guarani teriam matado os dois índios. No entanto, os policiais federais junto com representantes da Funai foram até o local e nada encontraram.
A notícia acalma os familiares dos professores que cursam licenciatura indígena na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Eles estão desaparecidos há quatro dias.
A área onde disseram que estavam os corpos fica distante 7 quilômetros da aldeia Pirajuí.
Casados e pais de família, eles sumiram após confronto com seguranças particulares na retomada da Fazenda São Luiz, que fica ao lado da Fazenda Triunfo, situada a 50 quilômetros da aldeia Pirajuí, que fica distante a 30 quilômetros da área urbana. Paranhos está distante a 470 quilômetros da Capital.
Confronto
Eram 18 índios contra seguranças particulares armados. Feridos vítimas de tiros de balas de borracha, os índios que conseguiram fugir, não souberam precisar o número de homens que os expulsaram da área, segundo informou o cacique Irineu Verá.
Há três dias a PF (Polícia Federal), de Naviraí, está no local e nesta manhã, os agentes acompanhados por índios, seguiram para a área, onde procuravam os professores na mata. Um comerciante da cidade de Paranhos cujo primeiro nome é ‘Toninho’ prestou depoimento à PF ontem à tarde no posto da Polícia Militar, usado como apoio nas investigações.
Chegou a ser ventilada a prisão do comerciante, mas segundo a PM, a PF trabalha de forma sigilosa e por ora não houve pessoas presas.
A Polícia Militar de Paranhos faz parte da área de atuação de Amambai. Segundo a corporação, os PMs não se envolvem em questões federais e por conta disso não foram imediatamento ao local logo que os professores desapareceram.
Os indígenas não registraram queixa de sumiço na Polícia da área. O motivo seria a falta de confiança. A rivalidade na fronteira por conta da disputa fundiária torna a situação tensa.
Esperança
“Já perdemos as esperanças. Pensei muita coisa desde o sábado, pensei que eles foram amarrados na mata pelos pistoleiros. A gente procura e não acha”, disse o cacique.
No dia do sumiço, a polícia da região não foi até a área. Somente após a imprensa divulgar a situação é que a PF foi acionada. Os agentes chegaram ao local ontem e foram direto para a fazenda, onde ouviram os moradores e deram início às investigações.
A área é uma das que estão em disputa na Justiça no processo de demarcação na fronteira do Brasil com o Paraguai. Somente estudos antropológicos poderão estipular o tamanho da área e se em Paranhos ela seria ou não de origem é guarani. São 4,5 mil índios que moram em cinco aldeias da região.

Clarice Lispector - Lênia Luz

"Acho que sábado é a rosa da semana."
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Clarice Lispector
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Esta frase e imagem belíssimas recebi de minha amiga Lênia que sempre nos presenteia com beleza e poesia,
Obrigada minha Fada Sininho.
Nédier

Indagação da Primavera - um presente emocionante - Obrigada, Rosane



INDAGAÇÃO DE PRIMAVERA
(para a amiga Nédier)

Se eu f(l)or, você me (a)colhe?


Rosane Coelho

http://www.rosanecoelho.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=1918338

Insônia


O relógio feito um conta-gotas pinga os segundos no ar em um mono tom que vai se acumulando em minha insônia como a areia fina de uma ampulheta.
- Por que será que criaram medidas para o tempo se ele é imensurável?
Olho o relógio pendurado na parede, é bonitinho. Foi feito sobre um azulejo valenciano azul e branco...
- Mas por que o pendurei em frente à minha cama??

Meus olhos ardem e ardem muito. Sem chance de que um livro, o computador ou a TV possam me amparar nesta noite que pressinto vai ser longa.
O som das ondas que terminam na areia em franjas de espuma não me tranqüiliza como deveria. É que ele faz parte de minha vida como o ar que respiro.

Apesar do banho morno, da cama macia, da roupa confortável e até de um comprimido de Rivotril meu corpo não relaxa e as pálpebras não descem sobre meus olhos doloridos.
Resolvo pingar umas gotas de colírio umectante. Pingo. O ardor aumenta e minha visão fica embaçada. Pego uma lupa da cabeceira da cama e constato que mais uma vez troquei os frascos e pinguei gotas para cólicas nos meus pobres olhos. Corro lavá-los com soro fisiológico, lavo até não mais poder e o sono vai de vez.
Volto a enxergar e vejo que uma pequena claridade filtrada pela persiana desenha listras em meus lençóis.
Com grande alívio percebo que amanhece.Vou até a varanda conferir e lá estava o novo dia surgindo do mar em luzes e em cores. Uma beleza de tirar o fôlego.
Era este o espetáculo único e majestoso que a Vida queria me dar de presente.
- Como agradecer?
A minha Nikon estava sobre a mesa da sala e eu registrei este indescritível final feliz para minha noite de insônia.

Nédier

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Professores Guarani foram assassinados ??

Índio Kaiowá
Foto: Voluntári@s do CMI Goiânia no MS

Foto do site da CPT sobre os assassinatos

Professores Guarani foram assassinados



“A gente não tem mais o que esperar. Depois de cinco dias e cinco noites a gente mesmo vai ao local tentar encontrar nossos professores. Não é só os parentes que estão muito preocupados. Toda a comunidade de Pirajuí ( quase três mil indígenas) estamos preocupados e vamos tomar providencias. Estamos reunidos dia e noite. Que as autoridades acompanhem. Tem que morrer mais dois ou três pra nois ter um pedacinho de terra?”


Pergunta uma das lideranças do grupo.

Visivelmente revoltados e preocupados com o silêncio e nenhuma informação a respeito dos professores Guarani Rolindo Véra – 23 anos, filho de Catalino e Cilda Gimenes Vera, e Genivaldo Véra, filio de Bernando e Francisca Véra, 22 anos, os indígenas, em meio à angustiante situação, buscam organizar ações na perspectiva de localizar os professores. A cada hora que passa mais cresce o temor de que tenham sido assassinados. Bernando,pai de um dos professores, que mal consegue falar em algo em português, disse que não conseguiria falar a respeito, pediu que outra liderança contasse o que estão sentindo neste momento.

A polícia federal já está há três dias na região, buscando informações sobre os professores desaparecidos e autores das violências contra os índios.

Fazendeiro foragido

Conforme informações da região, o fazendeiro da fazenda São Luiz, Firmino Escobar, onde se localiza o tekoha Ypo’i, evadiu-se. Como cresce a hipótese de assassinato dos dois professores, certamente a consciência dos responsáveis deve ter pesado, dando lugar à fuga. Conforme os indígenas ele já teria retirado todas as suas coisas da fazenda.

Indígenas das aldeias de Jaguapiré e Sassoró, município de Tacuru, estão a caminho da aldeia Pirajuí para ajudar na busca dos professores desaparecidos. Igualmente os da aldeia de Amambaí. Juntos procuram notícias sobre os desaparecidos.

Notícias sobre os corpos encontrados.

A partir do inicio da tarde começaram a chegar as informações de que os corpos dos dois professores indígenas foram encontrados. Apesar de não se dispor de informações mais detalhadas é essa a lamentável informação. O pior. Não queríamos até há pouco acreditar nesta hipótese.

Esta confirmação demonstra a continuidade dessa guerra declarada contra os Guarani e Kaiowá no reconhecimento de suas terras. Não restam dúvidas quanto ao processo genocida em curso.

Chama atenção o fato de jovens professores indígenas estarem sendo assassinados por lutarem pelo sagrado direito de seu povo à terra.

Escrevem com letras de sangue seu compromisso com a vida e futuro de seu povo. Talvez o gesto heróico de Rolindo e Genivaldo seja o início de um processo de reconhecimento das terras Kaiowá Guarani.

Que os responsáveis pela perpetuação desse conflito, pela não demarcação das terras, exigidas à 30 anos pelo Estatuto do índios e há 16 anos pela Constituição, sejam responsabilizados pelas centenas de vidas sacrificadas ao altar de um chamado “progresso”, que não verdade tem significado decreto de morte de povos, comunidades e lideranças indígenas.

Egon Heck
Cimi MS
Campo Grande, 4 de novembro de 2008




terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Venceste, Carlos, a causa do amor"

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"É preciso não ter medo, é preciso ter coragem de dizer"
Marighella
Amanhã, dia 4 de novembro, fazem quarenta anos do covarde assassinato de Carlos Marighella pelas forças da repressão da ditadura militar.



"(...) Carlos Marighella foi abatido pelas forças de repressão da ditadura. Naquele momento elas não mataram apenas o militante intemerato de uma organização de luta, mas um líder que encarnava as aspirações de liberdade e justiça do povo brasileiro.Os que assumem a grave responsabilidade de combater pelo interesse de todos tornam-se símbolos e constituem patrimônio coletivo. Carlos Marighella deu a vida pelos oprimidos, os excluídos, os sedentos de justiça. Ao fazê-lo, transcendeu a sua própria opção partidária e se projetou na posteridade como voz dos que não se conformam com a iniqüidade social."
Antonio Candido


Assassinado há 40 anos, situa-se entre aqueles que escreveram as mais importantes páginas da história de lutas do povo brasileiro: Zumbi, Sepé Tiaraju, Felipe dos Santos, Tiradentes, Cipriano Barata, Frei Caneca, Bento Gonçalves, Angelim, Antônio Conselheiro, o "monge" João Maria, Luiz Carlos Prestes, Francisco Julião, Leonel Brizola, Gregório Bezerra, Darcy Ribeiro e tantos outros. São nomes que ainda não saíram das sombras a que a elite insiste em relegar a nossa história. Trinta anos depois de morto, ele prossegue desafiando a generosidade dos vivos, e apontando, para o nosso país, um caminho de futuro, onde todos tenham saúde, educação, trabalho e moradia.
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Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro [Parte 1]:
VENCESTE CARLOS

Se a tarde caiu e não voltaste
Sem consciência do tempo...
Nem percebeste que a morte,
Não significara uma vitória.
Gélido, calado...
Pensavam tornarem-no inofensivo.
Eles são assim!
Só prestam para a repressão
Se continuarem vivos:
Mortos, ficam só, viram pó.
Ouvistes vós uma rememoração sequer;
Uma sequer, dos 40 anos de Fleury?
Nós, voltamos a Alameda
E sentimos o pulsar dos corações
Tangendo lágrimas sinceras
São sentimentos reunidos de várias gerações.
E lá distante, as crianças entram para a escola
E a professora, lembra o dia 4 com poesia!
Fala de Carlos como se fosse o pai,
O avô, um sábio, um santo, um guia...
Em outras partes: exaltados debates,
Trazem de volta o ser conquistador
O comandante da Ação usa a palavra
Na voz de um jovem admirador;
Gritos de viva irrompem das janelas
Venceste, Carlos, a causa do amor.
Em mil lugares teu nome aparece
Em preces, aulas, placas e poesias,
Na ponta longa da amável tristeza
Amarram-se os laços da alegria.
Num tempo estranho
Contamos a tua glória
Neste presente de pobre ideologia
Se em nossas veias teu ânimo corre
Em nossas mentes, vives na utopia.

Bahia, 3 de novembro de2009
AdemarBogo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Quem é Irmã Geraldinha, a freira ameaçada de morte ?

“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.”
(Mateus 5,10)

Irmã Geralda Magela da Fonseca, carinhosamente chamada de “Irmã Geraldinha”, nasceu em São Domingos do Prata, MG, em 28 de agosto de 1962.
Filha de Maria Auxiliadora da Fonseca e Geraldo Rodrigues da Fonseca (já falecido). Sua mãe e a maioria de seus 15 irmãos continuam vivendo na região rural São Domingos do Prata/MG, que conta, hoje, com 17.345 habitantes.
Ingressou na Congregação Romana de São Domingos – CRSD -, em São Domingos do Prata em 1987, viveu em Belo Horizonte e em São Paulo.
Em 1993 Irmã Geraldinha foi para Salto da Divisa, no Vale do Jequitinhonha, onde as Irmãs Dominicanas estavam abrindo uma Comunidade religiosa, com as Irmãs: Teresinha de Jesus Reis, Solange de Fátima Damião e Geralda Magela da Fonseca (Irmã Geraldinha).
A Comunidade das Irmãs Dominicanas dedicou-se ao acompanhamento dos Grupos de Reflexão Bíblica, organização de Cebs – Comunidades Eclesiais de Base - e de Associações Comunitárias que resultaram na criação das Associações de pescadores, das lavadeiras e dos pedreiros, de moradores...
Irmã Geraldinha coordenou a Pastoral da Juventude – PJ - em e sucessivamente a Pastoral da Criança; ambas, em nível Paroquial e Diocesano;
ela coordenou, também, em Salto da Divisa, as atividades da Associação Asas da Esperança cuja finalidade era dar suplementação educacional para as crianças carentes;
além de dar assistência à Rádio Comunitária e em especial ao Grupo de Apoio e Defesa dos Direito Humanos - GADDH - de Salto da Divisa.

As Irmãs Dominicanas assumiram outras frentes de trabalho e deixaram Salto da Divisa em 2005. Porém, o apelo do povo foi grande e em 2006, Irmã Geraldinha, mesmo residindo em Belo Horizonte, continuou acompanhando os movimentos sociais em Salto da Divisa; e em fevereiro de 2008, ela passou a residir na Comunidade religiosa Dominicana de Jacinto, cidade que está a 50 quilômetros de Salto da Divisa, e a acompanhar com o GADDH o Acampamento Dom Luciano Mendes, que é do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - e, posteriormente, se dedicou também à organização de 11 famílias de posseiros da fazenda Monte Cristo (– ocupada pelo MST, com o Acampamento Dom Luciano -), ambos, no Município de Salto da Divisa, MG.
Além do dito acima, hoje, Irmã Geraldinha é
- vice-presidente do Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos – GADDH - de Salto da Divisa, MG;
- integrante da Comissão Pastoral da Terra – CPT –, no Vale do Jequitinhonha,
- integra o Conselho provincial e a Comissão de Justiça e Paz da Irmãs Romanas de São Domingos.
Por causa da atuação pastoral libertadora de Irmã Geraldinha ela tem sofrido uma série de ameaças de morte, assim como membros do Acampamento Dom Luciano e militantes do MST.
E, pior: as ameaças estão se intensificando.
O trabalho pastoral de Irmã Geraldinha conta com o total apoio da Diocese de Almenara, de Dom Hugo Steekelenburg, das Irmãs Dominicanas, da CPT, dos frades franciscanos Capuchinhos e das organizações de Direitos Humanos e sociais, em nível nacional e internacional.
Felizes os Sem Terra que lutam pela justiça, porque a realeza de Deus sobre eles lhes garante que a terra é de todos. Feliz, também, Irmã Geraldinha que, ao lado dos Sem Terra, luta pela reforma agrária, que é necessária e urgente no Brasil.


Irmã Rosa Maria Barboza,
Provincial das Irmãs Dominicanas – CRSD

Belo Horizonte, 01/11/2009.

[1] E-mail: rosambarboza@yahoo.com.br