sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ao Sr. Didymo Borges

Foto tirada no dia da eleição presidencial/ segundo turno/2006
Trabalhei como fiscal das 7:00 às 19:00 h/sem poder deixar meu posto para almoçar.
Prezado Didymo Borges,
Estou surpreendida com a repercussão que a minha "Mensagem a um omisso" teve em razão de você tê-la enviado para os seus leitores.
Você, realmente, é lido e discutido em todo o Brasil.

Tenho recebido dezenas de e-mails apoiando o meu posicionamento.
Hoje fui até cumprimentada na academia onde pratico natação por um sr. extremamente conservador que sempre foi um crítico feroz de minha militância em favor da Reforma Agrária e de minha colaboração à Comissão Pastoral da Terra e ao MST.

Quero agradecer através desta, a todos que me mandaram mensagens gentis de apoio ao difícil posicionamento que tive que tomar em razão do comportamento de alguns senadores petistas.

Tenho recebido também muitos e-mails de indignação contra a "carraspana" (expressão usada por um internauta) que a Sra. Grace tentou me impingir. A maioria considerou "um desaforo" as considerações feitas por ela.

Por causa de todas estas reações, sinto-me na obrigação de, publicamente, responder, embora não consiga entender como alguém que não é filiada a nenhum partido, que nunca foi militante do Partido dos Trabalhadores, que não ajudou construí-lo e nem colocá-lo no poder, possa se manifestar sobre o assunto.

Ela não deve ter a mínima idéia de todas as plenárias onde fui voto vencido e nunca protestei, ao contrário, aceitei de imediato todas as deliberações tomadas pela maioria, mesmo sem concordar.

Eu continuo admirando o presidente Lula, possivelmente continue votando nos candidatos do PT de cujo mandato eu participei e participo em função do meu voto.

Não entendi o porquê desta Sra. querer me "ensinar" como funciona a democracia dentro do Partido dos Trabalhadores!! Eu sempre tive orgulho de nossos rachas, das tendências opostas, do nosso comportamento ético com relação ao vencedor e ao perdedor nas eleições internas.

- Baseada em que vivência ela afirma o que afirmou??

Trabalhei e trabalhei duro em todas as campanhas e em todas as eleições, à revelia de toda minha família. Acordando de madrugada, indo para as ruas, fiscalizando as eleições com o crachá no peito, sendo agredida por causa dele.
Esperando acabar a eleição para pegar o B.U (boletim das urnas, viu Grace?) e levar para a sede do Partido, apesar de estar exausta, muitas vezes debaixo de chuva, na maioria das vezes sabendo de antemão da nossa derrota já anunciada pelas pesquisas de boca de urna.

Ser apenas simpatizante do PT não dá a ninguém o direito de falar com "autoridade" sobre ele e nem de dar lições de cidadania. Sugiro que esta senhora se filie ao Partido dos Trabalhadores e faça alguma coisa objetiva por ele. Que proteste como eu protestei, contra o governo FHC, expondo-me nas ruas, colocando em risco o meu cargo federal conquistado através de concurso, pois nunca aceitei nenhum cargo de confiança.

Não mereço ser criticada por pessoa com este nível de consciência política. Tamanho é o distanciamento que esta senhora tem do Partido dos Trabalhadores que nem ao menos sabe sabe escrever corretamente o nome do Senador Aloízio Mercadante.

Gostaria que você encaminhasse aos seus leitores a resposta (transcrita abaixo) que o Senador me enviou tentando explicar o inexplicável.

Parece que a Sra. Grace ficou mais ofendida que ele.

As satisfações que ele pretende dar às acusações que eu lhe fiz demonstra que, pelo menos, ele se sente em débito com a militância petista.

Um grande abraço,
Nédier


Resposta do Senador Mercadante

From:assessoria@mercadante.com.br
To:
nedier@uol.com.br
Sent: Thursday, September 27, 2007 3:02 PM
Subject: Resposta Senador Mercadante

Prezada Nédier

Cordiais Saudações

Informo as providências que estou tomando em relação aos processos contra o senador Renan Calheiros:
1) Nova representação contra o senador Renan Calheiros - Conforme tenho dito, esse processo apenas se iniciou. O senador Renan Calheiros não foi absolvido. A Mesa do Senado acaba de receber nova denúncia de que Renan Calheiros teria participado de um esquema de desvio de dinheiro em ministérios chefiados pelo PMDB. Essa nova representação somente agora passará a ser analisada. Portanto, novamente gostaria de esclarecer que são quatro representações, quatro processos diferentes. Estamos julgando um único mandato, mas estamos analisando quatro representações. O julgamento não acabou. Haverá mais três votações, que podem levar à cassação do mandato do senador Renan. Eu sobrestei meu voto para aguardar a análise de todos os processos e, assim, formar uma convicção definitiva diante do conjunto das acusações. Defendo que os processos podem até ter relatores diferentes, mas deveriam ser todos apreciados numa única sessão, porque, enquanto não dermos um voto terminativo sobre o futuro do senador Renan Calheiros, a Casa continuará se desgastando. Volto a dizer: em relação ao primeiro processo, não há conclusão sobre a tese fundamental da denúncia de que a empreiteira Mendes Júnior pagou, por meio de lobista, as contas pessoais do presidente do Senado. Mas considerei que há graves indícios que precisam ser esclarecidos. Ficaram dúvidas e incertezas. Sendo assim, na votação desse primeiro processo, eu não poderia ter votado pelo arquivamento de modo algum, e não poderia absolver Renan. Ainda não há uma visão abrangente, acabada do processo. Meu voto não foi de omissão. Foi um voto transparente, de quem entende que o julgamento de mérito se faz com base na conclusão do processo das quatro denúncias, quando, então, será possível assumir uma posição definitiva.
2) Licenciamento de Renan - Conforme disse em meu discurso da última terça-feira, na tribuna do Senado, já havia defendido e continuo defendendo que o presidente Renan se licencie. Considero que ele deve ter assegurado o direito de defesa, mas, ao insistir em sua permanência no cargo, Renan prejudica as votações e o andamento dos trabalhos na Casa e é grande o desgaste institucional. É como se os grandes erros que ele cometeu, que poderão ser crimes se forem comprovados, fossem da própria instituição.
3) Sessões abertas - Um requerimento pedindo que as sessões futuras sejam abertas foi apresentado e apoiado pela bancada do PT e pelos líderes dos partidos, a partir de um pronunciamento meu, que sempre defendi o voto aberto, essencial para dar a transparência necessária e evitar qualquer tipo de manipulação do voto.
4) Voto aberto - Aprovamos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira, emenda à Constituição que acaba com todas as votações secretas no Congresso Nacional. Gostaria de lembrar que nos últimos 20 anos o PT luta pelo voto aberto. Fomos derrotados em 2003. Nesta quarta-feira, na sessão da CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou parecer mantendo o sigilo nas votações de indicações e vetos, mas alterou o documento a partir das minhas argumentações. Passou a defender a extinção do voto secreto. O parlamentar tem que assumir sua responsabilidade. Acho que é preciso ser absolutamente radical na transparência. É preciso ter coragem para assumir responsabilidades, e tenho feito isso. Sempre fiz. O que é inconcebível é que possamos ter 43 senadores anunciando ter votado pela cassação de Renan, quando, no painel, foram registrados somente 35 votos contra o presidente do Senado. Isso fragiliza a representação e não permite ao eleitor se identificar ou não com a votação de quem a tenha feito. Vou trabalhar com afinco, não vou me ausentar, não vou me omitir, serei coerente. Declararei meu voto definitivo assim que houver o julgamento final desse processo, a partir do conjunto dos indícios e das provas oferecidas para essas denúncias.


Um abraço
Senador Aloizio Mercadante.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Em defesa de empresa acusada de manter 1.064 trabalhadores em condições degradantes, senadores levam fiscais a suspender fiscalização em todo o país

Impulso para o trabalho escravo

Em defesa de empresa acusada de manter 1.064 trabalhadores em condições degradantes, senadores levam fiscais a suspender fiscalização em todo o país

Lúcio Lambranho e Edson Sardinha


Depois de segurar por três anos a votação da chamada PEC do Trabalho Escravo, aprovada em primeiro turno na Câmara em agosto de 2004, o Congresso conseguiu agora nada menos do que suspender as ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), responsável desde 1995 pelo resgate de 25 mil trabalhadores que se encontravam em situação análoga à de escravos.

Após os ataques da bancada ruralista no Senado aos fiscais que libertaram, em junho, 1.064 trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão na fazenda da Pagrisa (Pará Pastorial e Agrícola S/A), principal produtora de álcool e açúcar do Pará, a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, determinou anteontem (25), sob forma de protesto, a suspensão das atividades do grupo móvel.
Ruth alegou que, diante da pressão, os servidores corriam risco de morte.
A crise, deflagrada pela visita de uma comissão de senadores à fazenda em Ulianópolis (PA), levou ontem (26) o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, ao Senado. A comissão externa foi criada para apurar a denúncia feita pela empresa, que alega inocência, de que houve abuso por parte dos fiscais na autuação (leia a versão da empresa).

Em defesa do grupo móvel, Luppi entregou ao senador José Nery (Psol-AL), presidente da Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo, subordinada à Comissão de Direitos Humanos, os 18 volumes do relatório da ação na Pagrisa. E rebateu as críticas dos senadores que desqualificaram a maior libertação de trabalhadores já feita pelo ministério.

"Eles só foram à usina e não ao canavial, distante uma hora de caminhada", disse o ministro em referência à visita dos senadores no último dia 20.
"Essa ação resultou na desqualificação de um trabalho brilhante", completou.

A empresa alega que houve exagero por parte dos fiscais e que, em função disso, já acumula prejuízos, com a decisão da Petrobrás e da Ipiranga de suspenderem a compra de álcool da Pagrisa.

Confronto no Senado
A repercussão negativa da suspensão das fiscalizações fez ontem a comissão externa recuar.
Os senadores aprovaram requerimento pedindo ao Ministério do Trabalho a retomada imediata dos trabalhos de fiscalização do grupo móvel.
O colegiado ainda aprovou a convocação de 22 autoridades envolvidas com a questão, inclusive o próprio Luppi, e prometeram continuar a apuração do caso na próxima semana.

Além de abrir uma crise entre o Senado e o Ministério do Trabalho, o episódio acentuou as divergências entre os parlamentares da bancada ruralista e aqueles que defendem os pequenos produtores rurais.

Os primeiros são liderados pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da comissão externa criada para apurar o caso, e pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), autor do requerimento que criou o colegiado.
Além de Nery, saíram em defesa do grupo móvel os senadores Sibá Machado (PT-AC), Eduardo Suplicy (PT-SP), Paulo Paim (PT-RS). Cristovam Buarque (PDT-DF) e Patrícia Saboya Gomes (PSB-CE), integrantes da Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo.
Abuso de poder
Kátia, que liderou o grupo de senadores que visitou a fazenda da Pagrisa dois meses após a libertação dos trabalhadores pelo Ministério do Trabalho, disse não ter encontrado no local nada que pudesse ser considerado degradante. Pelo contrário. Na avaliação dela, se houve irregularidade, foi por parte dos fiscais.

"Há indícios de abuso de poder", afirmou a relatora da comissão.
O senador Romeu Tuma (DEM-SP), outro a participar da visita, também disse não ter visto nada que comprometesse a Pagrisa, mas adotou um discurso mais cauteloso.
"É necessária uma perícia da Polícia Federal para saber se algo foi maquiado entre a fiscalização e nossa visita na semana passada", ponderou.

Criticado pelos senadores que inspecionaram a fazenda, Luppi não se encontrou com os integrantes da comissão externa. Mas se comprometeu com os senadores da Subcomissão do Trabalho Escravo a tentar convencer os fiscais a retomarem os trabalhos.
"Já agendei uma nova conversa com os auditores e vou tentar convencê-los a retomar os trabalhos na próxima semana", declarou.

PEC abandonada
A crise detonada pelo caso Pagrisa também revela a insatisfação de parlamentares da base governista com a postura do Palácio do Planalto em relação à erradicação do trabalho escravo no país.
A principal crítica diz respeito ao desinteresse do governo pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo, em tramitação no Congresso desde 2001.
Para o relator da proposta, o deputado petista Tarcísio Zimmermann (RS), o governo abandonou a defesa da PEC por causa da pressão dos ruralistas que integram a base governista (leia mais).
“É evidente que não há mais a prioridade dada pelo governo no primeiro mandato do presidente Lula para erradicar o trabalho escravo”, afirmou ao Congresso em Foco.
O texto da PEC, aprovado em primeiro turno na Câmara em 2004, prevê que as propriedades rurais e urbanas em que forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão desapropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem indenização ao proprietário, após sentença judicial transitada em julgado.

Os bens de valor apreendidos, decorrentes da prática de trabalho escravo, rural ou urbano, serão destinados a um fundo especial, cuja aplicação dos recursos será disciplinada por lei infraconstitucional.

Na mira da Justiça Independentemente do que render a polêmica no Senado, os donos da Pagrisa, os irmãos Murilo, Fernão e Marcos Villela Zancaner, vão responder a processo penal por utilizar mão-de-obra em situação análoga à de escravo, por não seguir a legislação trabalhista e impor perigo à saúde dos trabalhadores.
Os empresários, por sua vez, negam que mantenham os seus funcionários em condições degradantes.

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi aceita na segunda-feira (24) pela juíza Carina Cátia Bastos de Senna, da Subseção Judiciária Federal de Castanhal, no Pará.
A juíza acatou os indícios apresentados pelo grupo móvel do MTE. "Indícios de uma possível prática de trabalho escravo”, diz a juíza em sua sentença.
“Os acusados terão a oportunidade de descaracterizá-las”, completou a magistrada ao decidir sobre o pedido do MPF, que sugere pena máxima de 15 anos para os donos da fazenda.
Até agora, a Pagrisa não foi ouvida, destacou a magistrada.Segundo o relatório do grupo móvel, o pagamento de salários, “da forma como era feito pela empresa, feria de morte a dignidade dos obreiros.”
Os fiscais também afirmam que chegaram ao grupo de fiscalização contracheques zerados ou com valores irrisórios, “que em alguns casos não chegavam a R$ 10,00 (dez reais)”.

Abusos e contradições
“A situação que os fiscais encontraram eram semelhantes àquelas retratadas pela minissérie Amazônia”, comparou o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, durante audiência na Subcomissão do Trabalho Escravo em referência à situação dos seringueiros retratados pela TV Globo.

“A empresa não garantia o salário mínimo aos empregados que recebiam por produtividade. Tal fato, somado aos descontos de alimentação e de medicamentos que os empregados consumiam, fazia com que, em muitos casos, empregados recebessem apenas o suficiente para pagar os seus gastos com comida e medicamentos”, diz o relatório dos fiscais.

Mas a relatora da comissão externa, senadora Kátia Abreu, disse que os trabalhadores da fazenda paraense estavam devidamente registrados.
“Vimos comprovantes de pagamentos que variavam entre R$ 750 e R$ 900. Os comprovantes zerados apreendidos pelos fiscais aconteceram por problemas de informática”, argumentou a senadora do DEM.

Histórico de irregularidade
O Congresso em Foco teve acesso a um documento com o histórico de fiscalizações na fazenda Pagrisa. O documento mostra, em seu resumo, que houve 13 fiscalizações entre 1998 e 2007 e destaca:
"Em relação às ações fiscais desenvolvidas no cultivo de cana durante a safra, foram encontradas irregularidades no cumprimento da legislação em 100%”.
O relatório informa que não havia fornecimento de água potável em condições higiênicas.
Aponta ainda “a não-manutenção de instalações sanitárias adequadas, em 100% das ações fiscais que envolveram itens de segurança e saúde.” Segundo os fiscais, a partir da ação fiscal de junho de 2004, a situação na fazenda, em vez de melhorar, agravou-se:
“Passa a ser observado o descumprimento de outros atributos trabalhistas: jornada, descanso, salário, FGTS, contribuição social e CAGED. Por outro lado, violação a uma ou mais normas de segurança e saúde foi encontrado em 100% das vezes em que foi verificado seu cumprimento, a partir de 11.2001.”

Uma fiscalização realizada em dezembro do ano passado, diz o documento, “apontou irregularidades no cumprimento não somente da legislação referente a esses aspectos, mas também quanto ao recolhimento de FGTS e pagamento de salários”.

Lista suja
O cenário traçado pelo Ministério do Trabalho na Pagrisa está longe de ser raridade no Brasil, principalmente no Pará, estado que concentra o maior número de autuações por exploração de mão-de-obra em condições análogas à de escravo. Das 188 empresas incluídas na última edição da chamada “lista suja”, do Ministério do Trabalho, 47 são paraenses (veja a relação completa).
Além disso, garante o advogado Marco Apolo, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), apenas metade das denúncias é investigada no Pará.
Segundo o advogado, seria preciso dobrar as ações do grupo móvel para dar conta do número de irregularidades cometidas por empresas rurais no interior do estado.
"O Pará é o maior importador de mão-de-obra escrava. São pessoas que não têm como reagir, pois estão isoladas, fora de seu convívio social e em áreas de difícil acesso. Não há recursos suficientes, atualmente, para dar conta de todo o problema", explica Apolo.

sábado, 22 de setembro de 2007

Mensagem enviada a um omisso.

31 de Janeiro à 6 de fevereiro/2002
II Fórum Social Mundial - Porto Alegre RGS
"Um outro mundo é possível"


Senador Aloízio Mercadante,
Quem está na foto ao seu lado sou eu - Nédier Brusamolin Müller - filiada e militante do Partido dos Trabalhadores há quase duas décadas.


Eu acabo de me desfiliar e quero que o senador tome ciência do quanto contribuiu para que eu tomasse esta atitude tão difícil.

Nesta foto, estamos no II Fórum Social Mundial em Porto Alegre.


Tempos de Esperança.


Eu tinha firme convicção que um outro mundo seria possível e que o Brasil daria exemplos de ética, de transparência e de lisura quando o Partido dos Trabalhadores governasse este país.


Eu sou mais velha que o senador, tenho família, filhos, netos, trabalhei desde muito cedo para poder estudar. E, usando dois jargões populares, eu nunca fugi da raia e sempre pus a minha cara pra bater.


Como funcionária pública federal fui prejudicada profissionalmente por ser petista e defender os ideais socialistas do meu Partido e meus, fazendo oposição aos governos anteriores. Conto isso com orgulho.


Não tive medo, nesta Curitiba conservadora, de expor as minhas convicções políticas contrárias à maioria das pessoas com quem convivo.
Procurei sempre me manter coerente com os meus ideais. E por coerência saio do PT.
Não dá para conviver com políticos que, como o Senador, detém o mandato de 10 milhões de eleitores e não os representa, ao contrário, trata-os com arrogância e descaso mantendo-se surdo à "voz rouca das ruas" .
Como paranaense, não fui sua eleitora, mas me sinto tão agredida como se fosse.
Tenha certeza Senador, que todos os seus eleitores de São Paulo que eu conheço são pessoas de bem e também, como eu, estão se sentindo traídas e amarguradas com a sua postura omissa e tendenciosa.


O senador não só se omitiu quando deveria ter agido com ética e firmeza, como aliciou outros políticos pusilânimes e indignos do Partido dos Trabalhadores para serem seus cúmplices na covardia.


Abaixo, anexei o trecho de um artigo que o senador escreveu para a "Folha de São Paulo", intitulado "Obrigada Brasil", para que o senador releia e medite.


Infelizmente de nada vai adiantar um "Desculpe Brasil" o senador tomou uma atitude irretratável e ela vai acompanhá-la enquanto viver.
Tenha consciência que a triste demonstração pública da fragilidade do seu caráter nos atingiu com força e violência.

Nédier Brusamolin Müller
RG. 354408-3/PR



"Obrigada Brasil"


"O Partido dos Trabalhadores obteve, nas eleições municipais de 1º de outubro, uma das maiores vitórias eleitorais de sua história." (...)
"Creio que existem algumas razões consistentes para a vitória do PT nestas eleições.
Primeiro, o sentimento das ruas, a “voz rouca das ruas” que o Palácio do Planalto insiste em ignorar, é de oposição ao governo Fernando Henrique. O desemprego, a recessão prolongada e o arrocho salarial geram um crescente rechaço ao atual modelo econômico e fortalecem o sentimento de oposição ao governo. O PT tem sido a grande referência da oposição.

Em segundo lugar, mas igualmente relevante, está a questão da ética na política. O povo brasileiro está cansado da impunidade dos poderosos, das “operações abafa” dos escândalos e desvios de recursos públicos, não mais aceita o “rouba mas faz”; o povo quer honestidade, transparência, dignidade em seus governantes e nosso partido tem sido um exemplo de probidade, honestidade e seriedade, especialmente sua bancada federal. Esse patrimônio, que não tinha significado eleitoral, agora se expressa numa revolução silenciosa da cidadania, que caminha pelas cidades do Brasil."
(...)
"Obrigado, Brasil" - artigo escrito em 11/10/2000, Folha de São Paulo por Aloízio Mercadante

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Roda Viva


Chico Buarque de Holanda
Meus amigos
Estive no Rio logo depois que a ditadura colocou abaixo, com violência, o espetáculo Roda Viva. (ver quadro abaixo). Para compensar os prejuízos de toda ordem, o Chico Buarque e o MPB4 montaram o show "Contratempo". Fui assistir.

O cenário eram pedaços de outdoor e os cinco músicos, com expressão impenetrável, como se fossem feitos de pedra, cantavam as músicas do show.

As músicas que tinham as letras censuradas eram apenas tocadas e o público cantava alto, afrontando os numerosos policiais, que mesmo vestidos de civis, eram indisfarçáveis.

Eu era uma jovem desinformada, como a maioria do povo brasileiro. Pouco sabia do que estava acontecendo. Mais tarde consciente dos fatos me prometi lutar com a mesma coragem dos que viveram o contratempo.
Passei a cultivar flores e estrelas, mas a roda viva destruiu o meu céu e o meu jardim.
Tempo de recomeçar.
Beijo,

Nédier

Marília Pêra/Cartaz de Roda Viva
Roda viva

Peça em dois atos de Chico Buarque

A peça Roda viva foi escrita por Chico Buaque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra a ditadura durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo (de cerca de 110 pessoas) do Comando de Caça aos Comunistas - CCC - invadiu o teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na platéia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

" ...a gente vai contra a corrente, até não poder resistir..."

imagem: confesso (helena margarida pires de sousa)



Roda Viva

(1967)

Tem dias que a gente se sente,
Como quem partiu ou morreu,
A gente estancou de repente,
Ou foi o mundo então que cresceu.

A gente quer ter voz ativa,
No nosso destino mandar,
Mas eis que chega a roda viva,
E carrega o destino pra lá.

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

A gente vai contra a corrente,
Até não poder resistir,
Na volta do barco é que sente,
O quanto deixou de cumprir,
Faz tempo que a gente cultiva,
A mais linda roseira que há,
Mas eis que chega a roda viva,
E carrega a roseira pra lá.

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

A roda da saia, a mulata,
Não quer mais rodar, não senhor,
Não posso fazer serenata,
A roda de samba acabou,
A gente toma a iniciativa,
Viola na rua, a cantar,
Mas eis que chega a roda viva,
E carrega a viola pra lá.

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

O samba, a viola, a roseira,
Um dia a fogueira queimou,
Foi tudo ilusão passageira,
Que a brisa primeira levou,
No peito a saudade cativa,
Faz força pro tempo parar,
Mas eis que chega a roda viva,
E carrega a saudade pra lá....á á á á

Roda mundo, roda-gigante,
Roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

Ouça a canção no endereço abaixo:

http://www.paixaoeromance.com/60decada/roda_viva/h_roda_viva.htm


Música: Roda Viva
Autoria: Chico Buarque de Hollanda
Interpretação: Chico Buarque e MPB4

domingo, 16 de setembro de 2007

Poesia providencial


Desculpa, moço,
Mas daqui não passo.

cansei de catar estrela
em fundo de lodaçal...
na crença de que o bem
um dia venceria o mal...

Desculpa, moço,
Mas daqui não passo...



Esta poesia foi feita de improviso e em minha homenagem

pela grande poeta e amiga.




sábado, 15 de setembro de 2007

Revista Veja Edição 2026

Brasil
Os números da vergonha
Protegidos por uma sessão secreta, com o apoio do governo e o aval do PT, senadores condenama ética e absolvem Calheiros
Foto-montagem: Lula Marques-Folha Imagem
Com acordos às escondidas, ameaças, chantagens e protegido pelo anonimato, um grupo de 46 senadores desferiu na semana passada um golpe letal contra a credibilidade do Senado Federal e dos políticos em geral.
Ao absolverem o senador Renan Calheiros da acusação de quebra do decoro parlamentar, os 46 senadores (os quarenta que votaram contra a cassação e os seis que se abstiveram) autorizaram um novo padrão de conduta para os nobres do Parlamento brasileiro – o pode-tudo.
De agora em diante, estabeleceu-se o consenso entre a maioria de que não existe nada de mais no fato de um parlamentar, como Renan Calheiros, usar um lobista de empreiteira para pagar suas despesas pessoais.
Não é da conta de ninguém tentar saber de que forma um senador, como Renan Calheiros, conseguiu fazer fortuna na política.
Está liberado de possíveis constrangimentos qualquer um que, como Renan Calheiros, queira fazer negócios usando malas de dinheiro de origem desconhecida.
Ficam autorizados a apresentação de notas frias, o uso de bois-fantasma, a invenção de empréstimos para, assim como Renan Calheiros, tentar justificar contas que não fecham.
Na sessão secreta que absolveu Renan Calheiros, além de massacrarem a ética, os 46 senadores também viraram as costas para a sociedade, envergonharam o Parlamento e reduziram o Senado ao mesmo patamar moral do presidente Renan Calheiros.

"A era dos grandes tribunos, referências éticas do Parlamento, que dividiam o Senado com a massa ignara, acabou há tempos", diz Octaciano Nogueira, professor de ciência política da Universidade de Brasília.
"Hoje, resta-nos somente a massa ignara."

De fato, nos últimos meses, principalmente depois da crise gerada pelas acusações contra o presidente Renan Calheiros, personagens bizarros, como os senadores Wellington Salgado, Almeida Lima e Sibá Machado, assumiram posições de destaque no palco dos debates.

São figuras sem propostas, sem idéias e até sem votos.

O peemedebista Wellington Salgado e o petista Sibá Machado são suplentes que assumiram o mandato na ausência dos titulares.
Como eles, há outros onze reservas que não devem explicações a ninguém e acabam muitas vezes se prestando ao papel de vassalos de interesses diversos.
Esses personagens descompromissados ajudaram Renan Calheiros a escapar da cassação, alguns apenas em troca de pequenos favores.
Mas eles não estavam sós.
Na surdina, o governo e o PT se associaram a Renan para costurar um acordo que garantiu a salvação do mandato do senador – desta vez à custa de grandes e dispendiosos favores, com ingredientes de chantagem e ameaça e com a participação de personagens conhecidos pela atuação heterodoxa no submundo da política.

MERCADANTE
O senador eleito com 10 milhões de votos foi reduzido a tarefeiro do partido na batalha contra a moralidade. Uma pena.

A VERSÃO

O senador petista garantiu que não pediu votos para Renan Calheiros nem participou de nenhum acordo para absolver o colega peemedebista.

O FATO

Além de se abster da votação, o que ajudou a salvar Renan, o senador fez campanha intensa pela absolvição, inclusive garantindo a aliados que Renan deixaria a presidência.


De volta a Brasília, José Sarney e Walfrido decidiram pela tacada final. Ainda do avião, um Legacy da FAB, Walfrido conversou com o senador Aloizio Mercadante e Sarney passou o recado às lideranças no Congresso.
Alertaram sobre o placar apertado e combinaram de procurar Renan com a seguinte proposta: caso ele sinalizasse que se afastaria temporariamente do cargo após a votação, o governo e o PT trabalhariam no plenário para absolvê-lo.
Já era madrugada de quarta, dia da votação, quando o grupo desembarcou na base aérea.
Sarney levou a proposta de afastamento ao presidente do Congresso, que, de início, hesitou, mas acabou aceitando depois de receber a garantia de que não haveria traição entre os petistas.
Ficou combinado que os senadores petistas iriam se abster, uma forma de identificar o voto.
Nas contas dos aliados, era preciso convencer ao menos dez senadores a fechar com a absolvição.
No plenário, coube ao senador Mercadante difundir a versão de que a cassação de Calheiros se resumia a uma disputa política que só interessava à oposição.
Os petistas, porém, não precisam mais de justificativa alguma.
"Com discursos assim vocês da oposição nunca vão ganhar da gente", ironizava o senador petista João Pedro, criticando abertamente os que defendiam a cassação. Uma semana antes, o próprio João Pedro havia votado contra Renan Calheiros no Conselho de Ética.

Com os petistas no bolso, bastaram algumas operações laterais para sacramentar a vitória de Calheiros.
Sabe-se que Renan e seus aliados conseguiram buscar votos na oposição, à custa de chantagem, cobrança ou promessas de favores.
Senadores que se diziam indecisos em público fizeram pacto de sangue com Renan no privado.
O tucano Papaléo Paes, por exemplo, chegou a dar entrevistas a favor da cassação. No plenário, ajudou Roseana Sarney a contabilizar votos a favor de Renan.
Houve traições mais sórdidas.
Um senador da oposição, que zelou como se fosse um xerife pela aprovação do processo de cassação, procurou o presidente do Congresso e lhe confidenciou que sua posição não passava de um teatro para seus eleitores.
Ele estava agradecido pelo belo emprego no governo que Renan arrumou para um de seus filhos.
Enquanto isso, em outro flanco, Gilberto Miranda, o empresário rico e recém-casado, pegou um jato para Brasília e continuou as conversas com os senadores.
No plenário, o peemedebista Wellington Salgado avisava: "Tá rolando grana, tá rolando muito argumento".
Um senador que ouviu o comentário ainda perguntou do que se tratava. Salgado repetiu: "Tá rolando argumento", explicou, esfregando o polegar no dedo indicador, sinal clássico que significa dinheiro.
Absolvido, Renan, conforme o combinado, pegou a família e foi descansar em Maceió. Ele ainda terá de responder a outros três processos. O governo, satisfeito, comemorou discretamente.
Os petistas, covardes, foram vistos se jactando no fundo do plenário logo depois da sessão.
José Sarney embarcou para Natal, onde foi lançar um livro.
Gilberto Miranda, com a missão cumprida, retomou sua lua-de-mel.
E o Senado...
E a opinião pública...
E o Conselho de Ética.
...Que se danem.
O que interessa são os "argumentos...".

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

As feias que me perdoem...

Mas a beleza é fundamental !!
Senão o porquê de tanta paciência e de tanto riso quando a Tonica, cheia de leveza e graça desliga o meu telefone, desconecta o computador, entra nas gavetas que abrimos para pegar nossa roupa, entra no guarda-roupa, em qualquer armário, sobe nas prateleiras... Joga o estojo de minhas lentes de contato e fica brincando de rodá-lo com a sua patinha. Escala até o teto as paredes da sala que são revestidas de tecido. Balança-se nas cortinas do meu quarto. Entra todos os dias dentro de um cachepô de madeira jogando fora o arranjo de flores para ficar lá dentro toda encolhida.
Come diariamente uma parte do jornal que o Ode lê pela manhã na cama .
A lista dos estragos que faz todos os dias é grande e variada.

Não obedece NUNCA.

Se esconde e nos obriga a procurá-la pela casa, só dá sinal de vida - um miau queixoso - quando ouve minha voz.
Se enrola, se enrola até se acomodar nos lugares mais inusitados.
Adora dormir no colo do Ode, em cima de mim, na curva de minha cintura quando estou deitada de lado assistindo televisão, estou tão acostumada que nem sinto a sua presença. Se eu sento na minha cama para ler ou rezar ela se acomoda no meio das minhas pernas e dorme ronronando como a gatinha que é.

Ela estava para ser dada pra quem quisesse e minha filha foi buscá-la para mim, quando eu chorava sem parar porque o Zeca, meu poodle tinha fugido de casa (depois de dias e anúncios em jornal e rádio foi encontrado).
Até então nós nunca tínhamos convivido com um gato.
O Ode jamais permitiu, ele dizia que não suportava gatos e hoje reconhece que estava enganado. A primeira coisa que faz quando chega em casa do trabalho é perguntar por ela.

A Tonica alterou com a sua leveza, com sua beleza, com a sua não subserviência todo o clima de minha casa. Tudo ficou mais alegre e engraçado. Ela nos tornou mais tolerantes e bem-humorados:

- Não adianta brigar, ela não entende. - dizemos um para o outro..
- Não adianta mandar, ela não obedece...

- Coitadinha, ela não sabe que não pode subir na mesa e ficar cheirando os alimentos...
- Ela não pretende rasgar e comer o jornal. Ela só quer brincar e chamar nossa atenção.

- Ela adora brincar quando eu arrumo a cama - diz a Rosane, minha auxiliar - parece uma bolinha andando debaixo das cobertas . Demoro mais para arrumar o quarto mas me divirto.
- Ela é tão lindinha! - acrescenta sorridente.

Pois é.

Nédier