sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Roda Viva


Chico Buarque de Holanda
Meus amigos
Estive no Rio logo depois que a ditadura colocou abaixo, com violência, o espetáculo Roda Viva. (ver quadro abaixo). Para compensar os prejuízos de toda ordem, o Chico Buarque e o MPB4 montaram o show "Contratempo". Fui assistir.

O cenário eram pedaços de outdoor e os cinco músicos, com expressão impenetrável, como se fossem feitos de pedra, cantavam as músicas do show.

As músicas que tinham as letras censuradas eram apenas tocadas e o público cantava alto, afrontando os numerosos policiais, que mesmo vestidos de civis, eram indisfarçáveis.

Eu era uma jovem desinformada, como a maioria do povo brasileiro. Pouco sabia do que estava acontecendo. Mais tarde consciente dos fatos me prometi lutar com a mesma coragem dos que viveram o contratempo.
Passei a cultivar flores e estrelas, mas a roda viva destruiu o meu céu e o meu jardim.
Tempo de recomeçar.
Beijo,

Nédier

Marília Pêra/Cartaz de Roda Viva
Roda viva

Peça em dois atos de Chico Buarque

A peça Roda viva foi escrita por Chico Buaque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra a ditadura durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo (de cerca de 110 pessoas) do Comando de Caça aos Comunistas - CCC - invadiu o teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na platéia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros.