domingo, 26 de junho de 2011

DESMASCARANDO O AGRONEGÓCIO

Por Alexandre Kenor da Silva, coordenador do Movimento de Conscientização Popular de São José dos Pinhais (PR)




Fotos: Leandro Taques



Os brados da marcha que inaugurou a 10ª Jornada de Agroecologia na tarde de 22 de junho de 2011 não param de ecoar no Brasil e no mundo. O simbólico e estrondoso ato veio para demonstrar que o processo de conscientização popular caminha a passos largos para a melhora da qualidade de vida e o combate à alienação de massas. A calorosa recepção da população de Londrina, cidade paranaense encravada entre grandes glebas de monocultura (soja e cana-de-açúcar), mostram que as pessoas dos grandes centros estão preocupadas com a qualidade dos alimentos que consomem.
Para além dos pilares que sustentam o evento, os grupos de trabalhos, publicizados por meio de oficinas e seminários realizados nas dependências da Universidade Estadual de Londrina (UEL), foram além das expectativas. Demostram que o povo brasileiro chamou para si a responsabilidade de lutar por uma sociedade sadia,
livre dos agrotóxicos, o que certamente causou alguns tremores nos antagonistas do agronegócio.
Seja na negação de utilizar agrotóxicos ou na produção de alimentos orgânicos, o povo camponês vem resistindo e progredindo na busca pelo bem estar social. O produtor consciente dispensa o envenenamento próprio, da sua família e da sociedade, exercendo o seu papel de ator social alheio ao egoísmo e alheio à ganância infundada, preservando assim a própria existência.





Os organizadores do evento comemoram a superação da meta de público participante em alguns milhares, o que deflagra uma nova fase na luta contra a alienação de massas e contra os meios de comunicação detratores da realidade.
A massiva e atuante presença daquele que sem dúvidas é o mais importante movimento social da atualidade, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), deve servir de paradigma para as presentes e futuras gerações. O MST demonstra que o compromisso com a luta por um mundo melhor e mais justo é e sempre será o melhor caminho a seguir, pois os obstáculos impostos pelo sistema capitalista e pela indissociável alienação tornam as vitórias mais gratificantes.
Cada dia de luta passado, fortalece o sentimento de satisfação de cada indivíduo engajado no processo de desmistificação do mundo, pois os desafios vão sendo superados, e com a superação são assumidos outros compromissos, mais árduos, porém mais abrangentes. Quem caminha pelo campus da UEL percebe claramente, pelos resultados, o poderio e a indispensabilidade da articulação social.
Pedras cairão do alto das arruinadas instituições que servem o falido sistema de economia de mercado, porém sem afetar a unidade da resistência camponesa, que segue forte na obtenção da justiça social.

fonte e mais



sábado, 25 de junho de 2011

QUEM TEM MEDO DA HISTÓRIA?

Já leu este livro?


Sabe como conseguiu ser feito?




Estamos assistindo, perplexos, à enorme conspiração contra a verdade, a história e a memória.
O Ministério da Defesa, o Ministério das Relações Exteriores, dois ex-presidentes da República, políticos de diferentes matizes, se unem para que o Brasil não conheça a sua verdade.


Já é difícil fazer filmes, livros e peças de teatro sobre personagens reais -- mesmo os de vida pública --, sem autorização do próprio ou de familiares e herdeiros. Agora, a pá de cal chega com a intenção de trancafiar documentos para que a verdadeira História não se revele.

E quem orquestra essa trama contra o futuro do Brasil? Sim, porque povo sem memória é povo sem futuro e estaremos sujeitos eternamente a sermos alimentados por contos da carochinha.
Mas, afinal, o que querem esconder de nós?
- Quem bateu, torturou, mandou prender e arrebentar?
- Quem negou passaportes, quem expedia os tenebrosos atestados ideológicos, que impediam o acesso à escola ou ao emprego?

Estive duas vezas no Smithsonian Institute em Washington. Na primeira, percorri uma exposição que retratava às condições de vida dos negros nos Estados Unidos e as lutas pela conquista dos seus direitos civicos.


Estavam ali expostas todas as mazelas de uma sociedade que destinava banheiros públicos e bebedouros diferentes para negros e brancos. Escolas diferentes, lugares separados nos transportes públicos, os mais confortáveis e em maior quantidade sempre destinados aos brancos. E se faltasse lugar, o negro sentado deveria ceder o lugar ao branco.


Uma sociedade que queimava jovens por razões de cor se expunha ali como um ato de superação do passado, de construção do novo.
A segunda vez, assisti a exposição que tratava das condições de vida dos imigrantes japoneses e seus descendentes nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.

Vi coisas que nem os livros escolares nem o cinema americano me contaram.

Vi fotos de lojas de japoneses atacadas por norte-americanos enfurecidos com os araques japoneses a Pearl Harbor, imagens de familias sendo recolhidas aos campos de concentração nos Estados Unidos para isolar o perigo amarelo e imagens de batalhões de jovens soldados nipo-americanos para guerrear diretamento com o exército japonês como um afirmação do patriotismo norte-americano!


A exposição termina com uma carta do então Presidente Ronald Reagan pedindo desculpas à comunidade japonesa pelas humilhações impostas.
Querem nos impedir de saber a verdade sobre a guerra do Paraguai, ao que parece, uma verdadeira carnificina praticada para atender interesses de poderoso banqueiro inglês.


Nós não podemos saber o que os paraguaios sabem e contam a seus filhos, por que?


- Resistirão almirantes, generais e marechais à lupa da História?


-Suas biografias corresponderão às narrativas descritas nas pinturas das grandes batalhas?



O silêncio que nos impõem deve ser a razão porque não cultivamos nossos heróis e não preservamos sua memória, a total falta de identificação de identidade com eles.


Os que nos negam conhecer a verdadeira História do país são cúmplices das carnificinas, dos torturadores, dos alcaguetes a soldo do Estado; dos que ordenaram censurar jornais, revistas, peças de teatro e músicas.


Não podemos nos calar e aceitar como fato consumado essa violência da censura que tentam nos impor.


Construir um país livre representa lutar para conhecer a história.


Não queremos cultivar falsos heróis e, a partir de hoje, personagens da história oficial estarão sob suspeita, enquanto não nos deixarem conhecer os documentos que abrigam verdades, que, mesmo dolorosas, devem ser reveladas.



Silvio Tendler - cineasta

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A espiral explosiva da despesa mundial em armamentos




A espiral explosiva da despesa mundial em armamentos

Sem surpresa os EUA são responsáveis pela metade das despesas
Com a despesa mundial em armamentos durante 2010, se poderia-se manter 212 milhões de crianças de aproximadamente um ano, ao custo médio necessário em um país desenvolvido europeu.

A manutenção estimada por criança ali, segundo fontes extraoficiais, é de quatro mil 715 dólares ao ano, enquanto o investimento em meios bélicos aumentou em 2010, globalmente, a um trilhão 630 bilhões de dólares.
Nove milhões de crianças morrem de fome anualmente no mundo, e só o protótipo do superavião britânico não tripulado Taranis, acumulou um custo de 215 milhões de dólares, os que bastariam para alimentar 45 mil 599 crianças ao ano.
Nos países do sul poderiam se alimentar muitos mais pequenos, se só se tratasse de cobrir as necessidades básicas para não morrer de inanição e de doenças previsíveis ou curáveis, ainda que o anterior se assume hoje só como relações matemáticas.
Mas o Tiranis, nome do Deus celta do trovão e qualificado como "a cúpula" da engenharia britânica e do desenho aeroespacial, não é o maior exemplo bélico, pois as despesas em armamentos compreendem enormes meios com capacidade de destruição totalmente global.
O Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI) considera, em seu relatório sobre o ano passado, que as armas nucleares continuam representando um grande perigo apesar das promessas de redução.
Como causa da pronunciada pirâmide armamentística, identifica a luta pelas riquezas naturais, devido ao aumento da demanda internacional e da penúria induzida especialmente pelas mudanças climáticas.
Neil Melvin, diretor no SIPRI do programa Conflitos Armados e Gerenciamento dos Conflitos, considera que os recursos são "um fator maior de conflito".
Em sua opinião, o petróleo tem desempenhado seu papel nas tensões no Sudão e na Líbia, onde contribui à guerra civil, ao que pode acrescentar, na opinião de analistas, que motiva também os bombardeios da OTAN.
O aumento súbito da demanda pelo consumo, segundo o SIPRI, é a causa principal de uma concorrência crescente na busca de recursos exploráveis, até no Ártico, e no aumento dos preços, sobretudo nos da alimentação.
Ante tais previsões, o alarme é maior se considera-se que os preços dos alimentos poderiam duplicar de agora a 2020.
Em relação a isto, os múltiplos atos de violência da chamada primavera árabe foram engendrados em grande parte "por distúrbios causados pela fome" e os altos "preços dos produtos alimentários", opina.
Sobre as armas nucleares, o SIPRI explica que as reduções anunciadas foram amplamente compensadas mediante a modernização e a multiplicação dos vetores.
Só oito países possuem mais de 20 mil 500 cabeças nucleares.
Desse total, "mais de cinco mil estão deslocadas e prontas para serem usadas, e duas mil mantidas em estado de elevado alerta operacional".
Cinco desses estados, assinantes do Tratado de não Proliferação, "ou já estão deslocando novos sistemas de armas nucleares, ou têm anunciado sua intenção de fazê-lo".
Considera assim mesmo que as despesas mundiais em armamento, sempre encabeçadas pelos Estados Unidos, experimentaram em 2010 um crescimento de 1,3 por cento, até o trilhão 630 bilhões de dólares.
Os cem maiores fabricantes mundiais de armamento, exceto a China, venderam 401 bilhões de dólares de produtos bélicos em 2009, com recorde para os Estados Unidos, cuja demanda governamental continua se elevando.
Seu orçamento militar para 2011 é de 708 bilhões de dólares, 42,8 por cento da despesa mundial, com o que quase atinge a todos os demais países juntos.
Não obstante o quantioso, e na opinião de muitos inútil comércio e despesa em armas, a realidade evidência que este custo é insustentável, a não ser que se reembolse mediante a conquista de territórios e de outros recursos.
Promover as guerras, fratricidas todas, conduz ao aniquilamento humano.
Durante a última década, duas milhões de crianças foram assassinadas nas guerras, e calcula-se que 150 milhões, com capacidade trabalhista, são exploradas como força de trabalho.
Quatro milhões de recém nascidos, segundo meios jornalísticos, morrem em seu primeiro mês de vida, 82 por cento não recebem antibióticos, vários milhões de menores de 14 anos têm AIDS e 500 mil mulheres falecem anualmente ao parir.
Ademais, 600 milhões de crianças no mundo são vítimas da pobreza, 100 milhões vivem na rua, 150 milhões de meninas e 73 milhões de menores de 18 anos são explorados sexualmente e um milhão 800 mil caíram no comércio sexual.
Expande-se a opinião de que "há muito os países poderosos... escolheram o caminho da arma e da guerra para resolver suas carências de energia e outros recursos naturais, sem pensar e analisar que podem acarretar estes fatos no futuro".
O Taranis, capaz de empreender tanto tarefas de espionagem e vigilância como de transportar armas para atacar todo tipo de alvos, foi desenvolvido por BAE Systems, Rolls-Royce, Qinetiq e GE Aviation com o apoio do Ministério de Defesa britânico, durante quatro anos, concluídos em 2010.
Gerald Howarth, o ministro para Assuntos de Defesa, declarou a BBC Mundo que "Taranis é um projeto realmente de vanguarda. Primeiro de seu tipo no Reino Unido, reflete melhorer os avanços de desenho e as habilidades tecnológicas de nosso país e constitui um programa líder no cenário mundial".
Mas "é um primeiro passo para o Reino Unido", pois "não se trata de um avião que vá entrar em serviço, senão de uma demonstração tecnológica que provará técnicas, demonstrará capacidades e assinalará a direção na qual vamos".
Segundo as pesquisas, compreendeu-se de que se trata... e é só um exemplo.
Sobretudo quando os déficits públicos se mantêm à ordem do dia, descem as despesas sociais, se privatizam bens do patrimônio, também na União Européia, e se elevam os orçamentos militares em países aos que ninguém agride.
Seus investimentos bélicos impedem salvar aos famintos, ao mesmo tempo que provocam a morte, também em espiral.


(*) Redação Global da Prensa Latina.

domingo, 5 de junho de 2011

Ônibus escolar é incendiado em Aldeia Miranda

Um coquetel molotov foi atirado no para brisa do ônibus



Ônibus escolar é incendiado em Aldeia de Miranda


Na noite de sexta-feira (3), por volta das 23h00, um ônibus da frota do Transporte Escolar de Miranda, que faz o trajeto entre a área urbana e a Aldeia Cachoeirinha, foi vítima de ação criminosa. Indivíduos ainda não identificados atiraram um Coquetel Molotov na para-brisa dianteiro do lado direito do motorista.

O atentado aconteceu na primeira entrada que leva à Aldeia Babaçu (que faz parte do complexo Cachoeirinha). Com o impacto o para-brisa quebrou e a gasolina se espalhou pela parte dianteira do ônibus. Ao mesmo tempo diversas pedras foram atiradas nas janelas do lado direito, quebrando diversos vidros, inclusive os da porta.
O motorista, Laércio Xavier Correia, assim como outras cinco pessoas que estavam nos bancos da frente foram atingidas pela gasolina em chamas, todas sofrendo queimaduras graves.

Foram atingidas pelas chamas as seguintes pessoas: Nayara Francisco Vitor (18), Rosana de Oliveira Martins (29), Lurdivane Pires (28), E. F. L. (16) e E. S. (15).

Os feridos foram socorridos e encaminhados para o Hospital Municipal de Miranda, transportadas por ambulâncias da Prefeitura. Diante da gravidade dos ferimentos, quatro deles foram encaminhados para a Santa Casa de Campo Grande.

São eles: Laércio Xavier Correia, E. F. L., Rosana de Oliveira Martins e Lurdivane Pires, sendo que o estado dos três últimos é considerado grave. O incidente só não tomou maiores proporções porque as pessoas abriram a saída de emergência localizada na janela dos fundos e pularam para fora do ônibus.
Ao tomarem conhecimento do fato o encarregado da empresa de ônibus, que é terceirizada, assim como o encarregado pelo transporte escolar da Prefeitura Municipal, compareceram imediatamente ao local, prestando atendimento às vítimas. O fato foi levado ao conhecimento da Polícia Militar que deslocou uma viatura com os PMs: Romel Adriano Ojeda, Wilson José de Lima e Marcos Antônio Silva, que fizeram os devidos levantamentos no local. Infelizmente não foi possível identificar os autores da ação criminosa, e foi lavrado o competente Boletim de Ocorrência. Na manhã seguinte a Polícia Civil também esteve no local fazendo os devidos levantamentos.
A secretária de Educação, professora Mara Batista Almeida, assim como o empresário Gerson Lopes, mantiveram plantão no hospital no sentido de que toda a assistência necessária fosse prestada. Comunicado do fato, o prefeito Neder Vedovato determinou empenho em atender todas as vítimas.
Na manhã de sábado (4) o coordenador municipal da Funai, Evair Borges, acompanhado pelo Cacique Adilson (Aldeia Cachoeirinha) e pelo líder indígena Ramãozinho, estiveram na garagem da empresa, onde mantiveram contatos com o proprietário do ônibus, senhor Gerson Lopes, assim como com a secretária de Educação, Mara Batista Almeida. O fato foi comunicado à Funai e à Polícia Federal, a quem compete as investigações.
Na oportunidade, os líderes afirmaram que já está sendo realizada uma investigação dentro da própria comunidade e que já teriam pelo menos um suspeito.
Para o proprietário do veículo é inconcebível que uma pessoa tenha a capacidade de cometer um ato desses, arriscando a vida de pessoas. Gerson Lopes lembrou que tanto a empresa quanto a Prefeitura Municipal tem feito todo o possível para prestar um atendimento de qualidade aos estudantes. Gerson salientou que recentemente a frota passou pela inspeção do Detran, tendo os ônibus sido aprovados em todos os quesitos.


http://www.gazetadopantanal.inf.br/2011/06/onibus-escolar-e-incendiado-em-aldeia-de-miranda/

sábado, 4 de junho de 2011

Os últimos momentos - ajudem a divulgar



José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo enfrentavam interesses poderosos. Mas não contavam com a traição de quem vivia as mesmas agruras. Por Felipe Milanez.

Foto: Marcelo Lacerda


Os últimos momentos


Felipe Milanez

3 de junho de 2011 às 20:15h


José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo enfrentavam interesses poderosos. Mas não contavam com a traição de quem vivia as mesmas agruras. Por Felipe Milanez. Foto: Marcelo Lacerda
A noite ainda cobria a floresta quando, por volta das 4h30 da manhã da terça-feira 24 de maio, uma moto vermelha passou em frente à Encruzilhada da Morte, apelido de um boteco localizado no assentamento Praia Alta-Piranheira, na área rural de Nova Ipixuna, no Pará. Seguiu em alta velocidade e cruzou a pequena vila de Maçaranduba. Sobre ela, dois homens carregavam uma mochila comprida. A dupla andava rápido por um motivo: era preciso chegar antes ao local planejado e preparar a tocaia. Certamente, não haveria outra oportunidade tão cedo.
Alguns quilômetros adiante, a moto parou em frente a uma ponte em más condições sobre um igarapé: uma tora de madeira semiafundada e, ao lado, uma prancha levantada. Passar ali exige cuidado. No fim da ponte, uma ladeira encobre a visão de quem a atravessa, local perfeito para emboscada. A dupla camuflou-se no mato, em um ponto de onde era possível enxergar até o topo da ladeira e não ser visto. E esperou.
Não muito longe, Maria do Espírito Santo se levantou assim que o sol surgiu por entre as árvores. Despertou o marido, José Cláudio Ribeiro, saiu pela varanda da casa, caminhou cerca de 5 metros e foi até a cozinha preparar o café. José Cláudio veio em seguida. Por volta das 7 da manhã, dia claro, o casal saiu. Passaram, como de costume, na casa de Laíse Santos Sampaio, vizinha, irmã e confidente de Maria. E foram para a cidade. Precisavam buscar logo o dinheiro que faltava para enviar à irmã de José Cláudio, que vive no Tocantins e está mal de saúde. Haviam conseguido com uma vizinha 700 reais emprestados. Mas os outros 1,3 mil reais viriam de uma amiga em Marabá. José Cláudio guiava a moto, Maria ia na garupa.
Perto da ponte, José reduziu ao mínimo a velocidade e conduziu a motocicleta com os pés. Assim que cruzaram o igarapé, foram surpreendidos. O primeiro tiro de escopeta atravessou a mão direita de Maria e atingiu o lado esquerdo do abdome de José. Na sequência, mais tiros de escopeta e de um revólver 38, que levariam o casal à morte. Um dos assassinos retirou o capacete e a touca que escondia seu rosto. Sua-do, livrou-se da touca no local do crime. O outro puxou a faca, andou até José Cláudio, que dava os últimos suspiros, e cortou um pedaço de sua orelha direita para levar como prova do serviço realizado.
José Cláudio e Maria, ambos de 54 anos, tinham medo. Sabiam que a morte os espreitava. Em conversa telefônica no início de maio, Maria declarou que estava com muito medo, e que “as coisas estavam ainda piores”. Seu apelo é conhecido nacionalmente desde outubro de 2010, quando a revista Vice divulgou trechos de uma entrevista feita por mim. “Eu sozinha eles não me pegam. Mataram a irmã Dorothy (Stang), mas não é o caso. Era uma freira, não tinha marido. Eu tenho um marido de personalidade forte. Que já teve momento de discutir com pistoleiro. Se pegar, pegam os dois”, anteviu.
A militância do casal é fruto do desejo de viver na Amazônia e preservar a floresta. Assentados, tornaram-se voz -ativa contra a concentração de terras, o contrabando de madeira e a produção ilegal de carvão. Acumularam muitos e poderosos inimigos: madeireiras, donos de carvoaria, grileiros, pecuaristas, industriais da siderurgia e até mesmo assentados como eles que se dedicam a extrair madeira de forma ilegal. Nunca se intimidaram e pagaram o preço. Dois dias depois, outro pequeno agricultor, Herivelto Pereira dos Santos, também seria morto. Até agora, a polícia não estabeleceu conexões entre os crimes, mas parece lógico que há aí, no mínimo, uma escalada da violência decorrente do clima tenso. José Cláudio até desconfiava do preço por sua cabeça: 5 mil reais. Há quem fale no dobro, por causa de sua posição de liderança.
As denúncias dos crimes ambientais feitas pelo casal ficaram mais intensas a partir de 2007, depois de serem excluídos da diretoria da Apaep, associação de assentamentos onde viviam. José e Maria acusavam a Apaep de ter se unido a carvoeiros e madeireiros ilegais. Ao mesmo tempo, em consequência do crescimento econômico experimentado pelo País e de novos projetos siderúrgicos na região, Marabá alcançou uma população de 233 mil habitantes. Isso representa demanda por mais casas, mais ruas, mais bairros. As árvores do entorno, principalmente as castanheiras sobreviventes do intenso período da exploração madeireira entre 1985 e 1995, viraram a matéria-prima da construção civil. Segundo documentos em meu poder, até o Incra valeu-se de madeira ilegal. Uma distribuidora e uma construtora, a Santa Bárbara, foram autuadas em agosto de 2010 pelo Ibama por venda e utilização de partes de castanheiras, cuja derrubada é expressamente proibida. O Incra-, que deveria proteger o assentamento e dar subsídio ao extrativismo, contratou a construtora que ergueu casas no projeto de -Assentamento 26 de Março.
Igualmente enfrentavam os pecuaristas e suas ações ilegais para acumular terras. Em 17 de novembro do ano passado, por intermédio de José Cláudio, o assentado Francisco Tadeu Vaz e Silva denunciou à Comissão Pastoral da Terra que Neusa Santis, do cartório de Marabá, teria usado “laranjas” para obter lotes na região e depois revendê-los para um tal José Rodrigues. Este e Genival Olivaria Santos, conhecido como Gilzão, acompanhados por policiais, teriam expulsado Vaz e Silva de seu terreno. O próprio José Cláudio denunciou posteriormente Neusa Santis ao Incra.



O primeiro tiro de escopeta atravessou a mão de Maria e se alojou no abdome de José. Outros disparos concluíram o serviço. Foto: Felipe Milanez


O casal encaminhou outras tantas denúncias aos órgãos competentes. Em uma delas, enviada ao Ministério Público, anotou: “O mais angustiante é que está sendo destruído todos os castanhais de dentro do projeto, e até o momento não está sendo feito nem uma ação por parte do Ibama, e o mesmo sabendo de todos os fatos que vem acontecendo no projeto, no desrespeito à extração de Castanheiras e na instalação de Fornos de Carvão e destruição de açaizais, andirobeiras e outras espesses (sic) que estão em extinção”.
Diziam-se também preocupados com a concentração de terras e suas consequên-cias: o desmatamento de grandes áreas e a extração ilegal de madeira. José e Maria chegaram a listar os principais madeireiros da região, todos de uma mesma família: Aguilar Tedesco, o patriarca, Aguimar Tedesco, o filho, Marlu, Marlos Ailton Tedesco, que seria um sobrinho (grau de parentesco não confirmado). O engenheiro florestal responsável pelos planos seria Edimilson Macedo dos Santos, conhecido como Bobo. A acusação- data de 13 de novembro de 2007.
A denúncia ao MP deu início a uma investigação. Instigado pela Procuradoria, o Ibama decidiu agir e todas as madeireiras da cidade passaram a ser vistoriadas. As empresas da família Tedesco foram multadas e embargadas. Mas, à medida que eram lacradas, novas companhias eram abertas no lugar, com outra estrutura jurídica. A Tedesco Madeiras Ltda., de 2007 até hoje, foi multada em 820 mil reais. Uma mudança radical e um baque em suas finanças. Só para se ter uma ideia, nos seis anos anteriores, as autuações das empresas do grupo não haviam somado 10 mil reais. Só a Madeireira Eunápolis, uma das principais da família, que entre 1999 e 2006 foi multada em míseros 4,3 mil reais, acumula autuações em quase 180 mil reais desde 2007.
Na entrevista de outubro de 2010, Maria se mostrava surpresa com a ação do Ibama, já que a denúncia havia sido encaminhada ao MP. No dia seguinte à maior operação realizada pelo instituto ambiental, um pistoleiro teria sido enviado para matar seu marido. Conta ela que um rapaz teria simulado um problema em uma moto e procurado pelo socorro de José Cláudio. A sorte é que ele não estava em casa e o homem foi embora.
Além da vistoria das madeireiras, o Ibama- intensificou, a partir das denúncias do casal, a fiscalização dos caminhões que transportavam carvão ilegal para as siderúrgicas de Marabá. As principais consumidoras seriam a Sidepar e a Cosipar.
Para os assentados que não queriam mais o extrativismo, o carvão passou a ser importante fonte de renda, e uma moeda política nas eleições das assembleias da associação. O carvão ilegal custaria cerca de 30 reais o metro, o que poderia render até 2 mil reais por mês. Some-se o valor pago pelas toras e os assentados teriam um ganho rápido. “Se eu vendo uma árvore, ela me dá dinheiro uma vez. Se protejo, ela me dá dinheiro todo ano”, me disse José Cláudio em outubro, ao criticar a falta de perspectivas dos colegas de assentamento.
No último ano, as ações do Ibama eram capitaneadas por Roberto Scarpari, conhecido pelo rigor no combate aos crimes ambientais. O casal se encontrou várias vezes com Scarpari, a quem sempre elogiou. O problema é que as ações de -repressão do Ibama não foram acompanhadas de outras investigações para estabelecer a ordem na região. Os denunciantes, em consequência, ficaram expostos.
O Ibama repassava as denúncias ao MP, que as encaminhava à Polícia Federal. Mas os federais, sob a justificativa (errônea) de que os crimes denunciados não eram da esfera federal, nunca as investigaram, nem as ameaças contra o casal. Foi outro órgão público, o Incra, que apontou o “equívoco” da PF: “Trata-se de área pública incorporada e sob o domínio da União”. Logo, de competência federal. Até 18 de abril de 2011, data da última manifestação do MP, não havia sido instaurado nenhum inquérito policial sobre os fatos, embora as denúncias de José e Maria, e as ameaças contra eles, já há muito tivessem se tornado públicas.
O casal não confiava na polícia de Nova Ipixuna. “Teve madeireiro que ameaçou agricultor. Chegou com a polícia, em um desses núcleos, ele trouxe a polícia disfarçada de fiscal, entrou no lote de um agricultor e tirou toda a madeira”, me contou Maria. A tática de José para sobreviver era alterar os caminhos por onde passava, sem nunca repetir as rotas. Só uma traição, portanto, poderia conduzir os matadores até eles.
O enterro do casal provocou comoção. Uma multidão despediu-se de José e Maria cantando o Hino Nacional. No fim, uma das assentadas repetia aos berros a frase: “Verás que um filho teu não foge à luta”. Deputados, representantes dos movimentos sociais, da PF e do Ibama se reuniram após o evento, enquanto helicópteros sobrevoavam a área. Mas nem todo esse aparato intimidou a pistolagem. No mesmo dia, a oito quilômetros das lápides do casal e três horas depois de os túmulos serem cobertos por terra, Erivelton foi morto. Encontrado no sábado pela manhã, ele havia levado um tiro na cabeça e outro no peito, método notório de execução. Como não se apontou relação entre as mortes, o assassinato de Erivelton será investigado pela polícia local.
No sábado 28, familiares de José Cláudio e Maria tentaram levantar o nome de suspeitos do crime. Decidiram ainda pleitear que a casa onde vivia o casal seja transformada em uma Reserva Particular- do Patrimônio Natural (RPPN), forma de homenagem. Os parentes acreditam que a tentativa de levantar dinheiro para salvar a irmã possa expor o casal, sempre tão cuidadoso. Falam em traição vinda do próprio assentamento: alguém teria avisado os mandantes (seria não um, mas um consórcio) da viagem a Marabá e do possível trajeto do casal. “Alguém daqui de dentro traiu eles e informou que eles estavam indo para a cidade. Avisaram os pistoleiros”, afirma a irmã mais nova de José Cláudio, Claudenice Santos.





A queimada não poupa nem as castanheiras, que deveriam ser preservadas.

Foto: Felipe Milanez


Maria, quando viva, queria ter feito mais uma denúncia, desta feita sobre a colônia de pescadores do lago de Tucuruí, no limite do assentamento. “Há mais de mil inscritos, mas eles não chegam a cem. Tão recebendo dinheiro de aposentadoria sem ser aposentados.” Queria fazer a denúncia bem organizada, ela disse. Seu senso de justiça não tolerava o roubo ao dinheiro público. Foi silenciada antes, da mesma forma banal com que vidas são ceifadas no meio da floresta. Na lei da selva, o pistoleiro e o mandante sempre vencem.

Será diferente agora?


Carta Capital


http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/os-ultimos-momentos


Comissão Pastoral da Terra quer medidas estruturais para combate à violência





Devido aos lucros resultantes de seu solo, parte das florestas foi derrubada




Após a morte de lideranças sociais em cinco dias, na Amazônia, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi recebida pelo governo federal, nesta terça-feira (31), para entregar uma lista com 207 pessoas ameaçadas de morte.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, recebeu o material juntamente com representantes do Ministério de Justiça, da Secretaria Geral da Presidência da República e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A reportagem é de Vinicius Mansur e publicada pelo Brasil de Fato, 01-02-2011.
De acordo com a ministra, o governo realizará uma análise da lista e definirá como proteger as pessoas. “O governo federal através de uma série de ministérios orientados pela presidenta Dilma assume a tarefa de levara adiante fortes enfrentamentos contra o crime organizado nessa região [Pará e Rondônia]”, comenta Rosário.
A CPT elogiou a postura do governo, mas disse que é preciso mais. De acordo com o membro da CPT, José Batista Afonso, o governo precisa ainda considerar a lista de ameaçados que outros movimentos sociais e a Ouvidoria Agrária Nacional possuem e também fortalecer o Programa de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos, “programa que foi uma luta dos movimentos sociais, mas infelizmente não foi priorizado, falta recurso, estrutura”, disse.
Batista considerou as ações repressivas importantes, mas cobrou do governo agilidade em políticas que ajam sobre as causas da violência na Amazônia, segundo ele, fruto da expansão cada vez mais violenta e rápida de setores ligados a extração ilegal de madeira, pecuária extensiva e ao agronegócio, principalmente da soja. “É preciso mais agilidade na demarcação de terras indígenas, regularização das terras de remanescentes de quilombos, das comunidades ribeirinhas, das áreas de proteção ambiental, além da fiscalização daquelas já existentes. Essa demarcação de territórios das comunidades da Amazônia é um passo no sentido de impor uma barreira de expansão dessas empresas ligadas ao grande capital, que estão na origem dessa violência. Então, é preciso atacar a questão de fundo, a reforma agrária também precisa ser prioridade.”
Código Florestal
A CPT desde 1985 divulga, anualmente, um relatório sobre os conflitos no campo. Segundo a entidade, 1.855 pessoas foram ameaçadas nos últimos dez anos. Destas, 42 foram assassinadas e 30 sofreram tentativa de assassinato. Somente 91 foram julgadas, 21 foram condenadas, mas só uma está presa, Vitalmiro Bastos de Moura,o Bida, culpado pela morte da missionária Dorothy Stang. “Isso é pela pressão internacional”, comenta Dirceu Fumagalli, da CPT.
A lista de 207 pessoas entregue ao governo federal se refere aqueles que receberam mais de uma ameaça.Perguntados pelo Brasil de Fato se a ação mais enérgica do governo para combater a violência no campo vem somente neste momento por que há um receio de que os conflitos se acirrem com o novo Código Florestal, os representantes do governo negaram.
“Acima de tudo, vem de uma compreensão clara que se trata de uma brutal violação dos direitos humanos”, disse a ministra Maria do Rosário.
“Não há nenhum dado, investigação apontando qualquer vinculação destes assassinatos com a tramitação do Código Florestal”, afirmou o secretário Executivo do Ministério da Justiça, Luis Paulo Barreto. Batista disse que a análise da CPT vê relação entre os fatos. “A questão da regularização fundiária, aprovada em 2009, a questão da concessão de florestal, são leis que vem flexibilizando para que o capital avance sobre a floresta. Então, as leis têm favorecido isso e o Código Florestal vem nesse contexto”.

Medidas do governo
Para responder ao que a ministra Maria do Rosário classificou de “ousadia do crime organizado e dos setores econômicos que tem ameaçado e executado trabalhadores”, a presidenta Dilma criou um grupo de trabalho interministerial, a ser coordenado pelo secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para acompanhar a investigação dos assassinatos e acelerar ações de regularização fundiária e desenvolvimento sustentável nas áreas de conflito. A Operação Arco de Fogo, criada em 2008 para coibir ações de extração ilegal de madeira na região da Amazônia e outros delitos ambientais, também foi retomada.
Além de ministérios e do Incra, o governo pretende mobilizar a Força Nacional de Segurança Pública, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Porém, Luiz Paulo Barreto disse que governo federal precisará dos estados. “Não poderemos agir sem que os governadores, as forças policiais dos estados, as ouvidorias, corregedorias e os ministérios públicos estaduais estejam agindo”, concluiu.


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fotos: notícias uol

sexta-feira, 3 de junho de 2011

COMUNICADO URGENTE: DRUMMOND PEDE SOCORRO







Despejo com data marcada




Há 10 dias, desde a manhã do dia 24 de maio, moradores do Bairro Drummond estão acampados em frente à Prefeitura de Itabira -MG, exigindo que o Governo Municipal tome uma providência urgente para impedir a demolição das casas da comunidade onde vivem cerca de 300famílias, desde o ano 2000.

Ontem, quarta-feira, participamos de uma audiência designadapelo Juiz André Luiz Pimenta, da 1ª Vara Cível da Comarca de Itabira,na qual também estiveram o Procurador do Município, representando o Prefeito João Izael (PR) e o Tenente-Coronel Edvânio Rosa Carneiro do comando da Polícia Militar em Itabira. Nessa audiência a Prefeitura manteve a posição de não fazer absolutamente NADA para impedir o despejo e preservar a integridade eos direitos dos moradores.

O comandante da PM, por sua vez, disse que o planejamento do despejo já está pronto e que irá contar com reforço de batalhões especializados de Ipatinga e da capital Belo Horizonte.

A promotora do Ministério Público, presente na audiência, foi completamente omissa e sequer questionou para onde serão levadas as centenas de crianças e idosos que vivem no Drummond. O Juiz André Luiz Pimenta fixou, então, a data-limite até o dia 31 de julho para que as famílias deixem suas casas voluntariamente, com todos seus pertences, sem nenhuma alternativa digna. A audiência serviu para comprovar que a Prefeitura está determinada a permitir a destruição da Comunidade Drummond!

A situação é extremamente grave e clama pela solidariedade eempenho de tod@s em defesa do Drummond, bairro consolidado há mais de10 anos numa área que estava completamente abandonada!

Um ônibus com militantes da Comunidade Dandara (Céu Azul, BH-MG) também está acampado na Prefeitura de Itabira, mas é preciso que mais pessoas e movimentos fortaleçam essa luta justa. Às autoridades cumpre alertar que as famílias do Drummond estão organizadas e dispostas a lutar por sua dignidade e resistir ao despejo que é ilegal, injusto e imoral.

O risco de confronto é real e poderia perfeitamente ser contornado se o Prefeito João Izael não se furtasse do seu dever institucional, na qualidade de mandatário eleito pelo povo de Itabira.

Em assembléia, as famílias decidiram manter o acampamento na porta da Prefeitura por tempo indeterminado, ampliar a mobilização e buscar outros meios jurídicos e políticos para impedir a arbitrariedade do despejo forçado.

A população da comunidade que leva o nome do Grande Poeta Itabirano segue em luta, fortalecendo o processo de organização e consciência para resistir contra aintolerância dos poderosos. Em resumo, estamos correndo contra o tempo!

O tenente-coronelda PM que comanda a região de Itabira disse ontem à imprensa que "espera que os moradores saiam por livre e espontânea vontade. Se as famílias não saírem, a PM vai agir imediatamente após o fim do prazo".

Não vamos permitir que a violência praticada no último mês de maio contra os trabalhadores sem-teto de Aracruz - ES, no despejo desumano da ocupação Nova Esperança, se repita aqui em Minas Gerais.

Contribua com a resistência enviando mensagem de repúdio ao despejo para o Prefeito João Izael (PR), clicando AQUI.

Ao final,segue mensagem resumida que pode servir de modelo.

Sugerimos que manifestações de repúdio também sejam encaminhadas aos endereços de email do Governador do Estado de Minas(governadorgab@governo.mg.gov.br) e do Presidente do Tribunal deJustiça (gapre@tjmg.jus.br) com cópia para brigadaspopulares@gmail.com

Pedimos ainda que este Comunicado seja repassado para seus contatos dando publicidade ao drama vivido pelos(as) itabiranos(as)que construíram com tanto sacrifício suas moradias na Comunidade Drummond. Modelo de mensagem em repúdio ao despejo:

"Informado sobre a iminência de desalojamento forçado(despejo) de cerca de 300 famílias sem teto da comunidade Drummond, nacidade de Itabira, Minas Gerais, Brasil, venho manifestar meu repúdioe indignação diante da grave situação em que se encontram essasfamílias. Dita comunidade, que se consolidou há mais de 10 anos,reflete o grave problema habitacional que vive o povo pobre do nossopaís. No Bairro Drummond vivem centenas de crianças, mulheres, idosos,pessoas em vulnerabilidade social, vítimas de um conflito social quenão pode ser tratado como caso de polícia. Sabe-se que o processo judicial que culminou na ordem de despejo (expedida pelo Juízo da 1ªVara Cível da Comarca de Itabira) é repleto de nulidades. É preciso serenidade, cautela e maturidade política. A legislação brasileira prevê inúmeros instrumentos jurídicos para regularizar casos como esse, a exemplo da desapropriação por interesse social mediante indenização. Recentemente, representante da Secretaria de Programas Urbanos foi à Itabira e disse que o Ministério das Cidades poderia aportar recursos federais para solucionar o impasse. Em tempos de Programa Minha Casa, Minha Vida, seria um absurdo despejar mais de mil pessoas sem qualquer alternativa digna. Esperamos que as autoridades,especialmente o Prefeito de Itabira, Sr. João Izael (PR), e o Governador do Estado, Antônio Augusto Anastasia, tenham a sensatez de dialogar e buscar uma saída negociada. O despejo forçado é ilegal,injusto e imoral. Exigimos que seja buscada uma solução justa para quetamanha violência

não se consuma contra os(as) trabalhadores(as) de Itabira-MG".


O valioso tempo dos maduros. - Mário Pinto de Andrade




Eu e os meus netos mais novos, João e Pedro



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário Pinto de Andrade
Escritor e político angolano, de nome completo Mário Coelho Pinto de Andrade.
(1928-1990)


- Recebi este texto formatado em pps. de minha querida amiga Vilma Valvassori Catenacci, dedico a ela esta página.