sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ao Sr. Didymo Borges

Foto tirada no dia da eleição presidencial/ segundo turno/2006
Trabalhei como fiscal das 7:00 às 19:00 h/sem poder deixar meu posto para almoçar.
Prezado Didymo Borges,
Estou surpreendida com a repercussão que a minha "Mensagem a um omisso" teve em razão de você tê-la enviado para os seus leitores.
Você, realmente, é lido e discutido em todo o Brasil.

Tenho recebido dezenas de e-mails apoiando o meu posicionamento.
Hoje fui até cumprimentada na academia onde pratico natação por um sr. extremamente conservador que sempre foi um crítico feroz de minha militância em favor da Reforma Agrária e de minha colaboração à Comissão Pastoral da Terra e ao MST.

Quero agradecer através desta, a todos que me mandaram mensagens gentis de apoio ao difícil posicionamento que tive que tomar em razão do comportamento de alguns senadores petistas.

Tenho recebido também muitos e-mails de indignação contra a "carraspana" (expressão usada por um internauta) que a Sra. Grace tentou me impingir. A maioria considerou "um desaforo" as considerações feitas por ela.

Por causa de todas estas reações, sinto-me na obrigação de, publicamente, responder, embora não consiga entender como alguém que não é filiada a nenhum partido, que nunca foi militante do Partido dos Trabalhadores, que não ajudou construí-lo e nem colocá-lo no poder, possa se manifestar sobre o assunto.

Ela não deve ter a mínima idéia de todas as plenárias onde fui voto vencido e nunca protestei, ao contrário, aceitei de imediato todas as deliberações tomadas pela maioria, mesmo sem concordar.

Eu continuo admirando o presidente Lula, possivelmente continue votando nos candidatos do PT de cujo mandato eu participei e participo em função do meu voto.

Não entendi o porquê desta Sra. querer me "ensinar" como funciona a democracia dentro do Partido dos Trabalhadores!! Eu sempre tive orgulho de nossos rachas, das tendências opostas, do nosso comportamento ético com relação ao vencedor e ao perdedor nas eleições internas.

- Baseada em que vivência ela afirma o que afirmou??

Trabalhei e trabalhei duro em todas as campanhas e em todas as eleições, à revelia de toda minha família. Acordando de madrugada, indo para as ruas, fiscalizando as eleições com o crachá no peito, sendo agredida por causa dele.
Esperando acabar a eleição para pegar o B.U (boletim das urnas, viu Grace?) e levar para a sede do Partido, apesar de estar exausta, muitas vezes debaixo de chuva, na maioria das vezes sabendo de antemão da nossa derrota já anunciada pelas pesquisas de boca de urna.

Ser apenas simpatizante do PT não dá a ninguém o direito de falar com "autoridade" sobre ele e nem de dar lições de cidadania. Sugiro que esta senhora se filie ao Partido dos Trabalhadores e faça alguma coisa objetiva por ele. Que proteste como eu protestei, contra o governo FHC, expondo-me nas ruas, colocando em risco o meu cargo federal conquistado através de concurso, pois nunca aceitei nenhum cargo de confiança.

Não mereço ser criticada por pessoa com este nível de consciência política. Tamanho é o distanciamento que esta senhora tem do Partido dos Trabalhadores que nem ao menos sabe sabe escrever corretamente o nome do Senador Aloízio Mercadante.

Gostaria que você encaminhasse aos seus leitores a resposta (transcrita abaixo) que o Senador me enviou tentando explicar o inexplicável.

Parece que a Sra. Grace ficou mais ofendida que ele.

As satisfações que ele pretende dar às acusações que eu lhe fiz demonstra que, pelo menos, ele se sente em débito com a militância petista.

Um grande abraço,
Nédier


Resposta do Senador Mercadante

From:assessoria@mercadante.com.br
To:
nedier@uol.com.br
Sent: Thursday, September 27, 2007 3:02 PM
Subject: Resposta Senador Mercadante

Prezada Nédier

Cordiais Saudações

Informo as providências que estou tomando em relação aos processos contra o senador Renan Calheiros:
1) Nova representação contra o senador Renan Calheiros - Conforme tenho dito, esse processo apenas se iniciou. O senador Renan Calheiros não foi absolvido. A Mesa do Senado acaba de receber nova denúncia de que Renan Calheiros teria participado de um esquema de desvio de dinheiro em ministérios chefiados pelo PMDB. Essa nova representação somente agora passará a ser analisada. Portanto, novamente gostaria de esclarecer que são quatro representações, quatro processos diferentes. Estamos julgando um único mandato, mas estamos analisando quatro representações. O julgamento não acabou. Haverá mais três votações, que podem levar à cassação do mandato do senador Renan. Eu sobrestei meu voto para aguardar a análise de todos os processos e, assim, formar uma convicção definitiva diante do conjunto das acusações. Defendo que os processos podem até ter relatores diferentes, mas deveriam ser todos apreciados numa única sessão, porque, enquanto não dermos um voto terminativo sobre o futuro do senador Renan Calheiros, a Casa continuará se desgastando. Volto a dizer: em relação ao primeiro processo, não há conclusão sobre a tese fundamental da denúncia de que a empreiteira Mendes Júnior pagou, por meio de lobista, as contas pessoais do presidente do Senado. Mas considerei que há graves indícios que precisam ser esclarecidos. Ficaram dúvidas e incertezas. Sendo assim, na votação desse primeiro processo, eu não poderia ter votado pelo arquivamento de modo algum, e não poderia absolver Renan. Ainda não há uma visão abrangente, acabada do processo. Meu voto não foi de omissão. Foi um voto transparente, de quem entende que o julgamento de mérito se faz com base na conclusão do processo das quatro denúncias, quando, então, será possível assumir uma posição definitiva.
2) Licenciamento de Renan - Conforme disse em meu discurso da última terça-feira, na tribuna do Senado, já havia defendido e continuo defendendo que o presidente Renan se licencie. Considero que ele deve ter assegurado o direito de defesa, mas, ao insistir em sua permanência no cargo, Renan prejudica as votações e o andamento dos trabalhos na Casa e é grande o desgaste institucional. É como se os grandes erros que ele cometeu, que poderão ser crimes se forem comprovados, fossem da própria instituição.
3) Sessões abertas - Um requerimento pedindo que as sessões futuras sejam abertas foi apresentado e apoiado pela bancada do PT e pelos líderes dos partidos, a partir de um pronunciamento meu, que sempre defendi o voto aberto, essencial para dar a transparência necessária e evitar qualquer tipo de manipulação do voto.
4) Voto aberto - Aprovamos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira, emenda à Constituição que acaba com todas as votações secretas no Congresso Nacional. Gostaria de lembrar que nos últimos 20 anos o PT luta pelo voto aberto. Fomos derrotados em 2003. Nesta quarta-feira, na sessão da CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou parecer mantendo o sigilo nas votações de indicações e vetos, mas alterou o documento a partir das minhas argumentações. Passou a defender a extinção do voto secreto. O parlamentar tem que assumir sua responsabilidade. Acho que é preciso ser absolutamente radical na transparência. É preciso ter coragem para assumir responsabilidades, e tenho feito isso. Sempre fiz. O que é inconcebível é que possamos ter 43 senadores anunciando ter votado pela cassação de Renan, quando, no painel, foram registrados somente 35 votos contra o presidente do Senado. Isso fragiliza a representação e não permite ao eleitor se identificar ou não com a votação de quem a tenha feito. Vou trabalhar com afinco, não vou me ausentar, não vou me omitir, serei coerente. Declararei meu voto definitivo assim que houver o julgamento final desse processo, a partir do conjunto dos indícios e das provas oferecidas para essas denúncias.


Um abraço
Senador Aloizio Mercadante.