segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os Indiferentes - Antonio Gramsci



OS INDIFERENTES


Antonio Gramsci


Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.

A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso.

Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então se zangam, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis.

Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir o pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.




CRÉDITOS
Primeira Edição: La Città Futura, 11-2-1917
Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"
Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.
Transcrição de: Alexandre Linares para o Marxists Internet Archive
HTML de: Fernando A. S. Araújo
Publicado em
PCBDireitos de Reprodução: Marxists Internet Archive (marxists.org), 2005. A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nota de Protesto do CIMI - Conselho Indigenista Missionário

Foto: Violência contra os povos indígenas do Brasil
Relatório 2008 - CIMI
Nota de protesto do Conselho Indigenista Missionário


Contra a decisão do Ministro da Justiça de suspender os efeitos das portarias declaratórias de terras Guarani no estado de Santa Catarina

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, suspendeu, por meio da Portaria 2.564, de 23 de agosto de 2010, os efeitos das portarias declaratórias das terras indígenas Guarani Mbyá de Morro Alto, Piraí, Tarumã e Pindoty, nos municípios de São Francisco do Sul e Araquari, em Santa Catarina.

O ilustre ministro, em suas alegações, disse que suspendia os efeitos das portarias declaratórias "em cumprimento à decisão liminar proferida nos autos da Ação Ordinária nº 2009.72.01.005799-5". Decisão esta realizada no dia 09 de julho de 2010, pelo juiz federal substituto Claudio Marcelo Schiessl, da 1ª Vara Federal de Joinville, que concedeu liminar em antecipação dos efeitos de tutela em favor de ação ordinária impetrada pela Associação de Proprietários, Possuidores e Interessados em Imóveis nos municípios de Araquari e da Região Norte/Nordeste de Santa Catarina, Pretendidos para Assentamento Indígena - ASPI. A referida associação pleiteou a anulação das portarias declaratórias 2.81 3/09, 2.907/09 e 2.747/09 e de todos os atos administrativos praticados no intuito de criar as reservas indígenas do Piraí, Tarumã, Morro Alto e Pindoty.

O Cimi não pretende, nesta nota pública, analisar ou discutir a decisão do juiz substituto de Joinville, até mesmo porque o magistrado não tratou do mérito da ação, uma vez que este se vincula ao procedimento administrativo de demarcação das terras indígenas, regido pela Constituição Federal e pelas normas do Poder Executivo estabelecidas pelo Decreto 1775/96 e pela Portaria do ministro da Justiça de número 14/96. Tanto é assim que, em sua decisão, o juiz federal faz referência à ação contra a criação de reservas indígenas e não a demarcação de terras de ocupação tradicional indígena, conforme expressa a Constituição Federal em seu Artigo 231. Caso tivesse, o ilustre magistrado, analisado o mérito da questão deveria tratar do tema com a devida diferença conceitual existente entre uma terra indígena de ocupação tradicional e as reservas indígenas.

Ao Cimi interessa, nesta nota, questionar o procedimento do ministro da Justiça pelo fato de, também ele, suspender os efeitos das portarias que já estavam suspensos pela liminar de antecipação de tutela. Ou seja, a decisão do juiz substituto não determinou que o ministro da Justiça suspendesse os efeitos das referidas portarias, ao contrário, ele deferiu pela ação ordinária proposta pela ASPI e concedeu, em primeira instância, liminar sustando os efeitos das portarias declaratórias.

A decisão do ministro Luiz Paulo Barreto é inócua, improcedente, descontextualizada e prejudicial aos interesses da União. Isso porque, a decisão judicial de primeira instância atingiu atos administrativos de demarcação de terras indígenas e, como sabemos, uma terra indígena é um patrimônio público federal, é um bem da União. Diante desta decisão, a primeira medida responsável de um Ministro de Estado da Justiça deveria ser a de defender os interesses da União, atacando, através de recursos judiciais, a decisão que anulou os efeitos dos atos administrativos realizados pelo seu ministério. Mas o Ministro, ao contrário do que dele se esperava, decidiu também suspender administrativamente o que juridicamente já estava sem efeito.

Diante deste fato inusitado, é necessário que a opinião pública, os povos indígenas e todos os setores da sociedade, aliados da causa indígena, se manifestem contra a decisão do ministro da Justiça exigindo a revogação da Portaria 2.564, de 23 de agosto de 2010, que suspende os efeitos das demarcações das terras e que seja acionada a Advocacia Geral da União para contestar judicialmente a decisão do juiz substituo de Joinville.

O Cimi também manifesta seu apoio e solidariedade ao Povo Guarani, de modo especial àquelas comunidades que estão sofrendo em função destas decisões. No entender do Cimi, estas decisões têm o claro objetivo de atacar os direitos constitucionais dos povos indígenas para agradar políticos em campanha eleitoral, para beneficiar grileiros, grandes empresas e especuladores de terras e do meio ambiente.

Conselho Indigenista Missionário

Brasília, 27 de agosto de 2010.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Momento Perfeito - Maria Helena Bandeira


Foto: Eu e o meu símbolo: Fênix, a que renasce das cinzas
Caiobá/2010
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Há alguns meses tenho sentido muitas dores em função de problemas ortopédicos que praticamente me impedem andar. Ontem me senti melhor e lembrei de uma frase poética da Helena Kolody:
"Ventura elementar
de estar ao sol,
viva e sem dor"
Só podemos vivenciar esta ventura depois de uma fase difícil, quando nos sentimos fragilizados e impotentes.
Porém, mais importante que os médicos e a medicação são os amigos.
Esta página é dedicada aos meus amigos virtuais do grupo "Conversa de Botequim" Conversa_de_Botequim@yahoogrupos.com.br e em especial ao Professor José Carlos Antonio, à Tania e à Mhelzinha, que é como chamo a poetisa e artista plástica Maria Helena Bandeira que me mandou esta linda poesia "Momento Perfeito" de sua autoria, transcrita abaixo.
Eles tem suportado o meu choromingar constante e me ajudaram suportar com bom humor e leveza este período cinzento.
Cinzento das cinzas antes do renascer.
Nédier
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Maria Helena escreveu:
Nédier,
Como eu sempre digo, plagiando o óbvio: a felicidade são momentos.
Para você, em homenagem a sua vitória sobre a dor, um deles que retratei em poesia:


MOMENTO PERFEITO


Quando a fome é satisfeita
mais do que o desejo
Quando se tem a paz e o pão
como sobejo
Quando sobram carícias
sobre o beijo
Quando tudo que existe
é além do bem
Moldura do real
céu de colégio
alem do pão, da paz, além do beijo
momento de infinito
papel de realejo
sorvete com cereja
pão de queijo
arco do meu triunfo
singeleza
café de botequim
e sol na mesa
momento de certeza
feito de quero mais
inédita beleza
.
Beijo,
Merrel
(Maria Helena Bandeira)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PARTICIPE DA LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA

"Participe dessa luta. Vista o boné do MST e ajude a defender essa bandeira, que não é só dos camponeses, é sua também. "

Foto: eu em Guaíra/PR

PARTICIPE DA LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA


O MST vem para as cidades nesta semana pedir apoio, mais uma vez, a todos os trabalhadores e trabalhadoras em defesa da Reforma Agrária. Queremos apresentar uma proposta de novo modelo para a agricultura brasileira, que de fato distribua a terra, ajude a gerar empregos, produzir alimentos de qualidade e a preços acessíveis aos brasileiros.
O Movimento tem como objetivo principal a luta pela democratização da terra. O Brasil tem uma das maiores concentrações de terra do mundo: mais de 43% das terras agricultáveis do país estão nas mãos de 1% de latifundiários (cerca de 50 mil proprietários, enquanto 4 milhões de famílias não tem terra para trabalhar).
Nós avaliamos que, para distribuir parte das terras improdutivas, é necessário fazer um processo massivo de Reforma Agrária. Dessa forma, as condições de vida da população das cidades também vai melhorar. Defendemos uma Reforma Agrária Popular, com a criação de agroindústrias, que possam gerar renda e criar empregos no meio rural, com a construção de escolas e universidades de boa qualidade, possibilitando que a população permaneça no campo e tenha boas condições de vida.
Por defender a bandeira da divisão da terra, a nossa luta incansável faz dos Sem Terra vítimas de uma grande campanha de criminalização da mídia e dos latifundiários. Há uma tentativa de transformar o MST em culpado pelos crimes causados pelo latifúndio do agronegócio.
Nós viemos às cidades e vamos sair às ruas para denunciar o agronegócio pela destruição da natureza, pelo uso de grande quantidade de veneno - que além de destruir o solo envenena a população – e pela expulsão do homem e da mulher do campo. Queremos também denunciar o uso de trabalho escravo nas áreas de produção do agronegócio. Um crime como esse não pode ficar impune e essas terra devem ser distribuídas para a Reforma Agrária.
Ajude a defender a Reforma Agrária. Dividir a terra é contribuir com a melhoria das condições de vida dos trabalhadores do campo e da cidade. Defender a Reforma Agrária é lutar pela preservação do meio ambiente e pelo fim da violência no campo, produzida pelas grandes empresas capitalistas e pelo latifúndio.

Participe dessa luta. Vista o boné do MST e ajude a defender essa bandeira, que não é só dos camponeses, é sua também.
Viva Reforma Agrária! Viva o povo brasileiro!

Secretaria Nacional do MST







Reflexões de Fidel Castro: A ONU, A IMPUNIDADE E A GUERRA

Foto: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/176_fidel/page9.shtml

A ONU, A IMPUNIDADE E A GUERRA


A Resolução 1929 do Conselho de Segurança das Nações Unidas a 9 de Junho de 2010, marcou o destino do imperialismo.

Sei lá quantos terão se apercebido de que entre outras coisas absurdas, o Secretário-geral dessa instituição, Ban Ki-moon, cumprindo ordens superiores, incorreu no disparate de nomear Álvaro Uribe -quando este estava quase a concluir seu mandato- Vice-presidente da comissão encarregada de investigar o ataque israelita à pequena frota humanitária, que transportava alimentos essenciais para a população sitiada na faixa de Gaza.
O ataque ocorreu em águas internacionais a uma distância considerável da costa.
Essa decisão outorgava a Uribe, acusado por crimes de guerra, total impunidade como se um país cheio de fossas comuns com cadáveres de pessoas
assassinadas, algumas até com duas mil vítimas, e sete bases militares ianques, mais o resto das bases militares colombianas a seu serviço, não tivesse nada a ver com o terrorismo e o genocídio.

Por outro lado, a 10 de junho de 2010, o jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o programa “Mesa Redonda” da televisão nacional, escreveu no sítio Web CubaDebate um artigo titulado: “O chamado Governo Mundial se reuniu em Barcelona”, onde sublinha:
“Chegaram até o confortável hotel Dolce em carros de luxo com vidraças obscuras ou em helicópteros.”
“Eram os mais de 100 chefões da economia, das finanças, da política e da mídia da América do Norte e da Europa, quem vieram até este lugar para a reunião anual do Clube de Bilderberg, uma espécie de governo mundial à sombra.”
Outros articulistas honestos estavam acompanhando igual do que ele as notícias que conseguiram filtrar-se do esquisito encontro. Alguém muito mais informado do que eles estava seguindo a pista desses eventos havia muitos anos.
“O exclusivo Clube que se reuniu em Sitges nasceu em 1954. Surgiu da idéia do conselheiro e analista político Joseph Retinger.
Seus impulsores iniciais foram o magnata norte-americano David Rockefeller,o Príncipe Bernardo de Holandae o Primeiro Ministro belga, Paul Van Zeeland.
Seus propósitos fundacionais eram combater o crescente ‘anti norte-americanismo’ que existia na Europa da época e encarar a União Soviética e o comunismo que cobrava força no Velho Continente.”
“Sua primeira reunião foi realizada no Hotel Bilderberg, em Osterbeck, Holanda, entre 29 e 30 de maio de 1954. Daí saiu o nome do grupo, que desde então se reúne anualmente, salvo em 1976.”
“Há um núcleo de afiliados permanentes que são os 39 membros do Steering Comittee, o resto são convidados.”
“…a organização exige que ninguém ‘conceda entrevistas’ nem revele nada do que ‘um participante individual tenha dito’. É requisito imprescindível um domínio excelente da língua inglesa [...] não há tradutores presentes.”
“Não se sabe a ciência certa os alcances reais do grupo. Os estudiosos do ente dizem que não é por acaso que se reúnam sempre pouco antes que o G-8 (G-7 anteriormente) e que procuram uma nova ordem mundial de governo, exército, economia e ideologia única.”
“David Rockefeller disse em uma reportagem à revista ‘Newsweek’:
‘Algo deve substituir os governos e o poder privado, parece-me a entidade adequada para o fazer.”
“…o banqueiro James P. Warburg afirmou:
‘Goste ou não goste teremos um governo mundial. A única questão é se será por concessão ou por imposição.”

‘Eles sabiam 10 meses antes a data exata da invasão ao Iraque; também o que ia acontecer com a borbulha imobiliária. Com informação como essa se pode fazer muito dinheiro em toda classe de mercados. E é que falamos de clubes de poder e de saber’.

“Para os estudiosos, um dos temas que mais preocupa o Clube é a ‘ameaça econômica’ que significa a China e a sua repercussão nas sociedades norte-americana e européias."

“A sua influência na elite a demonstram alguns com o fato de que Margaret Thatcher, Bill Clinton, Anthony Blair e Barack Obama estiveram entre os convidados ao Clube antes de que fossem eleitos à mais alta responsabilidade governamental na Grã-bretanha e nos Estados Unidos. Obama participou na reunido de junho de 2008 em Virgínia, EEUU, cinco meses antes da sua vitória eleitoral e o seu triunfo se prognosticava já desde a reunião de 2007.”

“Entre tanto sigilo, a imprensa foi tirando nomes daqui e dali. Entre os que chegaram a Sitges estavam importantes empresários como os presidentes da FIAT, Coca Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, Novartis e Airbus.
“Também se reuniram gurus das finanças e da economia como o famoso especulador George Soros, os assessores econômicos de Obama, Paul Volcker e Larry Summers, o flamante Secretário do Tesouro Britânico George Osborne, o ex Presidente de Goldman Sachs e British Petroleum Peter Shilton [...] o Presidente do Banco Mundial Robert Zoellic, o Diretor Geral do FMI Dominique Strauss-Kahn, o Diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, o Presidente do Banco Central Europeu Jean Claude Trichet, o Presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystad.”

Sabiam disso nossos leitores?
Algum órgão importante da imprensa oral ou escrita disseram uma palavra?
É essa a liberdade de imprensa de que tanto pregoam em ocidente?
Algum deles pode negar que estas reuniões sistemáticas dos mais poderosos financistas do mundo são realizadas todos os anos, com a exceção do ano mencionado?

“O poder militar enviou alguns dos seus falcões -continua Randy-: o ex secretário de Defesa de Bush, Donald Rumsfeld, seu subalterno, Paul Wolfowitz, o Secretário-geral da NATO Anders Fogh Rasmussen e seu antecessor no cargo Jaap de Hoop Scheffer.”

“O magnata da era digital Bill Gates, foi o único assistente que falou alguma coisa à imprensa antes do encontro.
‘Sou um dos que estará presente’, disse e anunciou que
‘Sobre a mesa haverá muitos debates financeiros’.”

“Os especuladores da notícia falam de que o poder na sombra analisou o futuro do euro e as estratégias para salvá-lo; a situação da economia européia e o rumo da crise. Sob a religião do mercado e o auxílio dos drásticos recortes sociais se deseja continuar prolongando a vida do doente."

“O Coordenador de Esquerda Unida, Cayo Lara, definiu com clareza o mundo que nos impõem os Bilderberg: ‘Estamos no mundo ao invés; as democracias controladas, tuteladas e pressionadas pelas ditaduras dos poderes financeiros’.

“O mais perigoso que foi publicado no jornal espanhol Público, é o consenso majoritário dos membros do Clube a favor de um ataque norte-americano a Irão [...]
Lembre-se que os membros do Clube sabiam da data exata da invasão de 2003 ao Iraque dez meses antes de que acontecesse”.

É por acaso uma invenção caprichosa a idéia, quando isto se soma a todas as evidências expostas nas últimas Reflexões?
A guerra contra o Irão está já decidida nos altos círculos do império, e apenas um esforço extraordinário da opinião mundial poderia impedir que estoure num prazo de tempo muito breve.
Quem oculta a verdade?
Quem é que engana?
Quem é que mente?
Alguma coisa do que aqui é afirmado pode ser desmentido?


Fidel Castro Ruz
15 de agosto de 2010
08h25

terça-feira, 10 de agosto de 2010

15 ANOS SEM FLORESTAN FERNANDES!

Foto: Folha Imagem
Há 15 anos, no dia 10 de agosto de 1995, morria Florestan Fernandes, uma referência continental no desenvolvimento metodológico e científico da sociologia. Paulista, nascido em 1920, filho de migrantes portugueses, o sociólogo deixou mais de 50 obras, foi deputado federal constituinte, eleito pelo Partido dos Trabalhadores e professor rigoroso.

De origem humilde, fez de tudo na vida, trabalhando e ajudando a sobrevivência familiar, até romper as barreiras elitistas da USP e tornar-se seu aluno, professor e mais tarde um mestre de referência.

Sempre manteve a coerência ideológica de compromisso com a classe trabalhadora.
Punido pela ditadura militar , amargou o exílio e continuou a luta em defesa da classe.

É sem duvida o mais importante intelectual orgânico do século XX. Bebeu na fonte dos clássicos e estudou com mais profundidade as classes sociais na sociedade brasileira.
Defendeu com coragem a necessidade de uma verdadeira revolução social, que pudesse construir uma sociedade justa e igualitária em nosso país.

O Povo brasileiro, a classe trabalhadora, os movimentos sociais e os intelectuais orgânicos, todos os que desejamos mudanças na sociedade brasileira, ficamos de luto.
Mas, seu legado nos anima a continuar a luta.

Florestan defendeu como ninguém a importância da educação, da formação da consciência de classe, do acesso aos conhecimentos, como uma necessidade da classe trabalhadora para libertar-se da humilhação, discriminação, opressão e da exploração imposta pelos ricos e poderosos.

O MST se orgulha de ser um dos seus seguidores e ter apreendido muito com suas teorias e exemplos.
Por isso nossa escola nacional de formação de quadros, localizada em São Paulo, chama-se Escola Nacional Florestan Fernandes.


Florestan Fernandes, segue vivo, por sua obra e exemplo de vida.

"Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres!”

São Paulo, 10 de agosto de 2010.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Nadelgia

Hoje acordei cheia de dores, tão desanimada e triste que nada seria suficiente para aliviar um pouco o meu coração represado de lágrimas.
Lembrei da presença transbordante de amor à Vida de minha prima Nadelgia.
Escrevi sobre ela no texto anterior onde coloquei um desenho que fiz e que representava o desconsolo pela sua perda.
Fui em busca de uma foto sua que tirei num aniversário meu que ela veio e trouxe mais que qualquer presente, a sua presença linda e luminosa.
Olhando este sorriso e esta alegria contagiante senti que ela permanece comigo e não é justo que eu esteja tão amargurada nestes dias sombrios.
Levantei da cama, onde estou por recomendação médica, e percebi que as minhas dores não são tão importantes e que elas fazem parte do viver.
Resolvi então escrever, o que escrevo, sem saber nem mesmo o que dizer, então digo simplesmente: - Muito obrigada, minha querida Nadelgia por continuar fazendo parte de minha vida e me dar forças para reagir.

Nédier

domingo, 1 de agosto de 2010

Pontos de Vista: descanso ou desconsolo


Antes de dormir eu leio ou desenho um pouco.

Ontem à noite eu tinha às mãos apenas umas folhas de papel em branco e um lápis de maquiagem para sobrancelhas. Fiquei rabiscando.
Eu gosto de desenhar fitas enroladas para me acalmar.
Figuras sem nenhum sentido, às vezes as fitas acabam formando vasos, mulheres ou homens enrodilhados nelas, ou simplesmente fitas.
Só hoje ao acordar eu vi que tinha desenhado o meu desconsolo. Escaneei para salvar no computador. Está acima.

Nesta semana eu perdi do meu convívio uma prima,
Era uma mulher linda, que amava a vida como ninguém e que nos últimos anos resistiu com bravura exemplar à uma hepatite fatídica .
Quando as dores davam uma folga, e eram terríveis, ela agia como se já não estivesse desenganada por todos os médicos e vivia com tamanha intensidade que acabava por nos contagiar
Encontrei-a em Caiobá há pouco tempo, estava com o marido e uma filha. Passei pelo restaurante onde almoçavam às 4 horas da tarde e entrei. Rimos muito. Todos nós fingíamos que estava tudo bem.
Ela vivia como se não fosse morrer e estava sempre fazendo planos, para a próxima viagem, a próxima festa que iria organizar, para o próximo acontecimento aonde iria se fazer feliz. Uma de suas duas filhas, a que estava junto, é advogada, quase não a reconheci, tão magra e abatida.

Minha prima mais amada. Adorava festas.
Pediu que deixassem o seu caixão fechado para que guardássemos apenas a sua imagem em vida. É o que faço. Dela guardo apenas sua imagem de mulher bonita, sorridente e feliz
Era inteligente, espirituosa. Entendíamos-nos apenas num olhar, quase sempre irônico.

Eu, que quase nunca consigo extravasar minha tristeza, quando recebi o telefonema de meu filho me avisando que ela morrera, consegui chorar alto, gritar, esbravejar contra a vida.

Nédier

Meu marido chegou agora de viagem e viu meu desenho. Elogiou. Comentei que devia representar meu desconsolo e ele discordou:
- Eu vejo a imagem de uma mulher que enfim descansou. Feliz e relaxada.