sábado, 5 de novembro de 2011
Tio Alceu
Eu penso que todos acham que estou exagerando quando falo dos meus Brusamolin, mas na verdade eu até disfarço...não pega bem descrever nossas insanidades familiares. .
Nem o Gabriel Garcia Marques criaria um personagem como o tio Alceu, um hipocondríaco dos bons. Ele passou a vida enchendo os armários da casa com remédios, quando a gente ia visitá-lo ele mostrava com orgulho os ditos armários abarrotados.
O Dr. Milano foi durante anos o médico de toda família. Ele era clínico geral e obstetra e o meu tio ia diariamente em seu consultório.
Minha nora Cláudia estava uma vez na sala de espera quando ele chegou: um italiano enorme, de olhos muito azuis com uma peruquinha acaju presa com grampos pela minha prima Cléia. Como sempre fazia chegou esbaforido e ficou encostado na porta esperando a enfermeira abrir para a primeira consulta:
- As senhoras me desculpem,mas meu caso é urgente, vou demorar só um pouquinho – disse ele para a mulherada na sala de espera antes de se enfiar consultório a dentro.
Quando ficou viúvo não voltou para sua casa mas para antiga casa da mama, onde morava parte da família.
Viúvo, meu tio que era um exímio violonista não quis mais tocar violão, uma vez lhe pedi que tocasse e ele me respondeu:
- Depois que aquela abençoada morrreu, eu nunca mais peguei no instrumento.
Um mês antes de sua morte, eu e ele promovemos, segundo a Ana, um típico espetáculo Brusamolin, no local da votação em dia da eleição.
Ela descreve bem.
Diz que quando chegou para votar viu sua mãezinha vestida de petista com crachá de delegado e tudo, na ponta dos pés pingando colírio nos olhos do tio Alceu. Não seria anormal se nós dois não estivéssemos bloqueando o corredor de acesso às urnas.
Estes dias encontrei o Jalmir, seu filho e meu querido primo. Ele tem um filho com o nome do avô. Perguntei como ia o menino.
- O Alceuzinho?? Vai bem...de três em três horas uma dose.
PS.: Este texto é dedicado aos meus queridos primos e amigos do Clube da Macaca
.