sexta-feira, 27 de julho de 2012

26a. ROMARIA DA TERRA DO PARANÁ

26ª Romaria da Terra – 19 de agosto de 2012 – Mandirituba/PR

Lema: A diversidade camponesa cuida da terra, promove a vida.

Aos romeiros e romeiras da terra do estado do Paraná:


Dioceses, paróquias, entidades parceiras, organizações de trabalhadores do campo e da cidade. Na luta pela vida promovendo a agricultura familiar camponesa.
Fortalecidos pela fé no Deus da vida, confiantes nas iniciativas que o povo camponês tem a fim de preservar e garantir um dos maiores patrimônios que a humanidade precisa para viver, que é o meio ambiente, a produção diversificada e agroecologica, estamos chegando com muita animação até vocês com os materiais que divulgam, preparam e animam a 26ª Romaria da Terra do estado do Paraná.


Acolhendo e respeitando um dos últimos pedidos do nosso eterno pastor D. Ladislau, animador e defensor das Pastorais Sociais no Paraná e no Brasil, como presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra) durante anos, queremos convocar a todos e todas, defensores da vida e do planeta para organizar sua caravana e se fazer presentes na grande Romaria da Terra, no dia 19 de agosto em Mandirituba/PR, para se emocionar, cantar, confraternizar, gritar bem forte e se fortalecer no compromisso de lutar para que a diversidade camponesa continue cuidando da terra e promovendo a vida.


Para confirmar: o lugar sagrado onde vamos celebrar nossa fé será nas terras abençoadas de Mandirituba, a terra das abelhas, que com carinho nos preparam o mel, terra de pinhais, que de braços abertos agradecem a Deus sempre e nos esperam, Região Metropolitana de Curitiba, Diocese de São José dos Pinhais, que está distante de Curitiba 45km pela BR 116 rumo a Santa Catarina.


Além de muita animação, não esquecer de trazer seu kit de sobrevivência: caneca, capa de chuva, guarda-chuva, chapéu. Certamente vamos nos encontrar por lá. Uma equipe que está se preparando desde janeiro estará carinhosamente acolhendo a todos e todas.


Comissão Pastoral da Terra


Mais informações no escritório da CPT em Curitiba, na parte da tarde, das 14h as 17h, com Daiana (41-3224.7433) ou pelo e-mail cptparana@gmail.com

terça-feira, 17 de julho de 2012

As mentiras paraguaias das elites brasileiras



Sem-terras paraguaios vivem em acampamentos improvisados em terras de "brasiguaio"


O maior conflito do Paraguai é reaver a terra usurpada por fazendeiros brasileiros. O país vizinho "cedeu" a estrangeiros 25% do seu território cultivável.
Mal havia terminado o golpe de Estado contra o presidente Fernando Lugo e flamantes porta-vozes da burguesia brasileira saíram em coro a defender os golpistas.
Seus argumentos eram os mesmos da corrupta oligarquia paraguaia, repetidos também de forma articulada por outros direitistas em todo continente. O impeachment, apesar de tão rápido, teria sido legal. Não importa se os motivos alegados eram verdadeiros ou justos.
Foram repetidos surrados argumentos paranoicos da Guerra Fria: "O Paraguai foi salvo de uma guerra civil" ou "o Paraguai foi salvo do terrorismo dos sem-terra".
Se a sociedade paraguaia estivesse dividida e armada, certamente os defensores do presidente Lugo não aceitariam pacificamente o golpe.
Curuguaty, que resultou em sete policiais e 11 sem-terra assassinados, não foi um conflito de terra tradicional. Sem que ninguém dos dois lados estivesse disposto, houve uma matança indiscriminada, claramente planejada para criar uma comoção nacional. Há indícios de que foi uma emboscada armada pela direita paraguaia para culpar o governo.
Foi o conflito o principal argumento utilizado para depor o presidente. Se esse critério fosse utilizado em todos os países latino-americanos, FHC seria deposto pelo massacre de Carajás. Ou o governador Alckmin pelo caso Pinheirinho.
O Paraguai é o país do mundo de maior concentração da terra. De seus 40 milhões de hectares, 31.086.893 ha são de propriedade privada. Os outros 9 milhões são ainda terras públicas no Chaco, região de baixa fertilidade e incidência de água.
Apenas 2% dos proprietários são donos de 85% de todas as terras. Entre os grandes proprietários de terras no Paraguai, os fazendeiros estrangeiros são donos de 7.889.128 hectares, 25% das fazendas.
Não há paralelo no mundo: um país que tenha "cedido" pacificamente para estrangeiros 25% de seu território cultivável. Dessa área total dos estrangeiros, 4,8 milhões de hectares pertencem brasileiros.
Na base da estrutura fundiária, há 350 mil famílias, em sua maioria pequenos camponeses e médios proprietários. Cerca de cem mil famílias são sem-terra.
O governo reconhece que desde a ditadura Stroessner (1954-1989) foram entregues a fazendeiros locais e estrangeiros ao redor de 10 milhões de hectares de terras públicas, de forma ilegal e corrupta. E é sobre essas terras que os movimentos camponeses do Paraguai exigem a revisão.
Segundo o censo paraguaio, em 2002 existiam 120 mil brasileiros no país sem cidadania. Desses, 2.000 grandes fazendeiros controlam áreas superiores a mil ha e se dedicam a produzir soja e algodão para empresas transnacionais como Monsanto, Syngenta, Dupont, Cargill, Bungue...
Há ainda um setor importante de médios proprietários, e um grande número de sem-terra brasileiros vivem como trabalhadores por lá. São esses brasileiros pobres que a imprensa e a sociologia rural apelidaram de "brasiguaios".
O conflito maior é da sociedade paraguaia e dos camponeses paraguaios: reaver os 4,8 milhões de hectares usurpados pelos fazendeiros brasileiros. Daí a solidariedade de classe que os demais ruralistas brasileiros manifestaram imediatamente contra o governo Lugo e a favor de seus colegas usurpadores.
O mais engraçado é que as elites brasileiras nunca reclamaram de, em função de o Senado paraguaio sempre barrar todas as indicações de nomes durante os quatro anos do governo Lugo, a embaixada no Brasil ter ficado sem mandatário durante todo esse período

JOÃO PEDRO STEDILE, 58, economista, é integrante da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e da Via Campesina Brasil

- Foto: João Fellet