sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Urgente - UDR No Banco dos Réus!!

 

Segue abaixo informe sobre o julgamento dos acusados pelo assassinato do camponês Sebastião Camargo (executado em 1998). A CMS-PR pede que cada organização envie pelo menos um dirigente pra acompanhar o júri. Vamos nos concentrar a partir das 8:00h, de terça-feira (27), em frente ao Tribunal de Justiça, no Centro Cívico. Faremos uma panfletagem nas imediações, pra dialogar com o povo sobre a questão agrária e a impunidade dos crimes do latifúndio no Brasil. As organizações também podem confeccionar faixas que serão estendidas nas imediações do TJ.

Abraço socialista,

Gustavo Erwin "Red"

Secretaria-CMS-Paraná

Comissão Interamericana responsabiliza Estado Brasileiro por assassinato de camponês sem terra

O assassinato de Sebastião Camargo, ocorrido em 1998, foi o primeiro de uma série de homicídios praticados por pistoleiros no Paraná. Na próxima terça-feira (27), às 9h da manhã, o caso vai a Júri Popular com quatro acusados, um dele é ex-presidente da UDR Marcos Menezes Prochet.



As violações ocorridas do direito à vida, às garantias judiciais e à proteção judicial que marcaram o assassinato do trabalhador sem terra Sebastião Camargo, de 65 anos, levaram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) a responsabilizar o Estado Brasileiro pelo crime, em 2011, 13 anos após o assassinato.



A Comissão estudou o caso, recolheu relatórios, realizou audiências e levantou informações, apresentadas durante a Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), em junho de 2011, em Honduras. Um dos resultados práticos desse trâmite foi o andamento do processo no Brasil, que ocorreu apenas após a entrada do caso na Comissão.



O caso foi denunciado à CIDH em 2000 pela Terra de Direitos, Justiça Global, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP), em reação à demora injustificada no andamento do processo. Apesar do amplo material levantado acerca do assassinato, o processo criminal permaneceu em fase de instrução inicial e vários crimes prescreveram pela demora da investigação.



Mesmo com várias provas, os culpados ainda não foram julgados e a família da vítima não recebeu qualquer reparação. Em relatório divulgado no ano passado, a CIDH afirmou que “o Estado brasileiro não cumpriu sua obrigação de garantir o direito à vida de Sebastião Camargo Filho (…) ao não prevenir a morte da vítima (…) e ao deixar de investigar devidamente os fatos e sancionar os responsáveis”.


O assassinato de Sebastião Camargo foi o primeiro de uma série de homicídios praticados com envolvimento de milícias armadas. Além dele, foram mortos Sétimo Garibaldi (1998), Sebastião da Maia (1999), Eduardo Anghinoni (1999) e Elias Gonçalves Meura (2004), entre outros trabalhadores.



O Júri do assassinato de Sebastião Camargo será realizado na próxima terça-feira (27), às 9h da manhã, no Tribunal do Júri de Curitiba. Quatro acusados do assassinato serão julgados: ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) Marcos Menezes Prochet, Teissin Tina, proprietário da Fazenda Boa Sorte, onde Camargo foi assassinado, Augusto Barbosa da Costa e Osnir Sanches, integrantes da milícia privada da região, organizada pela UDR.

Contatos

- Terra de Direitos: (41) 3232-4660 | ednubia@terradedireitos.org.br
- Brizola, coordenação estadual do MST/PR:
(41) 9968-0147 | brizolafm@yahoo.com.br
- Diego, coordenação estadual do MST/PR:
(41) 9858-2121

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Do profundo e desconhecido oceano de minha mente



                                                                                         foto: Joka Madruga
 
 
Do profundo e desconhecido oceano de minha mente emergem fatos, expressões, situações que são subitamente iluminadas pela luz de minha consciência.

Quando tento entender a súbita aparição, consigo apenas reviver uma emoção antiga.

Das mais antigas sensações  existe uma, que me faz sentir embalada por braços fortes. Fui uma criancinha chorona e insone. Estes braços deviam ser ou do meu pai ou de um dos meus tios, meu rosto se encosta no peito deste homem e minhas pequenas mãos buscam a pele de seu pescoço. Depois disso o nada.

Outro acontecimento emerge com uma força considerável. Hoje ele me explica o aparentemente inexplicável.

Era domingo. O cenário é o pátio de um hospital onde minha mãe, minha irmã mais velha com a perna engessada apoiada em um banco, médicos, enfermeiros apanham sol em torno de um pequeno rádio. Eu estou fora da roda, rodeando-a sem entender um ar pesado de repirar,

Então o silêncio. Absoluto. Total. Denso como uma nuvem carregada baixando sobre o mundo... Uma tristeza insuportável. A figura do meu pai surge no cenário. Ele fora escutar “o” jogo de futebol na casa da mama, rodeado dos irmãos. A expressão em seu rosto lívido até hoje para mim representa “A Derrota”.

Só bem mais tarde conclui que o Brasil tinha perdido, em casa, uma Copa do Mundo cuja vitória era tida como certa. Seríamos e não fomos campeões do mundo.

- Que força é esta que consegue irmanar um país inteiro em uma só dor, em um silêncio mórbido?

Esta memória eventual me faz entender a força do futebol em nossas vidas. Ele nos dá grandes alegrias, grandes decepções, indignações que nos levam às lágrimas.

É irracional? E quem disse que somos apenas seres racionais quando  a memória afetiva permanece?

Este fato emerge para em seguida submergir. Neste átimo de tempo iluminado pela consciência tudo se torna silencioso e triste.

O futebol me torna ora vencedora, ora humilhada e rebaixada, ora frustrada por um gol perdido ou anulado.

- E não é assim a vida?

Um time de futebol tinge com suas cores as nossas almas, se incorpora em nossas vidas.
Minha alma é rubro-negra!

Eu sou atleticana paranaense, assim como sou mulher, mãe, profissional.

As pessoas se identificam:

- Sou corintiano!

- Sou Flamengo!

- Torço pelo Grêmio! Etc. e tal.

A nossa paixão pelo futebol não é um fenômeno sem explicação.  É a própria vida com suas bandeiras coloridas flanando pelos ares.

É o alívio após um sufoco. São palavrões após um passe mal dado ou um erro de arbitragem. É a profunda tristeza de uma derrota, mas é enfim a alegria insuperável de um gol.

Um gol que nos pertence.
 
 
foto:Heuler Andrey
 
Nédier

Este texto é dedicado ao meu querido Luiz Ricardo Brusamolin.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Defesa de fazendeiro tenta anular condenação por morte de Dorothy




AGUIRRE TALENTO

DE BELÉM

A defesa de um dos condenados como mandante do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, ocorrido em 2005, vai pedir à Justiça a revisão da pena e a anulação da condenação.


O pedido tem como base o depoimento de uma nova testemunha à Justiça do Pará, tomado anteontem e que pode provocar uma reviravolta no caso do assassinato.


Ontem, a Justiça decidiu que esse novo depoimento pode ser usado como prova.



foto: Carlos Silva - 12.fev.2004/Reuters



Missionária Dorothy Stang



O novo depoimento ocorreu a pedido de defesa do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, condenado como um dos mandantes do assassinato da missionária.

 

Quem falou à Justiça foi o policial federal Fernando da Silva Raiol, que participou das investigações sobre a morte de Dorothy.



NOVO DEPOIMENTO


Ele disse no depoimento de anteontem que tanto Bida como o outro mandante, Regivaldo Galvão, o Taradão, são inocentes e não ordenaram o assassinato da missionária.



Raiol ainda apresentou outro fato novo, dizendo que a arma do crime foi fornecida por um delegado de Polícia Civil de Anapu (a 766 km de Belém), o que pode incluir um novo réu no processo.


Apesar de a ação que condenou Bida já ter sido transitada em julgado (esgotaram-se todos os recursos), a defesa tem agora duas linhas de atuação para buscar uma reviravolta no caso.


O advogado Arnaldo Lopes de Paula aposta em um habeas corpus em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal), que pede a anulação do julgamento, e em um pedido de revisão criminal que agora será protocolado no Tribunal de Justiça do Pará.


O depoimento do policial federal será entregue pelo advogado como uma fonte adicional de informação ao relator do habeas corpus, ministro Gilmar Mendes, no Supremo Tribunal Federal.



Esse depoimento do policial federal será a base do pedido de revisão criminal.



Esses processos tratam apenas de Bida, mas uma decisão favorável deve também beneficiar os demais réus.



CONDENADOS



No total, cinco pessoas foram condenadas pelo assassinato de Dorothy.



Regivaldo e Vitalmiro foram considerados os mandantes do crime. Bida atualmente cumpre pena em regime semiaberto.


Condenado em maio de 2010 a 30 anos de prisão, Regivaldo conseguiu um habeas corpus no STF em agosto e está recorrendo em liberdade de sua condenação. O ministro Marco Aurélio Mello concedeu uma liminar favorável à soltura por entender que ele só poderá ser preso quando o processo contra ele transitar em julgado. Marco Aurélio também diz que não há provas de que, em liberdade, Regivaldo ofereça risco ao andamento do processo.


Amair Feijoli da Cunha foi acusado de ser intermediário e Rayfran das Neves Sales, de ser o autor do crime. Só Clodoaldo Batista, condenado como coautor, não cumpre pena porque está foragido.