terça-feira, 14 de agosto de 2007

50 anos da Revolta dos Colonos do Sudoeste do Estado

Meus queridos,
Domingo próximo, dia 19 de agosto, será realizada a 22ª Romaria da Terra.
Terei que percorrer uma grande distância de Curitiba até Francisco Beltrão mas, desde já, meu coração se alegra na esperança de me reencontrar com os agricultores de todo o Estado do Paraná nesta linda festa. Não dá para descrever a beleza e a alegria de uma Romaria da Terra, só mesmo estando lá.
Nédier
Romaria celebra Revolta dos Colonos

Os 50 anos da Revolta dos Colonos é o tema da 22ª Romaria da Terra do Paraná, que acontece no próximo dia 19, em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado. As atividades irão reunir colonos e lideranças que se envolveram na Revolta de 1957, para compartilhar suas experiências com os cerca de 25 mil participantes esperados. Com o lema
“Na luta da terra fazemos mudança, conosco caminha o Deus da Aliança"
o objetivo da Romaria é refletir sobre a organização popular dos trabalhadores rurais do Brasil nos dias de hoje, como aponta o integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Jelson de Oliveira.
“A Romaria vai dar esse enfoque grande para os movimentos sociais do campo. A idéia é mostrar que os trabalhadores continuam organizados, as mesmas forças que queriam tomar as terras dos posseiros naquela época, continuam hoje expulsando o povo das suas terras”, denuncia.
Através do resgate da história da Revolta dos Colonos, a Romaria pretende mostrar que os pobres não são apenas vítimas do agronegócio, mas também são protagonistas na luta contra esse modelo. O governo da época tentou se apropriar das terras de camponeses e entregá-las às companhias colonizadoras, que iriam revender os títulos.Os agricultores, em sua maioria gaúchos que colonizaram a região Sudoeste, lutaram contra o governo e conseguiram permanecer na terra.
“Essa revolta é uma luta popular, eles trancaram várias cidades da região, em outubro de 1957, 5 mil colonos ocuparam a cidade de Francisco Beltrão e expulsaram de lá as chamadas companhias colonizadoras. Eram companhias que tinham conseguido do governo do Estado a possibilidade de vender os títulos de terra pros posseiros”,
declara.
A luta pela terra no Paraná ainda enfrenta vários desafios, com a expansão dos monocultivos de cana-de-açúcar, pínus e eucalipto, e o problema do trabalho escravo, que também será denunciado pela CPT.
“Temos atualmente no Paraná a expansão do agronegócio, de maneira especial, a cana e a madeira: como pinus e eucalipto. A beira de Curitiba está cercada por estas lavoura, com um custo ambiental e social enorme pra população. Já tivemos cinco casos de trabalho escravo, nos últimos dois anos, na beira de Curitiba, que são reflexo desse modelo de agricultura que vem sendo implantando no Estado” , denuncia.
No final da caminhada, ocorre uma celebração ecumênica, com a presença de pastores e padres. Ano passado, a Romaria aconteceu em Tamarana, no Norte do Paraná, uma das regiões mais pobres do Estado. Os 20 mil participantes denunciaram as conseqüências da expansão do agronegócio para o meio social.

Solange Engelmann
Agência Chasque

Nenhum comentário: