Já há algum tempo vinha transferindo uma “obrigação”: - comprar o livro
As críticas afirmavam que era um bom livro, mas na mesa de cabeceira de minha cama três livros comprados - e ainda não lidos - “olhavam” para mim com uma acusação:
- Você é uma leitora compulsiva!
E uma ordem:
- Vai nos ler ou não vai?
Acontece que eu ainda estava lendo outros dois bons livros e a compra de “O Filho Eterno” foi sendo adiada.
De imediato me apaixonei por aquele homem.
A sua erudição ultrapassava tudo que eu poderia imaginar - principalmente vinda de alguém quase de minha geração (sou mais velha que ele) e que, ainda por cima, mora em Curitiba (quem não tem preconceito?).
Quanto mais eu ouvia, mais ficava fascinada.
Meu marido sempre diz que as minhas paixões e as minhas implicâncias são imediatas, irreversíveis e que perduram para sempre - ou melhor - é provável que perdurem enquanto eu viver.
Eu já tinha lido o “Trapo”, e gostado muito, mas nunca tinha tido a curiosidade de saber como e quem era o escritor.
Vivo entocada, não gosto de sair por sair. Vou só onde é necessário.
Procurei “O Filho Eterno” nos livros expostos na vitrine e naqueles stands onde ficam os mais lidos, os melhores, e outros mais. Não encontrei.
Perguntei ao vendedor e ele me encaminhou até uma estante onde ele estava.
Fiquei irritada:
- Por que é que não está na vitrine? O Cristóvão Tezza é um grande escritor daqui (eu me referia à minha Curitiba, embora sabendo que o escritor nasceu em Lajes - SC).
Um livro pequeno, de capa vermelha, que eu trouxe dentro de uma sacola de plástico como se fosse um troféu à minha indisciplina literária.
Antes de colocá-lo na pilha dos livros a ler resolvi dar uma lida no primeiro capítulo para perceber se o estilo tinha mesmo aquele jeitão irresistível do escritor. Só consegui largá-lo depois de lida a página final.
O escritor, na entrevista, citara uma expressão com a qual o Nelson Rodrigues aconselhava os jovens:
- Envelheçam.
Por analogia, eu gostaria de ter o dom de ser obedecida por todos, para - sem precisar escrever sobre este livro de indiscutível qualidade - apenas ordenar:
- Leiam!!!
Mas ainda falta uma informação. Se você chegou até aqui, deve ter percebido que sempre li, e muito – e, acrescento ainda, de todos os tipos, desde os francamente ruins até os clássicos indiscutíveis. Sei que este comentário, a esta altura, parece desnecessário - mas sua finalidade é apenas dar embasamento ao que acho de "O Filho Eterno":
- O melhor livro que já li!!
...
Outras críticas sobre o livro:
Cristovão Tezza - O Filho Eterno: tinha tudo para dar errado. Assim que soube, acho que já há uns dois anos, que Cristovão Tezza estava escrevendo um romance sobre seu filho com Síndrome de Down, imaginei que viria ou algo inevitavelmente piegas ou uma pálida versão de Uma Questão Pessoal, do japonês Kenzaburo Oe. Enganei-me: O Filho Eterno é não só o melhor livro de Tezza, mas uma das melhores obras publicadas no Brasil nos últimos anos. Mais do que uma história sobre uma criança defeituosa, é a formação de um homem imaturo, patético até, tentando encontrar rumo para a sua carreira como escritor, como marido, como pai. Há semelhanças sim com o livro de Oe, sem soar como caricatura: Tezza parece mais influenciado por Thomas Bernhard, pela falação raivosa (uma espécie de primeira pessoa travestida em terceira) e pela estrutura circular, alternando narração e digressão - rápidos ensaios sobre arte, a sociedade e a situação do país, este último um tema pouco e mal explorado por nossos autores. Como o próprio Tezza admitiu, faltava a ele um equilíbrio maior entre os romances cerebrais (como O Fotógrafo e Breve Espaço Entre Cor e Sombra) e os emocionais (como Trapo). Agora não falta mais. (Jonas Lopes)http://gymnopedies.blogspot.com/
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http://doidivana.wordpress.com/2007/09/16/o-filho-eterno/
http://diplo.uol.com.br/2007-10,a1972