quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Dalton Trevisan, eis o contista!!



Hoje de manhã fiquei emocionada ao ler, no Caderno G do jornal “Gazeta do Povo”, um texto de Dalton Trevisan, sobre a sua visão da literatura, escrito com frases retiradas de seus contos. Eu conhecia a maioria delas, porém, com sua genialidade incomparável, Dalton Trevisan conseguiu - com o que seria apenas uma “colcha de retalhos” - compor uma obra-prima. Nada mais lindo e emocionante do que este breve texto, onde o melhor contista contemporâneo, escreve sobre o contista!

Nédier
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Eis o Contista!


"Sua foto mais conhecida: a tirada por um repórter com teleobjetiva atrás de uma árvore em uma tarde de outono”

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Na quinta edição do prêmio Portugal Telecom, um dos vencedores estava ausente: o paranaense Dalton Trevisan premiado por seu livro de contos “Macho não ganha Flor”.
Ele foi representado pela editora de imprensa da Editora Record, Gabriela Máximo.
O “vampiro de Curitiba” não dá entrevistas tampouco comparece a eventos literários. Mas surpreendeu a platéia ao enviar um texto sobre a sua visão da literatura (na verdade, uma colagem de frases retiradas de seus contos):

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“Só a obra interessa. O autor não vale o personagem. O conto é sempre melhor que o contista. Vampiro sim, de almas. Espião de corações solitários, escorpião de bote armado. Eis o contista. Só invente o vampiro que exista. Com sorte, você adivinha o que não sabe. Para escrever mil novos contos a vida inteira é curta. Uma história nunca termina. Ela continua depois de você. Um escritor nunca se realiza. A obra é sempre inferior aos sonhos.Refazendo as contas percebe que que negou o sonho, traiu a obra, cambiou a vida por nada. O melhor conto só se escreve com a tua mão torta, teu avesso, teu coração danado. Todas as histórias, a mesma história, uma nova história. O conto não tem mais fim senão começo. Quem me dera o estilo do suicida em seu último bilhete.”
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Sobre o Dalton Trevisan

“As histórias de Dalton Trevisan, um dos melhores contistas brasileiros contemporâneos, reproduzem um cotidiano angustioso numa linguagem direta e popular.
Dalton Trevisan nasceu em Curitiba PR, em 14 de junho de 1925.
Formado pela Faculdade de Direito do Paraná, liderou em Curitiba o grupo literário que publicou, em 1946, a revista Joaquim (em homenagem a todos os Joaquins do Brasil).
A publicação, que circulou até dezembro de 1948, continha o material de seus primeiros livros de ficção, entre os quais “Sonata ao luar” (1945) e “Sete anos de pastor” (1948).
Em 1954, publicou
“Guia histórico de Curitiba”,
“Crônicas da província de Curitiba”,
“O dia de Marcos” e
“Os domingos ou Ao armazém do Lucas”,
edições populares à maneira dos folhetos de feira.
A partir da gente de sua cidade, chegou a uma galeria de personagens e situações de significado universal, em que as tramas psicológicas e os costumes são agudamente recriados por meio de uma linguagem precisa e de sabor genuinamente popular, que valoriza os mínimos incidentes de um dia-a-dia sofrido e angustioso.
Publicou também
“Novelas nada exemplares” (1959),
“Morte na praça” (1964),
“Cemitério de elefantes” (1964) e
“O vampiro de Curitiba” (1965).
Isolado dos meios intelectuais, Trevisan obteve, sob pseudônimo, o primeiro lugar do I Concurso Nacional de Contos do estado do Paraná, em 1968.
Escreveu depois
“A guerra conjugal” (1969),
“Crimes da paixão” (1978) e
“Lincha tarado” (1980).
Em 1994, publicou
“Ah é?”,
obra-prima de seu estilo minimalista.
Além de escrever, Trevisan exerce a advocacia e é proprietário de uma fábrica de vidros.”

http://www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?id=722&menu=95&sub=747