terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Rosane Coelho... sem cinzas...Cinzas só amanhã.




SAMBA DE BANDALHA



entre o surdo que lamenta

e a cuíca que chora,

um tamborim gargalha...


# 2007 #
Rosane Coelho


Publicado em 16/02/2010 às 19h53


Este poetrix da Rosana é para mim uma alegoria da vida que levamos.


Lamentamos situações constrangedoras, quase sempre inevitáveis.


Choramos desilusões nascidas de ilusões sem fundamento e...


Gargalhamos - mesmo sem querer - do ridículo emocionante de um povo que ri de si mesmo e que se dá o luxo, luxuoso, de ser feliz no carnaval.


Vestindo reis, rainhas e escravos.


Não sou saudosista, mas me faz falta as marchinhas de minha infância e juventude se espalhando pelo ar. Engraçadas, românticas, sensíveis, críticas, debochadas.


Eu me assumia como um dos mil palhaços no salão e via a lua tonta com tamanho esplendor das pastorinhas despontando pelo céu . Eu entre elas.


Domingo saí - uns minutos - atrás do trio elétrico em Caiobá e fui engolhida pela multidão de jovens drogados, embriagados, cantando músicas - para mim - sem nenhum sentido. Aproveitei o corredor que se abriu com uma briga e consegui sair do lugar e voltar para casa.


Porém temos a quarta feira de Cinzas, dia de cantar e alegrar a cidade, segundo o Vinícius,


Acho a Marcha da Quarta Feira de Cinzas uma das mais lindas poesias do Vinícius e dos demais poetas e compositores brasileiros (e estrangeiros).


Quarta feira é o dia de encarar a realidade , apertados nos trens do subúrbio, ressaqueados. Tristes porque acabou e a escola não venceu, ou porque a Colombina deixou-nos pelo Arlequim no calor da festa e... por ai a fora. Mas dentro dos corações e das mentes um tamborim toca baixinho porque tudo vai se repetir no próximo ano.


- Que lindo é este país!!!


Nédier



Marcha De Quarta-Feira De Cinzas



Acabou nosso carnaval


Ninguém ouve cantar canções


Ninguém passa mais brincando feliz


E nos corações


Saudades e cinzas foi o que restou



Pelas ruas o que se vê


É uma gente que nem se vê


Que nem se sorri


Se beija e se abraça


E sai caminhando


Dançando e cantando cantigas de amor



E no entanto é preciso cantar


Mais que nunca é preciso cantar


É preciso cantar e alegrar a cidade



A tristeza que a gente tem


Qualquer dia vai se acabar


Todos vão sorrir


Voltou a esperança


É o povo que dança


Contente da vida, feliz a cantar


Porque são tantas coisas azuis


E há tão grandes promessas de luz


Tanto amor para amar de que a gente nem sabe



Quem me dera viver pra ver


E brincar outros carnavais


Com a beleza dos velhos carnavais


Que marchas tão lindas


E o povo cantando seu canto de paz


Seu canto de paz