SAMBA DE BANDALHA
Rosane Coelho
Publicado em 16/02/2010 às 19h53
Este poetrix da Rosana é para mim uma alegoria da vida que levamos.
Lamentamos situações constrangedoras, quase sempre inevitáveis.
Choramos desilusões nascidas de ilusões sem fundamento e...
Gargalhamos - mesmo sem querer - do ridículo emocionante de um povo que ri de si mesmo e que se dá o luxo, luxuoso, de ser feliz no carnaval.
Vestindo reis, rainhas e escravos.
Não sou saudosista, mas me faz falta as marchinhas de minha infância e juventude se espalhando pelo ar. Engraçadas, românticas, sensíveis, críticas, debochadas.
Eu me assumia como um dos mil palhaços no salão e via a lua tonta com tamanho esplendor das pastorinhas despontando pelo céu . Eu entre elas.
Domingo saí - uns minutos - atrás do trio elétrico em Caiobá e fui engolhida pela multidão de jovens drogados, embriagados, cantando músicas - para mim - sem nenhum sentido. Aproveitei o corredor que se abriu com uma briga e consegui sair do lugar e voltar para casa.
Porém temos a quarta feira de Cinzas, dia de cantar e alegrar a cidade, segundo o Vinícius,
Acho a Marcha da Quarta Feira de Cinzas uma das mais lindas poesias do Vinícius e dos demais poetas e compositores brasileiros (e estrangeiros).
Quarta feira é o dia de encarar a realidade , apertados nos trens do subúrbio, ressaqueados. Tristes porque acabou e a escola não venceu, ou porque a Colombina deixou-nos pelo Arlequim no calor da festa e... por ai a fora. Mas dentro dos corações e das mentes um tamborim toca baixinho porque tudo vai se repetir no próximo ano.
- Que lindo é este país!!!
Nédier
Marcha De Quarta-Feira De Cinzas
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz