Existem instantes, breves, quase inobservados (inobservados?) que contém tamanha força, emoção e sentimentos que extravasam e ficam à flor da pele (apud Chico).
Temos então uma vontade de compartilhar ou de nos livrar deles por serem até insuportáveis. A felicidade ou qualquer sensação de plenitude é muito difícil de carregar sozinho.
- Como compartilhar?
É preciso primeiro se auto-conectar, que deve ser entrar em contato com o que carregamos dentro de nós.
- Dentro de nós?
Sabe-se lá o que temos dentro de nós, com certeza não são apenas vísceras. Temos emoções: sensações que nosso corpo físico produz e altera o metabolismo. Arrepios pelo corpo, friozinho na barriga, sorriso solitário e involuntário. Bobeira!! Felicidade é bobeira...rs...
Vamos a história...
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Sobre a bobeira.
Sexta feira e a expectativa de felicidade efêmera enquanto dura.
-Dá-lhe Vinícius!
Porém, o corpo físico que a mantinha viva se rebelou em dores múltiplas, como que para impedir seus planos. Planos de estar com o moço, em um lugar distante, confortável para trocar um tipo de carinho inerente ao ser humano para a reprodução da espécie.
Ela atende o celular. Era ele:
- Vamos mais cedo? Adiantei o que tinha que fazer?
A voz jovem e prazeirosa fez ela chorar no telefone. Que merda!!
- Desculpe, desculpe, nem consegui levantar da cama. Sempre digo que sou uma senhora idosa e hoje estou muito idosa e cheia de dores.
- Você está doente? - perguntou simplificando.
- Ando doente. Sou doente. O tempo não perdoa.
- Bem se vê que você não se conhece - disse rindo e o seu riso era luz.
- Estou um lixo.
- Grande coisa!! Vou até ai.
- Por favor, não venha, odeio chorar perto dos outros. Gosto de sofrer sozinha.
- Tô chegando.
Ele entrou feito um golpe de vento. Ela, no banheiro, chorando e tentando desintupir o vaso. Figuraço.
- Não entre sem avisar.
- Entrei. Agora venha aqui.
Ela foi.
Ele tirou o mocasin, a camisa e de bermuda sentou ao seu lado na cama. Aninhou-a no meio de suas pernas, abraçou sua cabeça de encontro ao peito e ficou embalando-a enquanto passava a mão na sua cabeça.
Numa regressão absoluta ela se sentiu uma criança amparada em pleno desamparo. Muito pequena.
Foi o momento da mais pura e indescritível felicidade em sua vida.
Ele foi embora depois que ela insistiu que fosse, deixando-a acomodada no travesseiro, na cama, entre os lençóis.
Ligou em seguida:
- É horrível deixar você ai sozinha.
Mal sabia...
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