sábado, 6 de abril de 2013

Por onde ando?

                                           Caio Fernado Abreu

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Meus amigos,


Ando afastada do meu blog por motivos alheios ao meu querer. Não há como ter inspiração com uma dor de cabeça desumana durante meses. Quarto e óculos escuros, silêncio, enjôo e uma incompreensão absoluta da família.Não dá pra imaginar a dor dos outros. Diagnósticos os mais estranhos: alergia, dor emocional, familiar (é),tumor no pâncres etc e tal.Acho que passou. Consultei todos os médicos que me conhecem e os que não. Este tipo de enxaqueca não tem cura a não ser analgésicos poderosos que me proporcionam uma gastrite igualmente insuportável

Encontrei este texto que rabisquei com uma letra quase ininteligível dentro de um livro velho.

Sabe-se lá quando escrevi. Repasso a vocês para compartilhar este “mistério”. Desculpem-me!  A inspiração veio, com certeza, do magnífico Caio Fernando Abreu



“Onde andará? É uma das expressões mais tristes que conheço, sinônimo de se perdeu”

Caio F.



Por onde ando?

Encontrei-o. Achei-o mais velho e surpreendentemente sóbrio. Imagino que meu olhar foi tão indiferente quanto o dele. Duas pessoas que, como tantas, se cruzam nas ruas da cidade.

As pessoas que cruzam comigo são levemente acinzentadas, assexuadas, nem são pessoas e já que existe a palavra são impessoais. Sou a vulgo "desligada".

Vendo-o (o que já foi incrível) pensei- Onde andará? – Se perdeu - pensei vendo-o dobrar a esquina, mas senti que também tinha me perdido

Depois da encruzilhada quase fatídica onde tínhamos trombado e nos ferido com os ferros quentes e retorcidos da paixão, cada um seguiu seu rumo, doidos, doídos, sangrando, agonizantes, mas acabei por constatar que tínhamos sobrevivido e carregávamos, pelas ruas, emoções perdidas em corpos envelhecentes.

Nédier



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