quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dia Internacional de Luta pela Terra

17 de abril de 1996
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Massacre de Eldorado dos Carajás
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12 ANOS DE IMPUNIDADE
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Sim à Reforma Agrária.
Não à Violência no Campo.

Denunciamos as milícias armadas, as ameaças contra líderes sem terra, agressões e mortes.

Neste Dia Internacional da Luta pela Terra, doze anos depois do Massacre de Eldorado dos Carajás (PA) ocorrido em 17 de abril de 1996, mais uma vez cobramos justiça – no Paraná e no Brasil.
Hoje todos os policiais envolvidos na morte de 19 trabalhadores rurais no episódio de Carajás continuam em liberdade. E nenhuma das viúvas ou dos 69 sem-terra mutilados recebeu qualquer indenização.
Autoridades que tiveram participação decisiva no massacre, como o então governador do Pará, Almir Gabriel, o comandante da PM e o secretário de Segurança sequer foram investigados.
No Paraná, nos últimos 12 meses, três líderes da luta pela terra foram assassinados:

- Antonio Novakoski, 25, morto em maio de 2007 em São Mateus do Sul;
- Valmir da Mota, o Keno, 32, morto em outubro de 2007 em Santa Tereza do Oeste; e
- Eli Dallemole, 42, executado no último dia 30 de março dentro de sua própria casa, na frente de sua família, em Ortigueira.

Denunciamos a ação de milícias armadas com pistoleiros contratados por latifundiários e empresas – inclusive transnacionais - , as constantes ameaça contra líderes sem-terra, agressões, mortes.

Em 2007 foram assassinadas 28 pessoas em conflitos pela terra em todo o país, em 14 Estados diferentes.
Em nome da Frente Parlamentar da Terra que reúne mais de 180 deputados e senadores favoráveis à reforma agrária, defendemos a investigação e a punição dos responsáveis pelos crimes no campo.

Não podemos mais assistir à cultura que a propriedade vale mais do que a vida.
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Dr. Rosinha, deputado federal (PT-PR)
Coordenador da Frente Parlamentar da Terra.
http://www.drrosinha.com/
Foto tirada no 5º Congresso Nacional do MST em Brasília - junho de 2007
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Leia e entenda.
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Por que estamos em luta



Queridos amigos,

A Reforma Agrária está parada no país.
Cresce a concentração fundiária, os assentamentos não recebem apoio efetivo, aumenta a violência contra os sem-terra e a impunidade dos latifundiários e do agronegócio.
O Massacre de Eldorado de Carajás é o principal símbolo do descaso do Estado com os trabalhadores rurais, com o povo brasileiro.
Depois de 12 anos da chacina que assassinou 19 trabalhadores rurais, no município de Eldorado de Carajás, no Pará, no dia 17 de abril de 1996, pouco mudou para os sem-terra.
150 mil famílias continuam acampadas, as empresas do agronegócio avançam sobre o território brasileiro, conquistando terras que deveriam ser destinadas às trabalhadoras e trabalhadores rurais.
O governo tem dado prioridade ao agronegócio.
Só o Banco do Brasil emprestou 7 bilhões de dólares para 13 grupos econômicos, enquanto nossos assentamentos não recebem investimento suficiente.
Estamos nesta semana fazendo ocupações de terras, marchas, acampamentos, manifestações e protestos, em sedes de bancos públicos, secretarias e órgãos de governos federal e estaduais, em todas as regiões do país, cobrando assentamentos das famílias acampadas e por investimento nas áreas de assentamento para ampliar a produção e para a construção de habitações rurais.
A Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária do MST, neste mês de abril, denuncia a lentidão da Reforma Agrária, os efeitos negativos do agronegócio e apresenta propostas para reverter a situação.
Precisamos mudar a política econômica vigente, que beneficia as grandes empresas e o capital financeiro, enquanto a população sofre com o desrespeito dos seus direitos sociais, previstos na Constituição, e com a falta de políticas públicas efetivas para enfrentar a desigualdade e a pobreza.
O Brasil está atrasado no processo de democratização da terra e na organização da produção para garantir a sustentabilidade dos pequenos e médios agricultores.
Não podemos admitir a perpetuação do latifúndio, símbolo da injustiça no campo, tanto improdutivo como produtivo.

A nossa jornada de lutas apresenta propostas de desenvolvimento para o campo brasileiro, defendemos um projeto de geração de emprego, com promoção de educação e saúde.
Por isso, nessa jornada exigimos do governo federal:
1- Retomada das desapropriações de terra e assentamento das famílias acampadas por todo o país. Famílias de trabalhadores rurais permanecem anos e anos embaixo da lona preta na luta pela Reforma Agrária:
– Plano emergencial de assentamento de todas as 150 mil famílias acampadas
– Alteração dos índices de produtividade
– Criar um mecanismo que acelere os trâmites internos para os processos de desapropriação
– Aprovação do projeto de lei que determina que as fazendas que exploram trabalho escravo sejam destinadas para Reforma Agrária
– Destinar áreas hipotecadas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal para a Reforma Agrária
2- Criação de uma linha de crédito específica para assentamentos, que viabilize a produção de alimentos para a população das cidades.
O Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) não considera as especificidades das áreas de Reforma Agrária.
A burocracia dificulta que as famílias assentadas tenham acesso ao programa.
O Incra, como instrumento do governo, deve criar uma nova linha de crédito com o objetivo de criar as condições estruturais de produção e de infra-estrutura social, na modalidade de fomento, para estruturar os assentamentos nos primeiros anos, incentivando formas comunitárias de associação.
Defendemos também a criação de um novo crédito bancário para estruturação da base produtiva nos assentamentos.
O governo deve garantir a aquisição de toda a produção, por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com preços justos e seguro agrícola.
3- O MST vem desenvolvendo junto com o Incra, em parceria com a Caixa Econômica Federal, um programa de reforma e construção de casas no meio rural e em especial nos assentamentos de Reforma Agrária.
O total da demanda para a habitação rural para 2007 era de 100 mil unidades, de acordo com o grupo de trabalho composto por movimentos sociais.
O governo prometeu conceder crédito para a construção de 31 mil unidades até o final do ano passado.
Até agora, foram contratadas apenas 8 mil unidades, sendo que somente 2 mil foram destinadas para assentamentos.
Por isso, reivindicamos a contratação de todos os projetos que se encontram na Caixa Econômica Federal até julho de 2008 e o atendimento da demanda de 100 mil habitações rurais para o ano de 2008.
Pedimos também a criação de um programa específico de habitação rural, desburocratizado e que atenda as especificidades do meio rural, coordenado pelo Incra em parceria com os movimentos sociais que atuam no campo para atender todas as famílias assentadas.
O Brasil precisa de um novo modelo agrícola, que dê prioridade à agricultura familiar voltada ao mercado interno, aos pobres do país.
Com isso, vamos garantir a nossa soberania alimentar e produzir comida para os 80 milhões de brasileiros que não têm acesso suficiente aos alimentos.
A Reforma Agrária e o fortalecimento da agricultura familiar são premissas fundamentais para a construção de um país com justiça social e soberania popular.

DIREÇÃO NACIONAL DO MST

MST Informa Ano VI - nº 150 Ano VI

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