terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Entrando em 2009 ou Desventuras de uma veranista

Saindo do mar, entrando em 2009
Eu e meus netos João e Pedro

Aos primeiros minutos de 2009 eu entrei no mar vestida de cetim branco. Perdi um brinco e ganhei uma conjuntivite.
Estava só começando...
O vestido ficou um pouco transparente da cintura pra baixo o que me obrigou a cortar todas as minhas fotos, nesta altura.
É claro que, como a maioria do povo brasileiro, eu tinha bebido demais, mas no reveillon, mergulhar nas águas escuras do mar, já faz parte do meu folclore.
Houve um ano que as roupas debaixo também ficaram transparentes. Meu filho Ricardo me tirou - aos trancos – do mar e da festa. Teria me batido, não fosse ele meu filho mais novo, embora já tenha dois filhos e 1,80 m.

Dia primeiro não conta, passou meio em branco. Dor de cabeça e olhos inflamados.

Dia 2. Meu marido, minha filha Ana, sua filha, seu marido e a família dele que veio da Espanha, foram para Guaraqueçaba. Não tinha lugar pra mim. Fiquei só no apartamento da praia.
Com os olhos irritados fui a pé até Matinhos consultar o infalível Geraldo da Farmácia que há anos me atende em minhas desventuras de verão. Cheguei à farmácia, ele me olhou e foi até o estoque nos fundos. Voltou com um colírio nas mãos, colocou-o nas minhas e disse:
- Sete reais. Use quatro vezes por dia, durante três dias e tire já esta lente, só coloque terminado o tratamento.

Enxergo muito mal sem minhas lentes de contato. Meus óculos de nada me adiantam depois que me acostumei às ditas cujas.
Voltei à pé os três quilômetros até Caiobá debaixo de uma chuva de doer na pele. Protegi o meu lindo chapéu de palha - novo em folha - dentro de um saco plástico para não deformá-lo.
Lembrei a velhinha que em um cruzeiro, sentada no convés, agüentava a maior ventania segurando com as duas mãos seu chapeuzinho enterrado na cabeça. Um marinheiro chegou até ela e lhe disse baixinho:
- Minha senhora, o vento está erguendo o seu vestido e a senhora está com “as partes” expostas.
Ela respondeu:
- Não faz mal, meu filho, isso ai tem mais de 80 anos, mas o chapéu, eu comprei ontem.

Cheguei em casa tão encharcada que dava pra torcer.
Protegi o chapéu, mas não, o celular que aparentemente morreu. Mesmo depois de sido submetido a uma “secagem” com meu secador de cabelos não deu sinal de vida.
Resolvi ligar para Guaraqueçaba para comunicar que estava sem o celular e percebi que o telefone fixo tinha sido desligado por falta de pagamento. Eu não tinha notado porque continuava recebendo ligações, mas estava impedida de fazê-las.
O chapéu ficou impecável, mas o meu talão de cheques teve o mesmo destino do celular: desintegrou.
Resignadamente, me dispus a enfrentar a fila quilométrica do caixa eletrônico para tirar o extrato de minha conta, um dinheirinho e umas folhas de cheque. Quando chegou minha vez, depois de ter recebido duas mensagens de que a minha senha estava incorreta (que saudades das minhas lentes...) eu pedi para que um velhinho que estava atrás de mim na fila
que a digitasse. Como ele não escutava bem eu acabei gritando a minha senha para todos ouvirem, pelo que fui repreendida por algumas pessoas, tipo:
- A senhora não devia fazer isso, é perigoso.
O velhinho digitou e ficamos todos, eu, o velhinho e a platéia aguardando o resultado. Surgiram, então, duas palavrinhas na tela do caixa:
Senha Bloqueada.
Incomunicável, sem dinheiro e sem enxergar direito, acho que sobrevivi apenas para contar o ocorrido.

- Um feliz ano novo para todos.
Nédier

Eu e a Cláudia, mulher do Ricardo