Votar,vencer, sentir orgulho da civilidade, da democracia readquirida com tantas dificuldades.
Estive afastada deste blog por motivos de saúde que me imobilizaram emocional e intelectualmente. Quando sentimos dor e desconforto físico é difícil esquecer que temos um corpo envelhecente, limitado e que dói.
Estou no balneário de Caiobá-PR, minha segunda casa onde me isolo e tento me recuperar.
Minha casa em Curitiba está em reformas e eu fico intratável com a invasão de minha privacidade, com o pó e com o barulho. Ninguém me merece.
Meu marido foi pescar em Guaraqueçaba e eu pedi que em sua volta para Curitiba passasse aqui e me levasse para votar no segundo turno. Deixei aqui meu carro e a Tonica, minha gata.
Ele veio me buscar.
Cheguei, almocei em casa de minha filha, VOTEI.
Meu marido me levou até a rodo ferroviária para que eu voltasse.
Cá estou.
Minha filha Ana protestou:
- Mãe você pode justificar teu voto. Não acredito que você sem ter participado (pela primeira vez) de uma campanha política faz questão de votar no segundo turno quando o candidato em que você votou no primeiro turmo está praticamente eleito. Respondi a ela:
- Minha filha, lutei, me expus por inteira para termos o direito de votar. Vivi anos cerceada por uma ditadura feroz, como são todas as ditaduras. Fiz passeatas, fui à comícios, briguei com a polícia...rs...
Sempre levei você junto.
Lembro que você ainda mocinha ficou encantada com o magnetismo do Ulisses Guimarães na emocionante campanha "Diretas Já".
Corremos as duas debaixo de uma enorme bandeira do Brasil pela "Boca Maldita".
Foi emocionante!!
Se eu não votasse hoje seria difícil perdoar minha incoerência política.
Nem que for para votar em branco eu estarei sempre em frente a uma urna nas eleições, exercendo minha cidadania.
Se eu viver muito, prepare-se para empurrar minha cadeira de rodas até minha zona eleitoral...rs...
Filha!! esta democracia, estas eleições, são conquistas nossas, do povo brasileiro. É orgulho pela coragem de enfrentar o dragão da vergonhosa inconstitualidade e vencê-lo.
Minha filha sorriu e concordou comigo:
- Mãe. entendi, você tem razão!
Tenho.
Nédier
- Dedico este pequeno texto à minha linda e inteligente filha Ana Paula. Tenho muito orgullo dela.
