domingo, 24 de agosto de 2008

Ângelus ou sobre os anjos nascidos de Drummond

Poema de sete faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida
(...)

Carlos Drummond de Andrade
.

Meus amigos,
Ontem postei uma poesia de Adélia Prado.
Hoje tentei lê-la para o meu marido e percebi que poesias, como a belíssima “Licença Poética”, pressupõem que o leitor goste de poesia e conheça pelo menos algumas clássicas de nossa antologia. Não é o caso de meu marido, ele é um técnico e não aprecia literatura e poesia, como a maior parte dos brasileiros.

O anjo que a Adélia se refere e que a destinou a carregar bandeiras foi inspirado, para quem não sabe, no anjo “gauche” – o anjo torto – de Drummond.

De vez em quando vejo referências, em músicas, poesias e textos sobre este tal anjo que quando nascemos nos predestina a alguma função insólita.
Anjos são insólitos.


Abro um parênteses
... e dedico-o à minha amiga Maria Helena Bandeira, a quem trato por Mhel.
O anjo de Manuel Bandeira é do time dos "Da Guarda" e não "Dos que Anunciam".
Leiam que lindo!

QUANDO MINHA IRMÃ morreu,
(Devia ter sido assim)
Um anjo moreno, violento e bom,
- brasileiro veio ficar ao pé de mim,
o meu anjo da guarda sorriu
E voltou para junto do Senhor.

Fecho parênteses.
.
O tal anjo que predestinou Drumonnd a ser “gauche” quando ele nasceu, inspirou alguns poetas, escritores e intelectuais, a se referirem aos seus destinos como se eles fossem apenas produtos da obediência servil ao anjo anunciador.
Abaixo coloco exemplos do anjo de Drummond na música e na poesia brasileira.
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LET'S PLAY THAT
Torquato Neto

Quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
(...)

ATÉ O FIM
Chico Buarque de Hollanda

Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
(...)

COM LICENÇA POÉTICA
Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,
anunciou:vai carregar bandeira
(...)

Depois de ter escrito o que escrevi, pensei em Maria no episódio bíblico da Anunciação;
"Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra".
Nestes versículos bíblicos um arcanjo de nome Gabriel desceu, ou subiu do céu, pois não sei onde ele fica, e avisou Maria que ela seria Mãe. E embora ela “não conhecesse homem” aceitou o encargo de que seu corpo fosse um meio de transporte para que o Filho de Deus viesse ao mundo para ensinar o Amor e através do Amor trazer a paz e salvar os homens de boa vontade.
A anunciação pode parecer surrealista para os ateus e para os não cristãos, mas é pura poesia se lida como tal.

Escrevi esta versão livre:

Anunciação
Gabriel, um anjo dos céus
foi promovido a arcanjo
e enviado por Deus
a visitar uma virgem
que se chamava Maria,
para dar-lhe uma missão.

Ele chegou de mansinho
Embora estejam por perto
Não é comum percebermos
Quando um anjo nos visita.
Gabriel muito por certo
Deixou-a muito assustada
E para abrandar o susto
Disse o arcanjo à Maria
De uma forma angelical
Que era como sabia:

" Olá, Maria, cheia de graça,
Deus está com você".
Maria ficou confusa,
mas Gabriel logo acalmou
a mocinha temerosa:
"Não tenha medo, Maria,
Você está na graça de Deus.
vais conceber um filho
e chamá-lo de Jesus
será o filho do Altíssimo
e seu Reino não terá fim".

Nédier


P.S.:- Talvez algumas mulheres que desejem ter um filho, não pensem que este filho tão desejado terá que carregar uma cruz durante a vida, ao contrário, se sentem visitadas por um anjo quando recebem a notícia de que estão grávidas.

Foto: In Peace by Migueltreze

sábado, 23 de agosto de 2008

Com licença poética - Adélia Prado

Com licença poética


Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta,

anunciou:vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

— dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

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Adélia Prado Prado

PS. Roubei a imagem e a idéia de um lindo pps. que a Marisa Giglio me enviou.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Fotos de Sebastião Salgado

Fotos de Sebastião Salgado
Escadas nas minas de ouro de Serra Pelada. Brasil, 1986

Filha de sem-terra num acampamento em Barra do Onça. Sergipe. Brasil


Declaração Universal dos Direitos Humanos

Preâmbulo

CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da familia humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade,
CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,
CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2
I)Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3
Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5
Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6
Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8
Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10
Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11
I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituiam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13
I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo 14
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15
I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17
I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 18
Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observâcia, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19
Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Artigo 20
I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21
I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22
Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indipensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.

Artigo 23
I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25
I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bestar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à seguranca em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26
I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnicrofissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo 27
I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios.
II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28
Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29
I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o
livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos.


domingo, 17 de agosto de 2008

Contratempo - Da tristeza de perder a 23ª Romaria da Terra


18ª Romaria da Terra em Guaíra/agosto/ 2003
Tema: o circo

Meus queridos,
Eu passei uma semana difícil.
Já não sou uma pessoa com muito senso de direção, mas durante esta semana me perdi completamente, inclusive a noção dos dias e das horas.

Liguei o piloto automático e fiz o que precisava ser feito, para voltar correndo para minha cama com a Tonica, minha gata, que fica deprimida comigo e se aninha ao meu lado quietinha, coisa rara, pois ela não tem sossego.
Só hoje pela manhã, depois de uma noite mal dormida é que percebi abrindo o jornal, (que não li durante a semana) que hoje era dia 17 de agosto e que eu tinha perdido a minha Romaria da Terra - comemoração à terra e aos que a respeitam e cultivam. Esta comemoração festiva me faz feliz, como quase nada neste mundo.


Ontem à noite postei a matéria sobre esta Romaria pensando que seria no domingo que vem. Eu tinha ainda de encontrar um jeito de ir, porque foi feita em um lugar muito longe, mas eu ia.

Hoje chorei como há muito tempo não chorava e apesar desta tristeza, sei que vou superá-la aprender alguma coisa com ela, mas no momento só sinto uma grande frustração por não ter ido ao encontro dos meus queridos agricultores rurais paranaenses que tanto amo e respeito.


Sem saber disso tudo a minha querida Rosane Coelho me mandou o texto abaixo, leiam, é belíssimo. Além de poeta, acho que ela é uma "bruxinha do bem" que sintoniza à distância com os meus sentimentos. Obrigada Rosane.

Desculpem-me este "ego confiteor", esta minha super exposição de sentimentos, mas eu sou assim mesmo, quando divido minhas alegrias ou tristezas com meus amigos - virtuais ou não - sempre me sinto melhor.
Um abraço,
Nédier
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VIVA A TRISTEZA!
Zélia Duncan

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Não, vou falar mal da tristeza, não seria justo. Eu devo a ela minhas profundidades, minha imaginação, minha volta por cima. Graças a ela vislumbrei coisas importantes pra mim. Músicas que várias pessoas conhecem. Cartas, textos, coisas que ninguém vai ler, mas que me serviram em algum momento. Mergulhei no pôr-do-sol, uivei pra lua, encostei a cabeça na janela naquele dia de chuva e ouvi a música mais linda do mundo.

Num dia triste, me sentindo fora do planeta, fui ao cinema e vi "Blade runner". Num dia soturno fui caminhar na praia e vi a onda mais azul, o céu mais infinito e o horizonte mais perfeito. Num dia triste li e reli Fernando Pessoa e não me senti só.

Num dia assim triste uma criança correu e abraçou as minhas pernas, cutucou minha esperança, me confundiu com alguém querido e me fez ligar pra alguém que eu amava.

Num dia cinza eu me senti viva e quis virar lápis de cor.

Num dia oco eu procurei motivos novos e antigos para me preencher de novo e foi até divertido.

Num dia assim-assim trouxe um cachorrinho pra casa, que virou meu maior menor companheiro.

Num dia tristíssimo procurei por você e sua voz me encheu de sorrisos o resto do dia.

No dia mais triste do mundo eu perdi um amigo. No dia seguinte, ainda triste, agradeci por ter tido um dia um amigo que me valesse tanto.

Num dia infinitamente triste eu cantei, minha voz era a voz da tristeza que percorria o meu corpo. E fiz um monte de gente feliz.

E também para que não percamos o poder de ação, precisamos olhar para a tristeza, precisamos nos indignar com ela, precisamos desejar a alegria genuinamente. Com essa mania de corrigir tudo no computador, acabamos facilitando nossa fragilidade diante de tudo. Ortografias, fotos, cores, sorrisos, a vida vai virando um show de Trumman de verdade!

Você ouve uma voz, mas não tem certeza se foi corrigida ou não, vê uma foto, mas não sabe se há silicone, injeções ou Photoshop, lê um texto e a autoria fica vagando pelos sites.

Um olhar positivo sobre a vida é sempre fundamental, mas, neste mundo em que vivemos, ter como exigência o riso é quase uma falta de respeito... Ou de consciência. Sei lá, vejo as pessoas querendo morrer de rir, muitas vão ao teatro só se for comédia, e isso me assusta um pouco. Se não entrarmos em contato com as consistências das coisas e suas eventuais tristezas, como podemos acreditar na alegria quando ela vem?
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- Dedico esta página à minha amiga Rosane Coelho, uma das melhores poetas brasileiras contemporâneas.

sábado, 16 de agosto de 2008

23 ª ROMARIA DA TERRA DENUNCIARÁ AÇÃO DAS MÍLICIAS ARMADAS E A PARALISIA DA REFORMA AGRÁRIA NO PARANÁ

Romarias
21ª Romaria da Terra
Tamarana/PR
20 de agosto de 2006
D. Thomas Balduino
"O bonito da romaria é ver o povo cantando com esperança e,
ao mesmo tempo, denunciando e anunciando. Todos procuram um espaço dentro da sociedade porque, muitas vezes, é um povo mal visto",
afirmou o fundador da CPT, Dom Thomas Balduino
A 21ª Romaria da Terra do Paraná, realizada em Tamarana, em 20.08.06, celebrou a fé e cobrou respostas para os problemas do campo. Com o slogan "Sem fome e opressão: A aliança com os pobres é libertação!", o evento reuniu - segundo a entidade promotora do evento (a CPT) - cerca de 15 mil pessoas


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A 22ª Romaria da Terra do Paraná em
Francisco Beltrão
19 de agosto de 2007.

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No próximo ano comemoram-se os 50 anos da Revolta dos Colonos realizada na região Sudoeste do Paraná no ano de 1957. No encontro foi celebrada a memória das lutas dos camponeses em defesa da terra, da água e da vida. Também foram compartilhadas inúmeras experiências desenvolvidas pelas comunidades, movimentos e organizações na linha da educação, produção, comercialização, organização, cuidado ambiental e conquista de direitos sociais.

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23ª ROMARIA DA TERRA
QUERÊNCIA DO NORTE

17.08.09

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.A Comissão Pastoral da Terra do Paraná tem a grande alegria de informar a todas as comunidades e organizações que a 23ª ROMARIA DA TERRA DO PARANÁ, acontecerá no município de Querência do Norte, no dia 17 de agosto de 2008.

O tema da Romaria será a Impunidade no campo e os desafios da Reforma Agrária. Dados catalogados pela CPT vêm demonstrando que a certeza da impunidade é uma das razões do crescimento da violência no campo. Neste contexto, o Poder Judiciário tem se mostrado, quase sempre, um dos grandes aliados do latifúndio e do agronegócio. Ao mesmo tempo em que é lento para julgar os crimes contra os trabalhadores/as é extremamente ágil para atender as demandas dos proprietários expedindo liminares de reintegração de posse que, na maioria das vezes, acabam se tornando sentença unilateral definitiva e arbitrária, dando margem à violência da Polícia e à ação das milícias privadas.
De 1985 a 2005 ocorreram no Brasil 1.063 conflitos com morte. Foram assassinadas 1.425 pessoas, entre trabalhadores, lideranças sindicais ou de movimentos e agentes de pastoral. Destes crimes contra os trabalhadores, somente 78 destes homicídios foram julgados. Foram condenados apenas 67 executores e 15 mandantes.No mesmo período no Paraná foram assassinados 45 trabalhadores sendo que destes crimes nenhum culpado ou mandante foi punido.

REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ: UM PALCO DA VIOLÊNCIA CONTRA OS TRABALHADORES/AS NO PARANÁ

Na segunda metade da década de 1990 a região Noroeste do Paraná, foi o palco de um conjunto de violências contra as famílias de trabalhadores/as Sem Terra. Neste contexto, foram vários os despejos violentos e os trabalhadores/as assassinados. Infelizmente a maioria dos casos de violência contra os trabalhadores/as na região continuam impunes. No município de Querência do Norte aconteceram várias situações de violência contra os trabalhadores/as: foram inúmeros os despejos violentos, as agressões, seqüestros, ameaças, torturas, prisões e assassinatos nos últimos anos. Mas Querência do Norte também é um lugar de resistência, já que é um dos exemplos da viabilidade da Reforma Agrária: neste município encontram-se vários assentamentos e a organização e a produção dos agricultores têm um importante papel na dinâmica econômica do município.
Inspirados pela Palavra de Deus, queremos celebrar a justiça que se realiza na partilha e na democratização da terra, um dos melhores mecanismos para realizar a paz no campo. “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino de Deus”, anuncia Jesus pela boca do evangelista Mateus (5, 10). Nos 15 anos do martírio de Teixeirinha (Diniz Bento da Silva), nossa Romaria será também um ato de memória de todos os mártires da terra de nosso Paraná e do Brasil, luzes que guiam a nossa luta e nos animam na luta pela justiça.

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA DO PARANÁ
Organize desde já a sua caravana!
Maiores informações na página da CPT na Internet

fone: 41-3224-7433
http://www.cpt.org.br/ ou pelo e-mail cpt@cpt.org.br
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ROMARIA DA TERRA DENUNCIARÁ AÇÃO DAS MÍLICIAS ARMADAS E A PARALISIA DA REFORMA AGRÁRIA NO PARANÁ

A 23ª Romaria da Terra do Paraná, evento realizado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra, será realizada no próximo domingo, 17.08, no município de Querência do Norte, localizado a cerca de 40 Km de Loanda, região Noroeste do Estado.
O crescimento assustador da ação das milícias armadas no Paraná e a paralisia do processo de Reforma Agrária no Estado serão refletidos durante o evento. Os dados do Relatório de Conflitos no Campo 2007, organizado pela CPT, demonstram que os grupos armados continuam atuando livremente no Paraná. Os números apontam para o aumento assustador da ação das milícias armadas escondidas sob a fachada de empresas de segurança no Paraná, fato amplamente denunciado pela CPT. Foram 1.188 famílias violentadas, ameaçadas e intimidadas pelos grupos armados a serviço do latifúndio, um aumento de 35% se comparado com os dados de 2006 (764 famílias). Estes dados fazem do Paraná o 2º (atrás apenas do PA) no número de famílias vítimas das ações das milícias paramilitares.
Se não bastasse a violência sofrida como resultado da atuação das milícias armadas, os trabalhadores continuam sofrendo com a repressão da polícia militar, do poder judiciário e do executivo paranaense. Em 2007, foram despejadas a mando do poder judiciário no Estado 2077 famílias (em 18 ações de reintegração de posse). O Paraná só fica atrás, nesse número, do Estado do Pará! Segundo os dados do próprio governo estadual, a cada dez dias é realizada uma ação de despejo. Cabe lembrar que nem durante o governo Lerner (que registrou a marca de 1 despejo a cada 18 dias) se registrou um número tão alto de expulsão de famílias de suas terras.
A violência privada dos fazendeiros e da empresa transnacional Syngenta Seeds resultou no assassinato de 3 trabalhadores nos últimos 12 meses no Paraná. No dia 15/05/07 a liderança dos faxinalenses, Antonio Novakoski, sofreu uma tentativa de assassinato em São Mateus do Sul. Infelizmente, o trabalhador faleceu cerca de 20 dias depois do atentado. Há tempos os faxinalenses vêm denunciando as ameaças de morte e as intimidações que vem sofrendo dos fazendeiros da região Centro Sul do Estado. No dia 21/10/07 um grupo de 40 pistoleiros fortemente armados se dirigiu ao acampamento localizado no município de Santa Tereza do Oeste, fez vários disparos contra as famílias e executou Valmir Mota (Keno), liderança do MST e da Via Campesina no Paraná. No dia 30/03/08, um grupo de pistoleiros, executou o trabalhador Eli Dallemole, dentro de sua casa no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira.
Enquanto cresce a violência no campo, a Reforma Agrária continua paralisada no Brasil e no Paraná. O balanço da Reforma Agrária em 2007 no Estado, mostra que o número de assentados foi inferior à metade da previsão inicial. O INCRA conseguiu assentar apenas 899 famílias das 2 mil pretendidas. Pelo segundo ano consecutivo, a criação de novos assentamentos fica bem abaixo da meta (em 2006, quando o órgão diz ter assentado 921 famílias). Além da lentidão, a maioria dos assentamentos no Estado tem se dado pela via da compra de áreas. Desta forma, a política de assentamentos no Paraná (e em todo Brasil) tem se configurado em um grande negócio para os proprietários de terra.
A situação a nível federal também demonstra a paralisia da política de Reforma Agrária. Durante todo o ano de 2007 a proposta de atualização dos índices de produtividade (utilizados por técnicos do Incra na avaliação de uma área que pode ser desapropriada) não sofreu mudanças, já que o governo manteve na gaveta a proposta de alteração defendida pelos movimentos sociais como uma forma de acelerar o processo de Reforma Agrária. O ano de 2007 foi disparado, o pior ano em desapropriações de terra para a Reforma Agrária. Foram desapropriados apenas 204,5 mil hectares, este número representa um terço da média anual de 682,5 mil hectares do primeiro mandato (2003 – 2006). O montante de famílias assentadas em 2007 também ficou abaixo das expectativas do próprio governo que previa assentar 100 mil e assentou apenas 67 mil famílias.


INFORMAÇÕES
41-3224-7433 ou cpt@cpt.org.br
43 – 9922-5312

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Doidas e Santas

Eu, doida assumida
(encontrei hoje esta foto na memória de uma câmara fotográfica, não sei quem a tirou, nem quando)
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Doidas e Santas

Martha Medeiros

"Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa." São versos de Adélia Prado, retirados do poema 'A serenata'. Ele narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão – não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: 'De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?'

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Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada, onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões – e a gente sabe como as desilusões devastam - , terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?
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Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe???
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Nem ela caríssimos, nem ela.
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Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.
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Santa, mesmo, só Nossa Senhora, mas, cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (Não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do.)
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Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar louca e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
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Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.
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Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.

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Depois dessa, só conhecendo a poesia de Adélia Prado, é maravilhosa.


Adélia Prado
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A SERENATA
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Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
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Adélia Prado
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- Dedico esta página à minha - muito amada - amiga Maria Nadir Miranda de Carvalho.


sábado, 2 de agosto de 2008

Tudo o que você não sabe sobre Fernanda Young

Capa do livro
“Tudo o que você não soube”

Fernanda Young

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Não se iludam com sua carinha angelical, com seu ar meio dark, com seu irritante programa televisivo (porque é curto demais).
Não a vejam como uma escritora de textos inteligentes para a TV.
A Fernanda Young é uma das maiores escritoras brasileiras da atualidade.

- Por que este fato incontestável não é tão divulgado como deveria?

Pra mim foi um susto! Vou contar por quê.
Sou uma leitora compulsiva que começou com Monteiro Lobato. Que chorou quando, aos 23 anos, terminou de ler a última obra de Machado de Assis (porque não tinha mais nenhuma).
Troquei cartas com o Pedro Nava, o melhor memorialista brasileiro – que escreveu sobre uma época da história brasileira que eu desconhecia.
Hoje, eu, curitibana da terra de Dalton Trevisan, do Leminski e do Cristóvão Tezza, leio e amo o John Hupdike, o Philip Roth e o Samuel Bellow.
Por favor, não quis afirmar que sou uma intelectual, quis apenas dizer que sou uma leitora um tanto elitista que não costuma perder tempo com “literatura” comercial.
Confesso também, envergonhada, que tenho alguns preconceitos com relação a alguns escritores.
Preconceitos são horríveis - são rótulos que colocamos apenas por ter ouvido falar de um incerto conteúdo.

Uma noite dessas fui ficar na casa do meu filho Ricardo para atender meus netos Pedro (7) e João (3), já que meu filho e sua mulher Cláudia iam a um casamento e voltariam tarde.
Fui preparada para uma noite caótica. Meus dois “anjinhos”, porém, se cansaram com as brincadeiras desta avó (“Vó, você é biruta?”) e foram dormir cedo.
Eu não tinha levado nenhum livro. Sem um bom livro por perto me sinto como um velhinho sem óculos, sem bengala e sem dentadura. Um ser fantasmagórico e inútil.

Resolvi olhar a estante de livros da Cláudia e lá encontrei o “Tudo que você não soube” da Fernanda Young. Fui invadida pelos burros preconceitos supra mencionados. Como, por exemplo, os que sinto quando tenho um livro do Paulo Coelho nas mãos: “Já li alguns, são todos iguais. Não gosto.”
Pensei desanimada:
- Fernanda Young... É aquela da televisão...
Como não tinha outra opção, comecei a ler como alguém que, por estar com fome, aceita qualquer tipo de alimento.

Não consegui parar, em um envolvimento total com o texto.
Tive emoções fortes. Reconheci-me em alguns aspectos da protagonista. Emocionei-me a ponto de sentir dores no peito.
Eram 3 horas da manhã quando terminei. Querendo mais.
Querendo ver a Fernanda Young usar mais objetos de sua incrível caixa de ferramentas.
Dormi de óculos e segurando o livro sobre o travesseiro.
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No dia seguinte, liguei para o meu filho mais velho, que tem um bom gosto literário indiscutível.
- Fabrício!! Não te perdôo, você não me contou que a Fernanda Young é o que há de melhor na literatura brasileira contemporânea. Você não leu nenhum livro dela?
- Li, mãe, escrevi até uma crítica na web sobre o “Aritmética”.
- Aritmética?? Você sabe que eu não sei a tabuada do sete.
- Vou te mandar a crítica por e-mail, então você vai se acalmar ao constatar que eu também gostei do livro (http://fabricio2.diaryland.com/050622_16.html).

Então, tá, vou escrever o que penso: a Fernanda Young é linda, atriz, escreve pra revistas e pra televisão (onde tem até um programa) e é a melhor escritora brasileira contemporânea.
Se fosse homem, com certeza seria considerado “o melhor escritor brasileiro”.
- Será que ser mulher, jovem, bonita e bem sucedida é empecilho para a crítica literária brasileira reconhecê-la como “a melhor”?
Nédier

Foto tirada numa manhã chuvosa de sábado por meu neto Pedro.
Eu ainda não tinha saído da cama e a minha gata Tonica já tinha entrado nela.