sábado, 2 de agosto de 2008

Tudo o que você não sabe sobre Fernanda Young

Capa do livro
“Tudo o que você não soube”

Fernanda Young

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Não se iludam com sua carinha angelical, com seu ar meio dark, com seu irritante programa televisivo (porque é curto demais).
Não a vejam como uma escritora de textos inteligentes para a TV.
A Fernanda Young é uma das maiores escritoras brasileiras da atualidade.

- Por que este fato incontestável não é tão divulgado como deveria?

Pra mim foi um susto! Vou contar por quê.
Sou uma leitora compulsiva que começou com Monteiro Lobato. Que chorou quando, aos 23 anos, terminou de ler a última obra de Machado de Assis (porque não tinha mais nenhuma).
Troquei cartas com o Pedro Nava, o melhor memorialista brasileiro – que escreveu sobre uma época da história brasileira que eu desconhecia.
Hoje, eu, curitibana da terra de Dalton Trevisan, do Leminski e do Cristóvão Tezza, leio e amo o John Hupdike, o Philip Roth e o Samuel Bellow.
Por favor, não quis afirmar que sou uma intelectual, quis apenas dizer que sou uma leitora um tanto elitista que não costuma perder tempo com “literatura” comercial.
Confesso também, envergonhada, que tenho alguns preconceitos com relação a alguns escritores.
Preconceitos são horríveis - são rótulos que colocamos apenas por ter ouvido falar de um incerto conteúdo.

Uma noite dessas fui ficar na casa do meu filho Ricardo para atender meus netos Pedro (7) e João (3), já que meu filho e sua mulher Cláudia iam a um casamento e voltariam tarde.
Fui preparada para uma noite caótica. Meus dois “anjinhos”, porém, se cansaram com as brincadeiras desta avó (“Vó, você é biruta?”) e foram dormir cedo.
Eu não tinha levado nenhum livro. Sem um bom livro por perto me sinto como um velhinho sem óculos, sem bengala e sem dentadura. Um ser fantasmagórico e inútil.

Resolvi olhar a estante de livros da Cláudia e lá encontrei o “Tudo que você não soube” da Fernanda Young. Fui invadida pelos burros preconceitos supra mencionados. Como, por exemplo, os que sinto quando tenho um livro do Paulo Coelho nas mãos: “Já li alguns, são todos iguais. Não gosto.”
Pensei desanimada:
- Fernanda Young... É aquela da televisão...
Como não tinha outra opção, comecei a ler como alguém que, por estar com fome, aceita qualquer tipo de alimento.

Não consegui parar, em um envolvimento total com o texto.
Tive emoções fortes. Reconheci-me em alguns aspectos da protagonista. Emocionei-me a ponto de sentir dores no peito.
Eram 3 horas da manhã quando terminei. Querendo mais.
Querendo ver a Fernanda Young usar mais objetos de sua incrível caixa de ferramentas.
Dormi de óculos e segurando o livro sobre o travesseiro.
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No dia seguinte, liguei para o meu filho mais velho, que tem um bom gosto literário indiscutível.
- Fabrício!! Não te perdôo, você não me contou que a Fernanda Young é o que há de melhor na literatura brasileira contemporânea. Você não leu nenhum livro dela?
- Li, mãe, escrevi até uma crítica na web sobre o “Aritmética”.
- Aritmética?? Você sabe que eu não sei a tabuada do sete.
- Vou te mandar a crítica por e-mail, então você vai se acalmar ao constatar que eu também gostei do livro (http://fabricio2.diaryland.com/050622_16.html).

Então, tá, vou escrever o que penso: a Fernanda Young é linda, atriz, escreve pra revistas e pra televisão (onde tem até um programa) e é a melhor escritora brasileira contemporânea.
Se fosse homem, com certeza seria considerado “o melhor escritor brasileiro”.
- Será que ser mulher, jovem, bonita e bem sucedida é empecilho para a crítica literária brasileira reconhecê-la como “a melhor”?
Nédier

Foto tirada numa manhã chuvosa de sábado por meu neto Pedro.
Eu ainda não tinha saído da cama e a minha gata Tonica já tinha entrado nela.