sexta-feira, 24 de abril de 2009

Guaraqueçaba, as fotos falam mais de sua beleza e disfarçam sua triste realidade



Mais fotos de um pescador de Guaraqueçaba chamado Dadaco.
Ele pilotou minha Nikon como se fosse um barco.
É o melhor!!



Guaraqueçaba, o paraíso, foi hoje tristemente noticiada pela rede Globo local.
As estradas são intransitáveis.
A falta de condução não permite que as crianças cheguem na escola, impede que estudem, contribue para que permaneçam pobres e desamparados como seus pais.




Este é o fantástico Chaleira, o personagem mais conhecido de Guaraqueçaba.
Ele me chama de D. Amélia e pronto! Atendo.
Quando servimos o jantar ele comenta: - Quanta "gordomia"!
Quando bebeu além, além da conta na festa de Nossa Senhora do Rocio em Paranaguá, contou que os amigos levaram-no para o hospital e ele tomou uma injeção de "micose" na veia...
É impossível não amar o Chaleira.





Eu gostaria muito de dizer:
- Venham conhecer Guaraqueçaba!!!
Não tenho coragem. Talvez um dia "por descuido ou poesia" um dos nossos dirigentes resolva deixá-la em condição de ser vista pelo mundo.
Um abraço,
Nédier

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Anoitecendo em Guaraqueçaba - As fotos do Dadaco

Quaraqueçaba é Patrimônio Natural da Humanidade e um paraíso quase inascessível por causa dos 80 km de estrada intransitável a partir de Antonina.
Temos uma pequena casa em cima de uma grande pedra no Costão de onde vemos a beleza inacreditável da baía- onde nadam golfinhos e - a ainda verdejante - Serra do Mar.

Os que nasceram ou apenas moram em Guaraqueçaba são apaixonado por ela, embora ela quase não lhes forneça os recursos básicos para uma vida com assistência médica e conforto.

Seus moradores são, na maioria, pescadores pobres. Todos os que conheço olham as belezas de Guaraqueçaba com olhos de menino que descobre a todo momento novos tesouros na paisagem.
Os que vivem em Guaraqueçaba não se restringem em simplesmente amar a cidade, cuidam dela, das águas da baía, preservam o ambiente com um carinho que me deixa emocionada.

Fui passar o fim de semana lá com meu marido, aliás nos encontramos lá, eu vinda de Caiobá e ele de Curitiba.
No fim da tarde de sábado depois de uma ótima pescaria saboreamos um jantar feito pelos pescadores, com requintes dos melhores restaurantes que conheço.

Findo o jantar, nós, o Dadaco - pescador e funcionário da prefeitura - cujo nome é para mim impronunciável, o Wilson que cuida de nossa casa e o Chaleira - uma figura folclórica pelo modo de agir e pelos famosos neologismos - ficamos olhando o sol se pôr num silêncio que costumamos fazer quando somos atingidos pela Beleza. O Dadaco comentou apenas: - Vejam se não é maravilhoso (ele assiste este espetáculo todos os dias).
Fui até dentro de casa e trouxe a Nikon. Dei para o Dadaco (que se considera e é considerado por todos o melhor pescador do mundo) e pedi para ele registrar aquele fim de dia. Expliquei o mínimo e lá ficou, aquele louro gordinho, de olhos claros e de uma simpatia cativante, monitorando a câmera.
Foram mais de 70 fotos. Estas nem devem ser as melhores, mas afinal eu tinha que escolher algumas.Não utilizei nenhum recurso para melhorá-las, estão ai, exatamente como o Dadaco focalizou.
Sou obrigada a dizer que, ao vivo, com sua brisa, seus cheiros, suas canoas e canoeiros, com o barulhinho da água e dos passantes na rua bem abaixo, tudo isso é ainda mais bonito.
Um abraço,
Nédier


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sábado, 11 de abril de 2009

Espelhos - uma história quase universal

“Em "Espelhos - uma história quase universal",
o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor do clássico
“As veias abertas da América Latina”, não dando a mínima para as fronteiras que tentam separar os gêneros literários, apresenta pequenos textos que buscam registrar os esquecidos, os ignorados, os anônimos e os fatos que poderiam ficar injustamente enterrados.”
http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2008/10/espelhos-eduardo-galeano.html
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Trecho:
Perigo na Terra
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Numa tarde de 1996, dezenove camponeses foram metralhados, a sangue-frio, por membros da Polícia Militar do estado do Pará, na Amazônia brasileira.
No Pará, e em boa parte do Brasil, os amos da terra reinam, por roubo roubado ou por roubo herdado, sobre imensidões vazias. Seu direito de propriedade é direito de impunidade. Dez anos depois da matança, ninguém estava preso. Nem os amos, nem seus instrumentos armados..
Mas a tragédia não tinha assustado nem desalentado os camponeses do Movimento dos Sem Terra. Os havia multiplicado, e neles havia multiplicado a vontade de trabalhar, de trabalhar a terra, embora neste mundo isso seja delito imperdoável ou incompreensível loucura.


Eduardo Galeano - "Espelhos. Uma história quase universal". Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

domingo, 5 de abril de 2009

O Cara II - Lado a lado

montagem: Nédier

foto: EFE (detalhe)

Foto: EFE

Lado a lado


Encosto ou não encosto? Só o joelho. O que pode acontecer? Ela dizer “Mr. Lula, please!” Aí eu recolho o joelho, peço desculpas, “aimsórri, aimsórri” e pronto. Se eu soubesse falar inglês, explicaria. Sabe o que é, Elizabeth? Eu estava aqui pensando: quando é que, lá em Pernambuco, eu ia imaginar que um dia estaria sentado ao lado da rainha da Inglaterra? Não sei quem é que me botou aqui para tirar esta fotografia do G-20. Não acho que tenha sido um pedido seu, “Quero o bonitinho de barba à minha esquerda”. Claro que não. Mas o fato é que estou aqui e o Barack está aí atrás em algum lugar, de pé e se perguntado o que eu tenho que ele não tem. O Sarkozy não deve nem estar aparecendo. Ficou atrás da Merkel e não vai sair na foto. E eu aqui ao seu lado, na primeira fila. Isto significa muito, viu Elizabeth? Lá na minha terra vai ter gente se mordendo de raiva. Onde já se viu, aquele retirante nordestino que nem fala direito sentado à esquerda da rainha da Inglaterra?
Quando eu me elegi muita gente ficou horrorizada: como é que vai ser quando ele, um torneiro mecânico, tiver que nos representar num jantar oferecido, por exemplo, pela coroa inglesa? Vai ser servido na cozinha, para não dar vexame na escolha dos talheres. E aqui estou eu, sentado ao lado – com todo o respeito – da coroa inglesa em pessoa.

Se foi o protocolo que me botou aqui, ele acertou, viu Beth? Você, queira ou não, não é só a rainha dos ingleses, é, simbolicamente, a rainha de todos os loiros de olhos azuis do mundo, incluindo o Barack. De todos os bandidos que causaram esta crise e hoje nos infernizam a vida. E, de certo modo, eu sou o seu oposto. Sou uma espécie de rei republicano dos não-loiros do mundo – ou pelo menos deve ter sido essa a ideia do protocolo aos nos botar lado a lado. Todos os outros chefes de Estado desta fotografia seriam dispensáveis. A foto poderia ser só de nós dois e estariam todos representados. E isto significa outra coisa também, viu Beth? Eu não me contentei em ter nascido na miséria, no Nordeste, e quis mais. Não me contentei em ser um torneiro mecânico em São Paulo e quis mais. Não me contentei em ser um líder sindical e quis mais. Não me contentei em perder eleição atrás de eleição, insisti e acabei presidente.

Agora estou aqui, lado a lado com a rainha da Inglaterra, num dos pontos mais altos da minha carreira, e também quero mais. Por isso minha perna se moveu e meu joelho encostou no seu. De certa forma, o movimento da minha perna foi o passo final da caminhada que começou em Pernambuco, tantos anos atrás. Já que, ao contrário de você, Beth, não posso ficar no poder para sempre.
Luis Fernando Veríssimo
Agência O Globo/05/04/09

sábado, 4 de abril de 2009

O Cara

Esta charge é emblemática!!!
Onde está escrito:
"- Calma, Fernando Henrique, já passou." podemos substituir o Fernando Henrique por uma série de outros nomes de políticos, eleitores, internautas...

Calma, minha gente, já passou...rs...pra que tanta inveja, tanto ressentimento.
Coisa mais feia!!
Faz mal para a saúde.

Nédier