sexta-feira, 22 de julho de 2011

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?


Foto que tirei no amanhecer de um novo dia na

Marcha Nacional: Goiânia - Brasília




Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?


O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.
Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.
A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.
A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.
Por que será?


Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.


Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?


Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país?


O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações?privataria ? e a corrupção existente no governo FHC.


Os casos foram numerosos - tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do Engavetador Geral da República.


Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.


Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato - também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política?


Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?


O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.


Por que não vemos indignação contra a corrupção?
Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.
Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.


As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay...e por que não contra a corrupção?
Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.
Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes - como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul - mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.
A sensação é de impunidade?
Sim, há uma sensação de impunidade.


Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários.


Isso não é uma espécie de roubo?


Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente?


Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve coma devolução do dinheiro roubado...


O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: em 2014,


"Posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional."


Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras.


Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.


São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF - que acabam naturalizando a impunidade junto a população.



Enviado por
luisnassif, ter, 19/07/2011 - 19:45 http://www.mst.org.br/Por-que-a-populacao-nao-sai-as-ruas-contra-a-corrupcao-mst-responde-globo-nao-publica

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ilan


- Nédier, você pode fazer melhor. Esqueça esta história de achar que tem um bom estilo, não serve pra nada.Ouço quase todos os dias esta frase do meu personal de natação, um judeu bonitão, ruivo e rabugento que adoro. (Ele não se acha ruivo...)
Que ele é o melhor no que faz é uma unanimidade entre os profissionais que trabalham com ele. Eu nado na última raia e ele vai e volta comigo, corrigindo:
- Braçada mais larga!!
- Olhos abertos.
- Fure a água com as mãos.
- Pronto, esqueceu as pernas. Lembre do ritmo: um, dois. um dois...
- De onde você tirou esta posição das mãos? E irônico imita-as.
- Elas têm que ficar sempre um palmo embaixo d'água.
- Feche os dedos...etc...etc...
Não toma conhecimento dos meus protestos e palavrões. Às vezes apelo:
- Sou uma velhinha que está se restabelecendo de uma cirurgia. Ele ri:
- Não apele, você sabe que é melhor que muitas menininhas e precisa recuperar a musculatura das pernas.É o máximo e único elogio que ele me faz.O outro "elogio" é uma crítica:
- Você foi muito bem nas três primeiras braçadas.
Quando tento assimilar uma nova orientação, esqueço o resto. Quando a domino, tudo fica mais fácil e sinto que estou nadando melhor.Se ele me sente muito tensa, porque reclamo muito, me afogo, bato a cabeça no fim da piscina, ele me manda relaxar:
- Agora pode nadar naquele estilo que você inventou. É um estilo que batizei de "A Vó da Sereia". Ele me diz brincando que eu devia patentear. É uma delícia!! Parece o nadar da Pequena Sereia que já vi em filmes com meus netos. Com as pernas fechadas como no estilo golfinho eu vou fazendo curvas com meu corpo e uso a braçada de peito quando quero vir à tona. Relaxo e me acalmo.


Tudo isso parece uma metáfora da vida.
Aperfeiçoar os pequenos detalhes
sabendo
que só assim PODEMOS FAZER MELHOR. Lembrando que, quando necessário, é preciso relaxar.


Nédier
PS.: Acho que o Ilan pretende fazer eu atravessar o Canal da Mancha... mas até lá eu vou ter uns 80 anos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Hackers, parabéns



Carlos Vereza, ator
.



Queridos Hackers que invadiram os sites do "governo", parabéns!


Na esperança que um de vocês leia meu blog, torço para que não apenas acessem, mas divulguem para o Brasil e o mundo as falcatruas, tráficos de influência, obras superfaturadas, enfim, divulguem e façam uma campanha contra o maior esquema de corrupção jamais visto neste país!

Pode ser o começo de uma reação à essa quadrilha que mantém o povo alienado com bolsas-anestesias, e saqueiam esta nação com uma avidez despreocupada com punições!

Não passa uma semana sem que surjam escândalos ligados ao "partido da ética e da moralidade na política!", Trinta e oito ministérios para "empregar" os capangas ,que, ou perderam eleições, ou precisam de uma "boquinha...

Denunciem a cooptação de todos os poderes, a evidente falta de governabilidade, com o palanqueiro Lula mantendo em verdade um governo paralelo!

Não esmoreçam! Enviem denúncias para o Tribunal de Haya, sobre os constantes assassinatos de líderes rurais; o abandono das populações indígenas...Enfim, vocês sabem melhor do que eu o caminho da sagrada indignação a ser tomado!

Convoquem marchas de protesto em todo o país! Vocês possuem o domínio de uma tecnologia que pode arrancar o povo e os poucos intelectuais honestos, de uma letargia que termina por ser cúmplice da roubalheira generalizada!

Estamos juntos

.

.
Postado por Carlos Vereza às 18:55

sexta-feira, 24 de junho de 2011


terça-feira, 19 de julho de 2011

Matinhos Caiobá/PR. Fotos antigas



Matinhos, 1949







Compartilho com vocês estas fotos antigas de Matinhos que recebi. É a praia onde passei todos os meus verões desde que nasci. Todas as férias escolares no inverno...Lugar abençoado onde vivi os melhores dias de minha vida. E ainda vivo.


Nédier





Praia Mansa 1930



Praia Mansa



Praia Brava Caiobá/Matinhos



Cresci lendo esta poesia pintada na pedra da praia de Matinhos. Cada vez que eu a lia sentia que estava em casa.








Estrada para o ferry boat

Matinhos, beira-mar, 1946

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Oração de Santo Agostinho e a voz de minha irmã.



Foto da Nadya tirada em minha casa, no meu aniversário. No plano de fundo está seu filho Gustavo.



" A morte não é nada



Eu somente passei para o outro lado do caminho.



Eu sou eu ,vocês são vocês .



O que eu era para vocês



eu continuarei sendo .



Me dêem o nome



que vocês sempre me deram ,



falem comigo



como vocês sempre fizeram .



Vocês continuam vivendo



no mundo das criaturas ,



eu estou vivendo



no mundo do Criador .



Não utilizem um tom solene



ou triste , continuem a rir



daquilo que nos fazia rir juntos .



Rezem , sorriam , pensem em mim .



Rezem por mim .



Que meu nome seja pronunciado



como sempre foi



sem ênfase de nenhum tipo.



Sem nenhum traço de sombra ou tristeza .



A vida significa tudo



o que ela sempre significou ,



o fio não foi cortado .



- Porque eu estaria fora



de seus sentimentos ,



agora que estou apenas fora



de suas vistas ?



Eu não estou longe ,



apenas estou



do outro lado do Caminho ...



Você que aí ficou , siga em frente ,



a vida continua linda e bela



como sempre foi ".




(Oração de Santo Agostinho)



Meus amigos,

Recebi, por e-mail,de minha querida Marisa Giglio este texto. Ele me trouxe um grande conforto.Imprimi várias cópias, distribui entre os amigos presentes na missa realizada na Igreja de Santo Agostinho no sétimo dia da morte de minha irmã e li-o em voz alta, no altar, usando o microfone do Padre Raimundo. Disse a todos que eu estava emprestando minha voz à Nadya que, embora presente dentro de nós, não poderia falar.

- Não foi o que ocorreu!!

Como um milagre foi ela que me emprestou sua voz calma e pausada, tão diferente da minha e da minha dificuldade de dicção.

E todos entenderam sua mensagem.

Nédier

Nadya, minha irmã






Esta foto deve ter uns 50 anos. Foi tirada da Rua XV por um fotógrafo que era comum naquela época.Tirava a foto e nos dava um canhoto, se quiséssemos íamos autorizar a revelação e comprar.
Na foto estou eu e minha irmã Nadya, seis anos mais nova que eu.
Pela roupa acho que eu devia ter uns quatorze anos. Não achei nenhuma data escrita na foto.

Lembro que era um domingo e nós duas fomos de ônibus até a cidade comprar uma pizza - uma novidade gastronômica - para jantar.

Como minha irmã mais velha era também seis anos mais velha que eu, a Nadya foi minha criança. Cuidei, troquei, fiz mamadeiras.
Ela tinha convulsões. Eu ainda lembro o meu terror ao vê-la se debater inconsciente, iluminada por velas e com toda a vizinhança ao redor.. Não havia telefone, nem taxi, nem luz... Minha mãe embrulhava a Nadya em cobertores e corria quilômetros à pé até um hospital. Eu era deixada na casa de uma vizinha.

Depois ela teve poliomielite. Se fechar os olhos, vejo o médico enfiando agulhas em seu pezinho e ela não tendo nenhuma reação.

Eu me vejo tentando colocá-la em pé e ela dobrar sobre si mesma como um livro que fechamos. Tinha uns três anos.
Ficou isolada em uma ala do hospital. Eu conseguia burlar a vigilância e por uma entrada pelo porão do hospital ia vê-la todos os dias. Ela não ficou com nenhuma seqüela, fato acho que raríssimo nestes casos.


Ela era especial, amada por todos e fazendo só o que queria, mesmo que não fosse o melhor. Concordava com as sugestões e nós sabíamos de antemão que só as acatava se quisesse.
Era linda, tinha uma voz calma.
Uma elegância inata, mesmos nas piores crises financeiras.
Era cheirosa, iluminada, sua presença deixava todos felizes.
- Só por Deus!!!! – parece que a estou ouvindo. Era a frase que usava quando achava tudo exagerado.
Lutou contra um câncer durante quatro anos e nos passava a certeza que ia se curar.
Não reclamava, fazia planos. Fiquei com ela, já em coma hepática nos seus últimos três dias de vida, inconsciente...
Vi o seu médico com uma expressão de derrota, mandar a enfermeira deixar só a morfina, nada mais valia a pena.
Quando eu falei de oxigênio porque sua respiração estava difícil ele me respondeu com uma expressão de muita dor:
- Prá que prolongar. Ela lutou feito uma leoa, nunca vi mulher mais corajosa. Animava, estimulava, dava esperanças aos mais jovens que com ela faziam quimioterapia. Então ele me disse, com os olhos marejados que aquele seria seu último dia de vida.

Poderia escrever muitas páginas sobre a minha irmã, seus problemas afetivos, financeiros. Teve uma vida de altos e baixos sem nunca perder a esperança e o humor.
Deixou dois filhos homens: o Alberto que faz arquitetura, o belíssimo Gustavo que estuda odontologia e a Maria Fernanda, minha afilhada, que estuda enfermagem e tem o espírito forte e feliz como de sua mãe.
A Nadya teve uma sobrevida de uns dois anos por causa da Malu, filha da Maria Fernanda a quem amava com todas as forças de seu coração.
A Malu é mesmo especial, linda, tão esperta que parece mais um anão e não uma menininha de 9 anos. Forte como a Nadya. Quando sua mãe lhe deu a notícia da morte da avó, ela ficou séria, não fez nenhum movimento. Ficou parada. Não expressou sua dor em nenhum gesto. Apenas as lágrimas correndo dos seus olhos demonstraram que ela entendeu que não teria mais a avó ao seu lado, como sempre teve.

Ontem foi a missa de sétimo dia da Nadya, depois da missa fomos a uma pizzaria.
A alegria e a esperança da Nadya contagiaram a todos, como sempre. Rimos, conversamos como se fosse uma festa.
Os elos que nos unem a ela continuam firmes, ela apenas passou para o outro lado do caminho. Permanece viva dentro de nós.

Nédier