domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobre a bobeira





Existem instantes, breves, quase inobservados (inobservados?) que contém tamanha força, emoção e sentimentos que extravasam e ficam à flor da pele (apud Chico).



Temos então uma vontade de compartilhar ou de nos livrar deles por serem até insuportáveis. A felicidade ou qualquer sensação de plenitude é muito difícil de carregar sozinho.



- Como compartilhar?



É preciso primeiro se auto-conectar, que deve ser entrar em contato com o que carregamos dentro de nós.



- Dentro de nós?



Sabe-se lá o que temos dentro de nós, com certeza não são apenas vísceras. Temos emoções: sensações que nosso corpo físico produz e altera o metabolismo. Arrepios pelo corpo, friozinho na barriga, sorriso solitário e involuntário. Bobeira!! Felicidade é bobeira...rs...



Vamos a história...



....



Sobre a bobeira.



Sexta feira e a expectativa de felicidade efêmera enquanto dura.

-Dá-lhe Vinícius!



Porém, o corpo físico que a mantinha viva se rebelou em dores múltiplas, como que para impedir seus planos. Planos de estar com o moço, em um lugar distante, confortável para trocar um tipo de carinho inerente ao ser humano para a reprodução da espécie.






Ela atende o celular. Era ele:



- Vamos mais cedo? Adiantei o que tinha que fazer?



A voz jovem e prazeirosa fez ela chorar no telefone. Que merda!!



- Desculpe, desculpe, nem consegui levantar da cama. Sempre digo que sou uma senhora idosa e hoje estou muito idosa e cheia de dores.



- Você está doente? - perguntou simplificando.



- Ando doente. Sou doente. O tempo não perdoa.



- Bem se vê que você não se conhece - disse rindo e o seu riso era luz.



- Estou um lixo.



- Grande coisa!! Vou até ai.



- Por favor, não venha, odeio chorar perto dos outros. Gosto de sofrer sozinha.



- Tô chegando.



Ele entrou feito um golpe de vento. Ela, no banheiro, chorando e tentando desintupir o vaso. Figuraço.



- Não entre sem avisar.



- Entrei. Agora venha aqui.



Ela foi.



Ele tirou o mocasin, a camisa e de bermuda sentou ao seu lado na cama. Aninhou-a no meio de suas pernas, abraçou sua cabeça de encontro ao peito e ficou embalando-a enquanto passava a mão na sua cabeça.



Numa regressão absoluta ela se sentiu uma criança amparada em pleno desamparo. Muito pequena.



Foi o momento da mais pura e indescritível felicidade em sua vida.



Ele foi embora depois que ela insistiu que fosse, deixando-a acomodada no travesseiro, na cama, entre os lençóis.



Ligou em seguida:



- É horrível deixar você ai sozinha.



Mal sabia...



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sábado, 28 de janeiro de 2012

Prece do Ocaso - Rosane Coelho








PRECE DO OCASO



concede-me, senhor,


entardecer assim...

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encharcada em mansidão,


no regaço de montanha:


guardiães de minha paz

,,

e n f i m.
;;



imagem: Guaraqueçaba - Paraná (Nédier)* maio/2006 *
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Rosane Coelho




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Nillo Biazzetto



Eu gostaria de ser, pelo privilégio que tive em conhecê-lo, uma grande escritora ou mesmo uma simples cronista para prestar uma homenagem à altura de Nillo Biazzetto, este gigantesco cidadão que ontem deixou nosso convívio.


É raríssimo, quase impossível, encontrarmos um homem tão digno como o Nilo. Um ser humano de tanto caráter, de tanta hombridade, inteligência e força que torna-se difícil escrever sobre ele sem omitir alguma qualidade.
Marido, pai, avô, desportista, cidadão exemplar. Um homem cuja aparência máscula abrigava uma ternura desmedida.
Desde muito jovem eu via o Nillo como uma fortaleza física e moral inexpugnável e sempre me surpreendia com a emoção brilhando em seus olhos em lágrimas contidas diante de vitórias, derrotas, alegrias e tristezas. Diante da Vida.
O Nillo Biazzetto foi um cidadão cuja consciência política é exemplo para todos os brasileiros que amam este país.

Confesso minha impotência verbal para escrever sobre o Nillo!

Não pude ir até a minha amada Arena da Baixada onde o corpo do Capitão Furacão foi velado.
Meu marido, que o amava e admirava, foi prestar-lhe sua última homenagem e foi dele, por telefone, que ouvi uma das melhores definições sobre este homem admirável:
- O Nillo veio ao mundo para servir.

Nédier
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Militante político
"Em 1946, aconteceu a segunda greve nacional
da categoria bancária. Foi nesta ocasião que o
Sindicato de Curitiba ganhou dimensões nacionais
e firmou poder perante o Governo. Fui
vice-presidente da entidade, na gestão de Aldo
Machado, e presidi a mobilização. Era muito
difícil fazer greve naquela época, éramos reprimidos
pelos militares e muitos amigos meus
foram presos.”
Nillo Biazzetto
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Esportista






Atlético campeão paranaense de 1949, com Nillo Biazzetto (segundo agachado da esquerda para direita): campanha de 11 vitórias em 12 jogos rendeu o apelido de Furacão.
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O apelido veio pela força do Rubro-Negro na conquista do Campeonato Paranaense de 1949, quando a equipe, que tinha Nillo como zagueiro e líder, alcançou a marca histórica de 11 vitórias em 12 partidas, com 49 gols a favor e apenas 19 contra. O recorde de 11 vitórias seguidas no Estadual só foi derrubado 59 anos depois, com o próprio Atlético em 2008.
Ironicamente, Nillo iniciou a carreira no Coritiba, em 1938, por ser o clube mais perto de sua casa. Um ano depois, chegava à Baixada para se tornar ídolo rubro-negro. Foram 12 anos vestindo a camisa atleticana. Mesmo fora do campo, Nillo sempre manteve vínculo com a Baixada. No triênio 2002-2003, o ex-jogador chegou a presidir do Conselho Deliberativo do Furacão.
Os colegas de Nill
o lamentaram a perda do Capitão Furacão - como passou a ser conhecido a partir de 1949.
"O Nillo era extraordinário. Era o capitão do Furacão e além de companheiro foi um grande amigo", lamentou o ex-atacante Jackson Nascimento, campeão paranaense com Nilo em 1949. Jackson também elogiou a inteligência e a autoconfiança do Nillo.
"...o nome dele nunca vai desaparecer da história."
"O Nillo era zagueiro firme, forte e os atacantes tinham dificuldade de passar por ele. Aprendi muito sobre futebol com ele", afirmou Waldomiro Galalau, por anos parceiro de zaga de Nillo no Atlético.

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O corpo do ídolo atleticano será velado na sala VIP da Arena da Baixada, das 22 horas desta sexta-feira às 16 horas de sábado. A cerimônia de cremação, no Crematório Pérpetuo Socorro, em Campo Largo, será restrita aos familiares."

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http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/campeonato-paranaense/conteudo.phtml?tl=1&id=1217413&tit=Morre-Nilo-Biazetto-capitao-do-time-que-deu-origem-ao-Furacao




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Fotos: no endereço acima.
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