sábado, 29 de dezembro de 2007

Ano Novo, teu nome é...

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
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Mario Quintana
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

POEMAS NOS ÔNIBUS E NOS TRENS - Poema Selecionado

Poemas nos ônibus e nos trens - Porto Alegre

Meus amigos,
Estou tão orgulhosa em saber que a Rosane Coelho, a minha poetisa preferida, foi selecionada no concurso “Poemas no Ônibus e no Trem 2007", 16ª edição, que nem sei o que escrever.
Vou transcrever, logo abaixo, uma mensagem que ela me mandou a respeito do que sente em relação ao projeto.

Nédier

“Achei a idéia fantástica: a democratização da poesia.
Não creio em livros de papel: estão fora do alcance da grande massa assalariada: a que me interessa.
Quanto aos que não precisam decidir entre o livro e o pão, dificilmente a opção é pela poesia... Menos ainda se o autor não é conhecido, não apareceu na mídia, não deu entrevista pro caderno literário do O Globo... Junte-se a isso tudo o fato de não me julgar poeta: sou uma aglomeradora de palavras...
Por esses motivos, espalho meus escritos pela NET, sem a menor preocupação de ser copiada. Que bom se for!!!! Não sou proprietária de palavras, nem do fundo nem da forma. Socializo-as.
- Gostou?
Pode levar. É seu. É nosso. É de todos. Tudo é passageiro, como nos ônibus e trens... Versos também o são.
E aí a mágica desse concurso.
Passear pelas ruas de um Estado que não conheço, através de palavras que juntei. Se alguém ler e gostar, terá valido a pena. Se copiar, melhor ainda!

Pesquisando no Google, encontrei referências ao Concurso nos sites que colo abaixo. Acabei descobrindo que são confeccionados adesivos com os versos. Não é o máximo? Tem até a foto que você pediu, que parece ser uma janela de ônibus.”

Rosane Coelho

http://www.transportinho.com.br/modules/AMS/article.php?storyid=20

http://www.overmundo.com.br/guia/o-olhar-passageiro-poemas-no-onibus


- Em seguida, copiando retalhos de notícias, vou tentar explicar o que são os mágicos:



POEMAS NO ÔNIBUS E NO TREM

O Projeto "Poemas no Ônibus" foi criado pela lei municipal 8179, de 29 de junho de 1998 e regulamentado pelo decreto 13.660, de 11 de março de 2002.

O projeto consiste na divulgação de poemas através da sua veiculação no Sistema de Transporte Coletivo da Capital.

Os poemas afixados nos ônibus são escolhidos através de concurso público realizado anualmente.

Em 2003 foi o projeto foi estendido para os usuários da Trensurb, com o nome de "Poemas no Trem".
http://www.transportinho.com.br/modules/AMS/article.php?storyid=20
Link dos poemas que vão circular nos ônibus em 2008.
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=14&p_secao=57

“O Poemas no Ônibus percorre itinerários da capital desde 1992. Ao longo desses quinze anos, passaram pelo crivo dos jurados mais de 30 mil poemas e 10 mil inscritos.

Além de Porto Alegre, outras cidades e capitais já introduziram esse concurso em suas agendas culturais.

Conhecida em todo o País, a iniciativa a cada ano consolida-se como alicerce no incentivo à leitura.

O Histórias de Trabalho recupera e preserva a memória.

Dividido em várias categorias e gêneros, desde 1994 o concurso é reconhecido em nível nacional, sendo suas coletâneas agraciadas com a condição de leitura indicada pelo Ministério da Cultura.

O HT, como também é chamado, estimula as histórias narradas através das várias linguagens, sejam elas escritas, desenhadas ou fotografadas.”


SELECIONADOS CONCURSO POEMAS NO ÔNIBUS E NO TREM 2007 16° EDIÇÃO


Fernanda Lemos Tatsch
Naura Vieira dos Santos
Rafael Vecchio
Kátia Cornélius
Carlos Newlands
José Eduardo Boeira
Luiz Mauricio Azevedo
Anderson Santos Tiago
Mariana Mota
Ana Felícia Guedes Trindade
Fernando Ernesto Baggio Di Sopra
Márcia Maranhão de Conti
Ricardo Mainieri
Eduardo Cassol Lopes
Julio Felix Garcia Vieira
José Antonio Borba
Felipe Sodré
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Tunai Giorge de Oliveira Leite
Márcia Maia
Mônica Cardoso Manique
José Heber de Souza Aguiar
Lucas Sattler Barroso
Rosane Coelho de Oliveira
Leonardo Schneider
Eliana Quevedo de Lima
José de Sousa Xavier
Carmem Buarque
Ana Luiza Trindade de Melo
Juliano Osterlund
Carlos Alberto de Assis Cavalcanti
Helder Rodrigues
Evandro Marques de Souza Gomes
Pablo Cristiano do Prado Stockel
Merivaldo Pinheiro
Jéssica Francisca de Lima
Angelita Santos da Silva
Paulo Madureira
Israel Augusto Moraes de Castro
Domingos Fábio dos Santos
Enio Costa Hansen
Selma Nanci Feltrin
Joviano Bertoldo Quatrin
Said Lucas de Oliveira Salomón
Adriana Cristina Razia
José Schenkel Weis
Reginaldo Costa de Albuquerque
Elder Boschi da Cruz
Haydée Schlichting Hostin Lima
Michel Teixeira Pereira


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POEMAS NOS ÔNIBUS E NOS TRENS
Poema Selecionado



Espuma na superfície do São Francisco. O rio sofre com a falta de tratamento de esgoto e o despejo de resíduos.



DESESPERANÇA

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em leito seco de rio

navegam olhos de terra:

farelo de fantasia...
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Rosane Coelho
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Leia as poesias da Rosane

sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal, o nascimento de uma criança que nos tornou irmãos

"Não me chame de estrangeito porque nasci muito longe ou porque tem outro nome a terra de onde venho."
"Traemos el mismo grito, el mismo cansancio viejo que viene arrastrando el hombre desde el fondo de los tiempos, cuando no existían fronteras, antes que vinieran ellos… Los que dividen y matan, los que roban, los que mienten, los que venden nuestros sueños, los que inventaron un día esta palabra…¡¡¡ “extranjero” !!! "

Meus amigos,
Nesta época em que comemoramos o nascimento de uma pobre criança estrangeira que veio trazer ao mundo uma mensagem de Amor e Liberdade, lembremos que somos todos irmãos, não importa a cor, o credo, a ideologia ou a classe social.
Não sejamos hipócritas, porque para comemorar a festa do Natal precisamos nos despir dos preconceitos, amar e respeitar todos os homens, pois foi para nos ensinar esta lição que este menino, cujo nascimento comemoramos, veio ao mundo.
Ele nasceu fora da cidade de seus pais e em uma gruta, porque "não havia lugar para eles na hospedaria" .

Um Feliz Natal a todos,

Nédier

Assista e ouça "No me llames extranjero"/ canção-poema de Rafael Amor
no endereço abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=Mb_qyN-zTgc

- Quero agradecer à poeta e amiga Rosane Coelho por ter me enviado esta linda canção que me inspirou a escrever e postar esta página.
http://www.rosanecoelho.prosaeverso.net/

.Letra:

No me llames extranjero,

porque haya nacido lejos,

o porque tenga otro nombre

la tierra de donde vengo.

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No me llames extranjero,

porque fue distinto el seno,

o porque acunó mi infancia

otro idioma de los cuentos.

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No me llames extranjeros

i en el amor de una madre,

tuvimos la misma luz,

en el canto y en el beso,

con que nos sueñan iguales

las madres contra su pecho.

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No me llames extranjero,

ni pienses de dónde vengo,

mejor saber dónde vamos,

adónde nos lleva el tiempo.

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No me llames extranjero,

porque tu pan y tu fuego,

calman mi hambre y mi frío,

y me cobija tu techo.

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No me llames extranjero,

tu trigo es como mi trigo,

tu mano como la mía,

tu fuego como mi fuego

y el hambre no avisa nunca,

vive cambiando de dueño.


Y me llamas extranjero…

porque me trajo un camino,

porque nací en otro pueblo,

porque conozco otros mares

y zarpé un día de otro puerto,

si siempre quedan iguales

en el adiós los pañuelos

y las pupilas borrosas

de los que dejamos lejos.

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Los amigos que nos nombran

y son iguales los rezos

y el amor de la que sueña

con el día del regreso.

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Traemos el mismo grito,

el mismo cansancio viejo

que viene arrastrando el hombre

desde el fondo de los tiempos,

cuando no existían fronteras,

antes que vinieran ellos…

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Los que dividen y matan,

los que roban, los que mienten,

los que venden nuestros sueños,

los que inventaron un día

esta palabra…

¡¡¡ “extranjero” !!!

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No me llames extranjero

que es una palabra triste,

que es una palabra helada

huele a olvido y a destierro.

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No me llames extranjero

mira tu niño y el míoc

ómo corren de la mano

hasta el final del sendero.

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No los llames extranjeros,

ellos no saben de idiomas,

de límites ni banderas,

míralos se van al cielo

con una risa paloma,

que los reúne en el vuelo.

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No me llames extranjero

piensa en tu hermano y el mío,

el cuerpo lleno de balas

besando de muerte el suelo.

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Ellos no eran extranjeros,

se conocían de siempre;

por la libertad eterna,

igual de libres murieron.

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¡¡¡No me llames extranjero!!!

Mírame bien a los ojos,

mucho más allá del odio,

del egoísmo y el miedo¡¡¡

No puedo ser extranjero!!!¡

Y verás que soy un hombre!
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"No me llames extranjero"/ canção-poema de Rafael Amor

sábado, 15 de dezembro de 2007

"A vida é o minuto" Oscar Niemayer, 100 anos

MON - Museu Oscar Niemayer
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem, o que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher perfeita.”

“A vida é o minuto”
Oscar Niemeyer, 100 anos.


Meus amigos,
Quero homenagear Oscar Niemayer neste dia em que ele completa 100 anos.
Como a imprensa nacional e internacional já escreveu praticamente tudo sobre este, que é considerado o maior e mais criativo arquiteto de todos os tempos, vou homenageá-lo escrevendo sobre um dos seus mais belos projetos: o MON - Museu Oscar Niemeyer.
Tenho a sorte de morar a poucas quadras dele.
Esta obra grandiosa além de fazer parte do meu dia a dia, faz também parte de minha vida, pois foi construída em frente à casa dos meus avós paternos, imigrantes italianos que lá se instalaram no começo do século passado.
Nesta casa eu passei parte de minha infância e de minha juventude.
O seu telhado é ainda visível atrás de um bar que foi construído em sua frente.
Ainda moram nesta velha casa, uma pequena parte de minha família, embora todos os meus tios já não estejam mais conosco.
Acompanhei, passo a passo, a construção deste museu.
Estive presente em sua inauguração onde conheci, pessoalmente, O Arquiteto.
Nédier

A história do Museu Oscar Niemeyer teve início em 2002, quando o prédio principal deixou de ser sede de secretarias de Estado para se transformar em museu.
O prédio, antes chamado de Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, passou por adaptações e ganhou um anexo, popularmente chamado de Olho. Ambos os projetos são de autoria de Oscar Niemeyer.
Inicialmente batizado de Novo museu, em 22 de novembro de 2002, o complexo foi inaugurado.
Dedicado à exposição de Artes Visuais, Arquitetura e Design, atualmente, o Museu possui 17.744,64 mil metros quadrados de área expositiva potencial.
O acervo inicial surgiu com as obras do Museu de Arte do Paraná (MAP) e com o acervo do extinto Banco do Estado do Paraná (Banestado).
Em sua coleção figuram importantes artistas paranaenses e nacionais de vários movimentos.
Composto por aproximadamente 2 mil peças, o acervo guarda obras dos paranaenses Alfredo Andersen, Theodoro De Bona, Miguel Bakun, Guido Viaro e Helena Wong, além de Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Ianelli e Caribé, entre outros.
Maristela Requião, minha amiga, há longa data, é a atual presidente do museu, o qual os curitibanos chamam, carinhosamente de “O Olho”.
É formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi indicada para assumir a presidência do complexo.

Além de ter convivido e conquistado a amizade de importantes artistas paranaenses da velha guarda, foi ela quem incentivou a criação do Museu Metropolitano de Arte (Muma). Na época, entre 1985 e 1989, o governador Roberto Requião era prefeito de Curitiba e tinha na presidência da Fundação Cultural, Carlos Frederico Marés de Souza, que apoiou o projeto.

Reunindo as qualificações necessárias ao cargo, Maristela Requião foi empossada presidente do Museu Oscar Niemeyer, no dia 4 de junho de 2003, conforme ata da Assembléia de Constituição da Sociedade dos Amigos do MON.

A Sociedade, também sob a presidência dela, é composta pelos conselhos Administrativo, Fiscal e pelas diversas diretorias.

À frente da presidência, coube a Maristela Requião dar efetivamente a alma e a rotina de um museu.
Uma programação de alto nível foi implantada.
A estratégia colocou o Museu Oscar Niemeyer no roteiro das grandes exposições, antes restrito ao eixo Rio-São Paulo, e consolidou o complexo como uma referência nacional e internacional. Ao mesmo tempo em que foram promovidas ampliações na estrutura física e museográfica.

Atualmente, estão em andamento os trabalhos para a instalação do Laboratório de Conservação e Restauro. Enquanto que o acervo, gradativamente, está sendo ampliado com novas aquisições.
Obras dos artistas plásticos brasileiros Amélia Toledo, Emanoel Araújo, Francisco Brennand, José Rufino, Nelson Leirner e de Tomie Ohtake estão entre as peças adquiridas em doação.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Miragem - poesia de Lya Luft

Meus amigos,
Esta linda poesia foi tirada do Livro "Histórias do Tempo". Lya Luft dedicou-o à sua mãe com as seguintes palavras:

"Para
- minha mãe -
que já não pode ler,
mas que sempre habitará aquela casa
com seu riso e seu perfume:
prova de que
às vezes
o tempo não importa."
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Esta página é também para a minha mãe que dedicou toda a sua vida a ensinar crianças a ler e a nos ensinar a não ter medo da vida. Ela continua vivendo dentro de mim com sua coragem e sua alegria, provando, com sua presença constante, que o tempo não importa, pois ele "- como tudo mais - é só miragem."
Nédier

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Foto de minha mãe com 8 meses, tirada há 90 anos,
restaurada há pouco por mim.
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Miragem
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Aquela criança, aquela
ainda não compreendeu o mundo
ainda se busca no espelho
ainda inventa viagens
ainda ri sem motivo
- quando os fantasmas deixam.

Aquela criança, aquela
teve as asas cortadas
e a máscara afivelada
na morte dos seus amores.

Aprendeu que o tempo
- como tudo mais -
é só miragem.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Escola do Teatro Bolshoi no Brasil

Stephanine Ricciardi
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A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil sob a orientação do lendário dançarino e coreógrafo do Bolshoi, Vladimir Vasiliev, apresentou neste domingo dia 9 às 19 horas e no dia 10 às 21 horas - a suíte Don Quixote, no Teatro Guaíra em Curitiba.
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Fui assistir a este espetáculo indescritível em companhia de minha filha Ana e de minha neta Clara.
- Cheguei a perder o fôlego diante de tanta beleza!!
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O público curitibano, geralmente discreto, ovacionou toda a apresentação, aplaudindo-a de pé.
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Stephanine Ricciardi, a Nine, em pleno domínio de sua arte, na beleza e na leveza de seus gestos, foi um dos maiores destaques, era aplaudida de forma efusiva a cada entrada em cena. Como solista, deslumbrou o público que a ovacionava mesmo antes que ela encerrasse cada apresentação.
Não tenho dúvidas que ela, em um futuro próximo,
fará parte do restrito grupo não apenas das melhores bailarinas brasileiras, como das melhores bailarinas do mundo.
Vê-la dançar é ter esta certeza.
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Costumo assistir às apresentações de ballet no Teatro Guaíra, mas esta sem nenhuma dúvida, foi a mais linda e impecável que já assisti em toda minha vida.
A perfeição artística de todo elenco, o figurino de um colorido inusitado, a música vibrante e majestosa tornaram a Suíte do Ballet Don Quixote um espetáculo inigualável.
O
Não consigo avaliar o orgulho e a emoção de Marystela Ricciardi e de Anísio Filho, pais de Stephanine Ricciardi, ao vê-la como principal bailarina na apresentação desta suíte baseada na obra homônima de Miguel de Cervantes.
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O espetáculo que contou com a presença de 100 bailarinos em cena - marcou a formatura da primeira turma brasileira da famosa escola russa de dança.
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Para o bailarino e coreógrafo Vladimir Vasiliev que veio ao Brasil especialmente montar essa coreografia, a encenação de Don Quixote é uma prova definitiva do amadurecimento de uma companhia de dança clássica:
“Uma companhia que possa encenar Don Quixote pode executar quase qualquer balé”.

Um pouco sobre Nine

Stephanine Ricciardi Rocha, Nine, a jovem bailarina acreana, começou em Rio Branco, mudou-se para Vitória (ES) e de lá foi aprender mais na Escola de Teatro Bolshoi do Brasil (ETBB) em Joinville (SC).
Ela se formou em dança clássica no dia seis de dezembro, quando participou de uma apresentação de balé contemporâneo.
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Nine começou na Academia Dançando no Ritmo, em Rio Branco, sob a orientação das professoras Lina Márcia de Andrade e Lílian Pinho.
Ingressou com apenas 13 anos na Escola de Dança Mônica Tenori, em Vitória.
Antes de chegar ao Bolshoi obteve o primeiro lugar em dança flamenca, no “Passo de Arte”, em Santos. Conseguiu outro primeiro no Enerdança, em Vitória, apresentando uma variação do Balé Esmeralda.
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A Escola de Teatro Bolshoi do Brasil que formou a sua primeira turma, se firma realmente em solo brasileiro, com toda a sua tradição cultural na dança clássica e em outras modalidades.
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“Se para ela (Nine) dançar é a felicidade, para a família é muito mais”, diz Marystela Ricciardi.
A mãe de Nine também aproveita para fazer um apelo às autoridades da cultura brasileira.
“Invistam mais em arte e cultura”.
Para ela, a formação dos jovens do Bolshoi Brasil é um prova concreta de que o país poderá ser, a exemplo Rússia, referência em dança clássica e contemporânea. “Esses jovens, a maioria de famílias humildes, deram prova disso”. http://www.agenciaamazonia.com.br
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Algumas fotos tiradas ontem, dia 9 de dezembro, terminado o espetáculo podem ser vistas no endereço abaixo.
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Nédier

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A vitória da derrota


A VITÓRIA DA DERROTA NO EMPATE TÉCNICO

Coluna de Pedro Porfírio/Tribuna da Imprensa de 7/12/07
http://www.tribuna.inf.br/porfirio.asp

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O general Raul Bauduel foi ministro da Defesa de Chávez até julho, quando passou para a reserva. Dizem em Caracas que ele ficou contrariado porque queria a presidência da PDVSA, a estatal do petróleo. Agora aparece como um virtual candidato a governador nas eleições de 2008.

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Marisabel Rodrigues, ex-mulher de Chávez,foi usada na campanha do "não". Atualmente, ela está casada com seu ex-treinador de tênis.
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Em sua riquíssima coletânea sobre o folclore político brasileiro, Sebastião Nery fala de um "diálogo" entre o presidente Vargas e o general Góes Monteiro, seu ministro da Guerra na época. Getúlio estava preocupado com a crise econômica e queria uma sugestão do seu ministro:
- É simples. A gente declara guerra aos Estados Unidos. Os americanos ganham e vão ter que resolver nossos problemas. O presidente pensou por algum tempo e indagou:
- E se a gente ganhar a guerra?
Lembro dessa historinha a propósito do resultado do referendo da Venezuela, que deixou muita gente sem saber o que dizer ou, como sempre, revestindo das suas idiossincrasias a interpretação de um "empate técnico" (diferença de 1.4% ou 124.962 votos num total de 8.883.746 válidos) que, não teve vencedores, como admitiu o general dissidente Raul Baduel, o ex-ministro da Defesa que, prevendo a derrota do "não", já anunciava uma denúncia de "fraude constituinte".
A primeira pergunta que me veio à cabeça quando o presidente Chávez reconheceu a vitória do "não" com 82% dos votos contados foi: e se o "sim" tivesse vencido por essa margem mínima de votos?
Com toda certeza, a grande mídia e a embaixada norte-americana em Caracas, que foi ativíssima em todo o processo, (articulada dentro da "Operação Tenaza" da CIA) estariam batendo em todas as portas para questionar o resultado.
Maioria mínima
A apertada maioria do "não", só aparece na grande imprensa como a rejeição da intenção do "ditador venezuelano de perpetuar-se no poder" através do fim da restrição ao direito à reeleição.
Não ocorreu a nenhum órgão informar a proposta com toda a abrangência, o que lembra a máxima do escritor John Peers:
"a informação que temos não é a que desejamos. A informação que desejamos não é a que precisamos. A informação que precisamos não está disponível".
Não se disse sequer que se faziam duas perguntas aos eleitores: uma, com as 33 mudanças propostas pelo presidente, e outra com as 36 emendas surgidas dentro da Assembléia unicameral (outro avanço em relação ao poder legislativo).
Empenhada em dizer que o direito à reeleição perpetuaria Chávez no Poder, essa imprensa sequer se referiu a uma das poucas impropriedades da reforma: a prorrogação do mandato do presidente e governadores de 6 para 7 anos.
Enquanto a coligação temporária pelo "não" optou por propagar na Venezuela que não estava em jogo a figura de Chávez, que ganhou todas as eleições de que participou, para fora do país se disseminou a idéia de que os adversários do "sim" eram os paladinos da democracia e os estudantes da caríssima Universidade católica Andrés Bello, liderados por Yon Goicoechea, morador do bairro rico de San Antônio, eram meros defensores do estado de direito ameaçado.
De fato, a reforma proposta tinha a essência da audácia messiânica de um empolgado tenente-coronel de 53 anos, que já lia obras revolucionárias quando, como tenente, integrava tropas que combatiam a guerrilha da FALN nos Estados de Falcón e Mérrida.
Não tendo sido aluno da "Escola das Américas" , na qual o Exército norte-americano fazia a lavagem cerebral dos oficiais latino-americanos, recrutou um pequeno grupo de militares indignados com a corrupção explícita, graças á qual, depois do boom do petróleo de 1973 (quando o barril subiu de 3 para 14 dólares) a Venezuela mergulhou numa grande crise econômica - o dinheiro do óleo havia ido para o bolso de uma meia dúzia de políticos e empresários ladrões.
O mito da invencibilidade Homem do interior, nascido numa cidade pequena do Estado de Barinas, filho de professores, Chávez emergiu a partir da fracassada tentativa de golpe encabeçado por ele, em 1992, quando assumiu toda a responsabilidade pela quartelada.
Naqueles dias, o país vivia um clima de grande ebulição, em meio ao desemprego em massa e à roubalheira encabeçada pelo presidente Carlos Andrés Perez, que mais tarde foi condenado por desvio de dinheiro dos cofres públicos. Anistiado no governo seguinte, depois de dois anos na cadeia, passou a se dedicar a uma organização política nas periferias, o que lhe valeu a primeira vitória em 1998, quando foi eleito presidente com 55% dos votos. Já à época expunha a tese de que o combate à corrupção só seria vitorioso com profundas transformações econômicas e sociais.
Submeteu-se então a vários referendos e eleições, que produziram a Constituição "bolivariana" de 1999, aprovada por 72% dos eleitores.
Ao partir claramente para o confronto com a elite venezuelana (que vivia mais em Miami), e com os Estados Unidos de George Bush, escolheu um caminho atípico: enquanto contrariava seus interesses, tinha contra ele toda as redes de televisão, os jornais e as rádios, que até hoje dizem o que querem livremente, num clima de total liberdade de que também não se fala.
Sua vitória sobre o golpe de abril de 2002, no qual estavam envolvidos a alta hierarquia militar, o clero, os grandes empresários, a embaixada americana e quase toda a mídia, gerou o mito da invencibilidade, confirmado num referendo sobre a confirmação do seu mandato, e na tranqüila vitória eleitoral de 2006. Com isso, ele se sentiu á vontade para propor medidas explosivas, como o fim da "autonomia" do Banco Central, a semana de 36 horas de trabalho, a incorporação dos informais ao regime previdenciário, o voto a partir dos 16 anos e mudanças educacionais que garantiriam o acesso prioritário dos pobres à Universidade Pública gratuita, como já acontece na Universidade Simon Bolívar, que criou onde antes funcionava o luxuoso edifício da PDVSA, a estatal de petróleo.
Isso tudo foi embarreirado pelo "não", que, por conta da escassa maioria, terá um peso muito pequeno no destino do presidente, com mais cinco anos de mandato, e uma primeira topada, o que certamente o levará a uma autocrítica em condições favoráveis, como já mencionou, e a uma compreensão de que num regime democrático, pelo qual demonstrou respeito, apesar do estigma de "ditador", ninguém é invencível. De onde concluo, por hoje, que ele acabou sendo o grande vitorioso numa derrota que expõe um verdadeiro "empate técnico". Pelo menos, vai ser mais complicado chamar de ditador alguém que assimila o resultado adverso de um pleito.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

" - Quantas vezes minha esperança será posta à prova?"

O texto se refere ao comportamento indecoroso de nossos parlamentares,
então preferi colocar uma foto de duas pessoas decentes.
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Meus amigos,
Hoje acordei com o "coração aos pulos" ainda custando a acreditar no espetáculo trágico que assisti ontem na TV Senado.
O plenário do Senado absolveu, pela segunda vez, aquele sujeitinho cínico e indecoroso, chamado Renan Calheiros, não cassando o seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Pensei que já tinha visto e ouvido tudo sobre a indecorosa conduta dos nossos parlamentares mas, não sei se por ingenuidade ou por manter ainda restos de esperança na Justiça, de novo me surpreendi.
Eu, que sempre me orgulhei do meu país, me senti envergonhada de ser brasileira e chorei. É muito triste se sentir tão impotente.
O "Só de Sacanagem", abaixo transcrito, é de autoria da Elisa Lucinda.
A cantora Ana Carolina leu-o em um show que fez com Seu Jorge há dois anos atrás.
A intensidade contida neste texto me deu um ilusório alento. Vou me refugiar nesta ilusão já que não estou conseguindo suportar a realidade.
Nédier

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Só de Sacanagem
Elisa Lucinda

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Meu coração está aos pulos!

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Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

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Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

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Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

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Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

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É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

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Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

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Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem!

Dirão:

"Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer:

"Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

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Dirão:

"É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal".

Eu direi:

Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal!

Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa

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Uma certa Aracy
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Ela era paranaense e foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separação matrimonial.
Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês, fácil lhe foi conseguir uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo.

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Acabou sendo encarregada da seção de vistos.
No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a célebre circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país.
É aí que se revela o coração humanitário de Aracy.
Ela resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus.
Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty, continuou a preparar os processos de vistos a judeus.

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Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas.

Quantas vidas terá salvo das garras nazistas?

Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa extraordinária mulher?

Cônsul adjunto à época, seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável pelos vistos.

Mas seu denodo, sua coragem não pararam aí.

Na vigência do infausto AI 5, já no Brasil, numa reunião de intelectuais e artistas, ela soube que um compositor era procurado pela ditadura militar.

Dispôs-se a ajudá-lo, dando abrigo, além dele, a outros perseguidos pela ditadura.
Com muita coragem, diga-se de passagem.
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Reservada, Aracy enviuvou em 1967 e jamais voltou a se casar.
Recusou-se a viver da glória de ter sido a mulher de um dos maiores escritores de todos os tempos.
Em verdade, ela tem suas próprias realizações para celebrar.
Hoje, aos 99 anos, pouco se recorda desse passado, cheio de coragem, aventura, determinação, romance, literatura e solidariedade.
Mas sabia o que ela fazia e a apoiava.
Em Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa excepcional brasileira.
Fica no bosque que tem o nome de Jardim dos justos entre as nações.
O nome dela consta da relação de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus, durante a Segunda Guerra.
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher nesta lista.
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Mas a sua história, os seus feitos merecem ser lidos por todos, ensinados nas escolas.
Nossas crianças, os cidadãos do Brasil necessitam de tais modelos para os dias que vivemos.
Aracy desafiou o nazismo, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar dos anos 60.
Uma mulher que merece nossas homenagens.
Uma brasileira de valor.
Uma verdadeira cidadã do mundo.

Uma mulher fascinante, corajosa, moderna, humanista, que lutou contra tudo o que é de mais perverso e castrador, o Nazismo na Alemanha, a Ditadura no Brasil, com raça e destemor, uma mulher que deveria ter seu nome entre os "heróis" dos nossos livros de História, e até mesmo
(por que não?)
figurar como nome de rua ou de escolas, esta mulher quando é lembrada, é citada apenas como a esposa do grande escritor Guimarães Rosa.


Como denominar tal "ato-falho"?
Machismo descarado!
Ou alguém teria outra teoria para esse tão dissimulado esquecimento.
Faço um pedido a homens e mulheres inteligentes e com senso de justiça para divulgar esse fato aos mais novos a fim de que essa história tão bonita não acabe navegando pelo mar da obliteração.

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. Texto inspirado no artigo Uma certa Aracy, um certo João, de René Daniel Decol, publicado na Revista Gol (de bordo), de agosto 2007.

- Recebi de vários amigos o belíssimo pps. intitulado "Uma certa Aracy" e reproduzi-o neste blog "para divulgar esse fato aos mais novos a fim de que essa história tão bonita não acabe navegando pelo mar da obliteração" conforme solicitam os seus autores.

O crédito da montagem do pps. é de:
maricarusocunha@terra.com.br
www.pranos.com.br