Para que mesmo serviu essa guerra, alem de matar inocentes palestinos, testar novas armas-estanuidenses-israelitas, e abrir mercado para a industria bélica, durante a crise do capitalismo?
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Um ano depois, Gaza ainda espera auxílio
Bloqueio de Israel impede reconstrução de 70% das casas bombardeadas
Daniela Kresch, de Telavive. Israel.
Um ano depois da ofensiva militar israelense que devastou boa parte da Faixa de Gaza, os 1,5 milhão de palestinos que vivem no território sob controle do grupo extremista Hamas ainda esperam ajuda para reconstruir o que foi arrasado pelos bombardeios, enquanto líderes israelenses enfrentam acusações de crimes de guerra em fóruns internacionais.
Segundo dados da ONU, mais de 3.500 casas foram destruídas e outras 2.850 ficaram seriamente danificadas pelo conflito. Apenas 30% delas foram reconstruídas porque apenas 41 caminhões com materiais de construção entraram em Gaza pela fronteira com Israel nos últimos 12 meses.
A falta de material de construção por causa do bloqueio econômico israelense e egípcio a Gaza, que já dura dois anos e meio, é apenas um dos motivos que alimentam o clima de amargura nos dois lados da fronteira. Do lado israelense, os 1 milhão de moradores do sul do país já contabilizaram 253 foguetes e morteiros lançados pelo Hamas desde o fim do conflito, em 18 de janeiro.
Iniciada em 28 de dezembro de 2008, a Guerra de Gaza foi o confronto mais sangrento desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos, 1.417 palestinos morreram, 65% civis, entre eles 313 crianças e 116 mulheres. Já Israel contabilizou 1.116 palestinos mortos, sendo que 60% deles seriam militantes de grupos radicais. As baixas do lado israelense foram bem menores: 13 (incluindo 8 militares e três civis).
Israel afirma que a ofensiva contra o Hamas era a única maneira de estancar os foguetes, que, diariamente, obrigava os moradores de cidades israelenses a buscar refúgio em abrigos antiaéreos. O Exército também alega que adotou medidas para tentar minimizar a número de vítimas civis, lançando panfletos ou alertando moradores antes de bombardeios. Mas nada disso convenceu ONGs internacionais como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch, que publicaram relatórios acusando Israel de crimes de guerra.
O estudo mais importante, no entanto, foi formulado pelas Nações Unidas, que designou um juiz sul-africano, Richard Goldstone, como chefe de uma comissão para investigar a guerra. Em relatório de 575 páginas divulgado em setembro, Goldstone acusou Israel e o Hamas de crimes de guerra. Mas criticou particularmente Israel por deslanchar uma campanha militar "desproporcional" com o objetivo de "punir, humilhar e aterrorizar a população civil"."
DOCUMENTO FALHO
"O relatório foi rejeitado por Israel, que se recusou a colaborar com os investigadores da ONU, e pelos EUA, que o classificaram de "falho" e "não neutro". Mesmo assim, ele foi aprovado por folgada maioria no Conselho de Direitos Humanos e na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
O documento da ONU tem servido de base para ações jurídicas internacionais contra políticos israelenses. No caso mais recente, uma corte britânica emitiu um mandado de prisão contra a atual líder da oposição, Tzipi Livni, na época chanceler. Ela teve de cancelar uma viagem que faria a Londres por causa da medida. O mesmo aconteceu, meses antes, com o ministro da Defesa, Ehud Barak.
Além da liderança israelense, os palestinos também sofreram politicamente em 2009. Decepcionado com o impasse nas negociações com Israel, o presidente Mahmoud Abbas - que, na prática, governo apenas a Cisjordânia - decidiu não concorrer à reeleição, em 2010. E o Hamas, que controla Gaza, perdeu popularidade, mesmo sustentando que, ao se manter no poder, na prática venceu a guerra.