Blumenau, anos 50, Praça Hercílio Luz
Blumenau, anos 50 - Carnaval
Andando pela cidade
Sentado olho pela janela
Ônibus barulhento
Insisto e vejo casas e jardins
Jardins sem flores
Penso na minha cidade
Era bom andar de bicicleta
Não havia canto que não conhecesse
E circulo pela cidade
Onde estão as flores?
Subia o morro da Maternidade, via os telhados das casas das flores
E as ruas?
Ruas iguais?
Não, todas as casas têm cercas eletrificadas, grades, muros, não têm flores
Era legal ir do morro da Maternidade para o do Pedro II
Descer de bicicleta cada rampa era um desafio
Não esqueço o dia em dei uma pirueta com um triciclo
Descendo o Pedro II
E o a cidade não mostra jardins
Aos poços penso
Estou num bairro pobre
Asfalto ruim, sem guaritas, muito cachorro
E as guaritas?
Barreiras insolentes, surdas, agressivas
Defesa dos grileiros, dos marajás, dos trabalhadores bem sucedidos...
Como era lindo o Rio Garcia
Cheio de flores
Cada margem era um pesqueiro, e que verde
Rio ladeado por casebres
Cidade rica, terra de fazendeiros, gente que trocou o café pela soja
Terra rica, não precisa mais de gente
Querem autômatos, de carne ou metais
Que rio maravilhoso, rio Itajaí, traiçoeiro, imprevisível, assustador
Paranóico, paradoxal, freudiano
Cidade grande, barulhos rituais, fumaças definidas, poluição
Gente ocupada
Rir?
Chorar?
Conversar?Estranhos, gente intrometida, insolente
Alguém estudou no Santa Cruz? No Colégio estadual? Morou na Casa Universitária?
Não existe!
Rio Itajaí, bairro da Velha, Garcia, terra de fábricas
E de chucrute!
Que cheiro gostoso.
Bairro do Garcia, meio dia, que cheiro de chucrute.
Gente insolente, estranha, de fora.
E na Ilha?
A marola refletindo a luz do Sol
Os diamantes que são eternos na nossa imaginação
Praia de Fora
Meninos pelados tomando banho
O som do batuque sexta feira
Morro da Cruz
Boi de mamão
Que coisa estranha
E as favelas, ocupações de áreas de preservação
Matas ciliares
Decisão de tecnocratas
A PM expulsa
Centenas de pessoas sem casa, sem endereço, sem o direito de existir
Viva a ecologia
Laguna
Vento sul, nordeste com chuva
Ondas com água viva
Cuidado com o siri, nada pios que a água viva
E o tiroteio?
Gente, os traficantes mandam
Gente de colarinho branco palestrando
Garotos se matando
Era bom chegar na Praia do Balneário
O Josias nadava demais
Sumia nas ondas
Voltava algumas horas depois
E o trapiche?
Por ele lanhei o braço
Quase morri afogado
Josias me salvou
Simplesmente dizendo
Bóia
Eu te arrasto!
Ando pela cidade
Olho para o chão
Não quero morrer quebrado em algum buraco
Olham para mim
Gente triste
Só olha para o chão
Não vê a cidade linda em que mora
Como é bom andar de ônibus para turista...
João Carlos Cascaes
Sentado olho pela janela
Ônibus barulhento
Insisto e vejo casas e jardins
Jardins sem flores
Penso na minha cidade
Era bom andar de bicicleta
Não havia canto que não conhecesse
E circulo pela cidade
Onde estão as flores?
Subia o morro da Maternidade, via os telhados das casas das flores
E as ruas?
Ruas iguais?
Não, todas as casas têm cercas eletrificadas, grades, muros, não têm flores
Era legal ir do morro da Maternidade para o do Pedro II
Descer de bicicleta cada rampa era um desafio
Não esqueço o dia em dei uma pirueta com um triciclo
Descendo o Pedro II
E o a cidade não mostra jardins
Aos poços penso
Estou num bairro pobre
Asfalto ruim, sem guaritas, muito cachorro
E as guaritas?
Barreiras insolentes, surdas, agressivas
Defesa dos grileiros, dos marajás, dos trabalhadores bem sucedidos...
Como era lindo o Rio Garcia
Cheio de flores
Cada margem era um pesqueiro, e que verde
Rio ladeado por casebres
Cidade rica, terra de fazendeiros, gente que trocou o café pela soja
Terra rica, não precisa mais de gente
Querem autômatos, de carne ou metais
Que rio maravilhoso, rio Itajaí, traiçoeiro, imprevisível, assustador
Paranóico, paradoxal, freudiano
Cidade grande, barulhos rituais, fumaças definidas, poluição
Gente ocupada
Rir?
Chorar?
Conversar?Estranhos, gente intrometida, insolente
Alguém estudou no Santa Cruz? No Colégio estadual? Morou na Casa Universitária?
Não existe!
Rio Itajaí, bairro da Velha, Garcia, terra de fábricas
E de chucrute!
Que cheiro gostoso.
Bairro do Garcia, meio dia, que cheiro de chucrute.
Gente insolente, estranha, de fora.
E na Ilha?
A marola refletindo a luz do Sol
Os diamantes que são eternos na nossa imaginação
Praia de Fora
Meninos pelados tomando banho
O som do batuque sexta feira
Morro da Cruz
Boi de mamão
Que coisa estranha
E as favelas, ocupações de áreas de preservação
Matas ciliares
Decisão de tecnocratas
A PM expulsa
Centenas de pessoas sem casa, sem endereço, sem o direito de existir
Viva a ecologia
Laguna
Vento sul, nordeste com chuva
Ondas com água viva
Cuidado com o siri, nada pios que a água viva
E o tiroteio?
Gente, os traficantes mandam
Gente de colarinho branco palestrando
Garotos se matando
Era bom chegar na Praia do Balneário
O Josias nadava demais
Sumia nas ondas
Voltava algumas horas depois
E o trapiche?
Por ele lanhei o braço
Quase morri afogado
Josias me salvou
Simplesmente dizendo
Bóia
Eu te arrasto!
Ando pela cidade
Olho para o chão
Não quero morrer quebrado em algum buraco
Olham para mim
Gente triste
Só olha para o chão
Não vê a cidade linda em que mora
Como é bom andar de ônibus para turista...
João Carlos Cascaes