domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval desengano ou Menina vai,com jeito vai se não um dia a casa cai...

Foto do meu neto João, tirada pela Cláudia, sua mãe, no carnaval da escola deste ano

"Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão..."
Máscara Negra, Zé Keti-Pereira Mattos, 1966


É domingo de Carnaval. Um dia quente, abafado, cheio de preguiça.
Em Caiobá domingo é o dia em que o carnaval é “oficial”. Vem gente de todos os balneários vizinhos para ir atrás dos trios elétricos, sobre os carros de som que passam na Avenida Atlântica, na beira da praia.
É tradição chover nesta noite.
Uma amiga que mora no norte do Estado, portanto bem longe do litoral , adora o Carnaval em Caiobá porque: “ é aquele marzão de um lado e a chuva caindo em nossas cabeças, a gente dança e não cansa”
- Deus que a abençoe!!

Além de estar com o pé “destroncado” como dizíamos no Ahu, eu tenho sido obrigada, desde sexta-feira, ouvir os carros de som poluindo o ar com o axé music, que detesto, mas com o qual já estava me acostumando por ser inevitável.
Agora, além do Axé , um barulho indescifrável “mais alto se “alevanta”. Com certeza não é música, não tem nenhum ritmo, é uma repetição hipnótica de um mesmo som, que ontem quase me levou à loucura.
Miinha filha traduziu para mim: é o som eletrônico das raves (tuchi, tuchi, tuchi...)

Nunca fui saudosista, mas o carnaval está me obrigando !
Para acalmar meu coração que sente falta de um carnaval que acabou, lembrei de algumas lindas marchinhas que eu cantava nos bailes que eram feitos em salões de clubes,muitas, eu aprendi com meus pais.
Vou transcrever o início de algumas, talvez alguém de vocês lembre.
Nédier

TA-HÍ!
Taí eu fiz tudo pra você gostar de mim
Ai meu bem não faz assim comigo não
Você tem você tem que me dar seu coração
(Joubert de Carvalho, 1930)

PASTORINHAS
A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor
(Noel Rosa-Braguinha, 1934)


QUEM SABE, SABE
Quem sabe, sabe
Conhece bem
Como é gostoso
Gostar de alguém
(Jota Sandoval-Carvalhinho, 1955)


VAI COM JEITO
Vai com jeito vai
Se não um dia a casa cai (menina)
(Braguinha, 1956)


BANDEIRA BRANCA
Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz
(Max Nunes-Laércio Alves, 1969)
.
SONHO DE UM CARNAVAL
Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano
Chico Buarque/1965


CHUVA SUOR E CERVEJA
Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrô molhado
E vamos embolar Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha veja deixa beija seja
O que Deus quiser
A gente se embala, se embola
Se enrola, só pára
Na porta da igreja
A gente se olha
Se beija, se molha
De chuva suor e cerveja
(Caetano Veloso, 1971)