quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Não me omito, vou de Gleisi e Adenival

.
Gleisi Hoffmann

Gleisi participa de mobilização no Uberaba e é recebida pelos moradores do bairro

.

Adenival Gomes

Meus amigos,

Eu sempre votei no Partido dos Trabalhadores, mas, por razões pessoais, não tenho participado da atual campanha política em Curitiba.
Como já escrevi neste blog, fiquei injuriada por ocasião do pedido de cassação do senador Renan Calheiros, acusado de quebra de decoro parlamentar.
Em razão da omissão do senador Aluizio Mercadante e de sua influência, fazendo com que outros senadores do PT também se omitissem, Renan Calheiros permaneceu no Senado apesar de tantas e tamanhas provas de corrupção que estavam ligadas ao seu mandato. Se ele tivesse votado a favor do tal Renan, eu não teria ficado tão afrontada.

Em anos de militância nunca me omiti, nunca fiquei - como dizem - “em cima do muro” porque aprendi com o Partido dos Trabalhadores que devemos nos posicionar e mantermos a nossa ética acima de tudo e jamais nos aliarmos aos ladrões do dinheiro público.

Apesar de estar mais ligada aos trabalhadores rurais sem terra e à sua luta pela Reforma Agrária, não vou ficar “em cima do muro” nestas eleições municipais.

Eu voto em Gleisi para prefeita
porque conheço sua competência e sua postura. Admiro sua forma de ser, sua simplicidade e a sua conduta ética.
Tenho certeza que ela será - se eleita - uma prefeita que administrará a minha cidade de forma a também beneficiar a população mais carente.
Em Gleisi - prefeita de Curitiba - residem as minhas esperanças de Justiça Social na administração desta cidade.
Curitiba precisa deixar de ser apenas motivo de belos cartões postais que não retratam a vida difícil da periferia.
.
Por motivos igualmente sociais vou votar para o Adenival Gomes para vereador, ele será na Câmara Municipal de Curitiba a voz em defesa do povo simples de minha cidade.
Nédier
.
foto de Gleisi: Elias Dias
foto de Adenival Gomes: crédito para Carlos Ruggi

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cresce trabalho infantil no Paraná - Fábio Campana

O trabalho infantil cresceu no Paraná de 2006 para 2007. Enquanto em 2006 10,2% das pessoas na faixa etária dos 10 aos 14 anos estavam ocupadas, no ano passado este índice subiu para 12%.
O dado paranaense supera os índices nacionais, pois em todo o País, a quantidade de crianças trabalhando diminuiu de um ano para o outro. Em 2006, a taxa de ocupação de pessoas na faixa etária entre os 10 e 14 anos era de 10,8%, já em 2007, o índice caiu para 10,1%.
Em contrapartida, enquanto a quantidade de crianças trabalhando aumenta, o número de estudantes no Paraná também cresce, ao contrário do que ocorre no Brasil inteiro.
Enquanto no País a redução de estudantes ficou na ordem de 0,5%, no Paraná houve um acréscimo de 1,76% (pelo menos 176 mil estudantes). Já a taxa de escolarização é desanimadora.
Em 2006 a taxa na faixa etária entre 7 e 14 anos era de 98%, no ano passado caiu para 97,5%. Na faixa etária de 25 anos ou mais, houve queda no número de pessoas que estavam estudando, passando de 5,2% em 2006 para 4,9% em 2007.

Fábio Campana

http://www.fabiocampana.com.br/?p=13735

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Alma - Rubem Alves/ presente da Marisa Giglio

ALMA
.
“ Espeleologia é a ciência das cavernas.
Eu estudei uma espeleologia que se dedica a explorar as cavernas da alma. A alma é um emaranhado de cavernas iluminadas por uma luz que se insinua por frestas estreitas , cavernas que vão ficando cada vez mais fundas e escuras.

Lá fora é o mundo ensolarado, “uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos ” ( Fernando Pessoa) , muita gente , falatório, gritaria, tagarelice, risadas, todos falam , ninguém escuta, os participantes trocam palavras conhecidas e todos usam máscaras sorridentes .

A entrada da caverna está escondida pela vegetação.
São poucos os que têm coragem de entrar. Lá dentro tudo é diferente .

As vozes se transformam em sussurros. Mas os olhos crescem .
E assim vamos descendo cada vez mais fundo, até que nos
descobrimos sozinhos. Há solidão e silêncio.
A verdade da alma está além das palavras, não pode ser dita .
Os espaços modelados pelos milênios pedem poucas palavras .


Depois de muito descer chega-se ao fundo da
caverna: lá está, faz milênios, um lago de água
absolutamente azul.
O fundo da alma é um lago.
Lago encantado.”

Rubem Alves
de “ Concerto para corpo e alma ”

domingo, 14 de setembro de 2008

Rosane Coelho, a poesia


SOBRE O DESEJO
.
o desejo não cabe na palavra:
transborda-a
.
escorre
.
transcende o objeto
.
evapora, insaciado
.
retorna sobre si mesmo
à morada do inominado...
.
Rosane Coelho
.
Imagem: bola de cristal (david duarte)
Publicado em 14/09/2008 às 13h13
.
Leiam o que há de mais lindo na atual poesia brasileiro no endereçoco abaixo:

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bolívia II - Presidente do Parlasul apóia expulsão de embaixador dos EUA na Bolívia

Dr. Rosinha cumprimenta o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera
Dr. Rosinha (c), Carlos Chacho Álvarez, ex-vice-presidente da Argentina e deputado Roberto Conde, do Uruguai

O presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), declarou nesta quinta-feira (11/9) que o presidente boliviano Evo Morales agiu de forma acertada ao decretar a expulsão do embaixador norte-americano no país, Philip Goldberg.

"Evo Morales tem informações seguras quanto à participação do governo dos Estados Unidos nas ações separatistas promovidas por setores de oposição a seu governo", afirma Dr. Rosinha. "E Bush já tem uma série de antecedentes intervencionistas, militares ou não. O fracassado golpe de 2002 na Venezuela é um exemplo de caso ocorrido na América do Sul."

Conforme o parlamentar brasileiro, a sessão da próxima semana do Parlamento do Mercosul, que começa na segunda-feira (15/9), deve discutir a situação na Bolívia após as explosões em gasodutos que levam gás natural ao Brasil. "Em princípio, o tema não está na pauta, mas sua discussão pode ser proposta por qualquer um dos parlamentares do bloco."

Na noite da última quarta-feira (10/9), ao declarar o embaixador dos EUA "persona non grata", Evo Morales afirmou que Philip Goldberg conspira contra a democracia e promove a divisão da Bolívia. "Não queremos gente separatista, nem divisionista, nem que conspire contra a unidade do país, não queremos pessoas que atentem contra a democracia", discursou Morales, em La Paz.

No passado recente, Goldberg já atuou em ações de estímulo a ações separatistas na região dos Bálcãs, mais precisamente em Kosovo.

"Derrotada no referendo nacional de agosto, a direita boliviana mostra-se cada vez mais isolada ao praticar verdadeiros atentados terroristas", avalia Dr. Rosinha. "Felizmente, Morales tem agido com moderação e evitado o confronto nas ruas, mesmo depois de emissoras de TV terem flagrado agressões covardes contra soldados do exército."


Oligarquias e preconceito

Em agosto, o presidente do Parlamento do Mercosul coordenou em território boliviano uma delegação de 40 observadores do Mercosul, durante o referendo que confirmou Morales no cargo de presidente, com 67,4% dos votos —13,7 pontos percentuais a mais do que o presidente obteve na eleição de 2005.

Para o presidente do Parlamento do Mercosul, o movimento separatista observado hoje na Bolívia é movido pelo preconceito de oligarquias contra um presidente de origem indígena. "Estive pessoalmente na Bolívia por diversas vezes e presenciei cenas de preconceito explícito contra o presidente Evo Morales", revela Dr. Rosinha. "Em pichações nos muros ou mesmo em conversas pelas ruas, setores da elite branca dizem querer colocar 'aquele índio de volta em seu devido lugar'."

O Parlamento do Mercosul já aprovou seu apoio às instituições bolivianas, posicionando-se contra qualquer divisão de território. No início desta semana, a presidência do órgão divulgou uma nota em que prega o diálogo entre as diferentes forças políticas do país. "É do interesse de todos os países do Mercosul que a Bolívia se encontre, cada vez mais, com seu destino de nação economicamente próspera, socialmente justa, politicamente estável e democrática", diz trecho da nota assinada por Dr. Rosinha.
A sessão plenária do Parlasul terá, na próxima terça-feira (16/9), a participação do ministro brasileiro Nelson Jobim (Defesa). Um dos temas da sessão, que acontece em Montevidéu, é a criação do Conselho de Defesa da América do Sul

Pela Paz em Bolívia I


Montevidéu, 08 de setembro de 208]
Comunicado de Imprensa
Pela paz em Bolívia
A Presidência do Parlamento do MERCOSUL vem a público manifestar sua profunda preocupação com a situação política da Bolívia.
Mesmo após os recentes Referendos Revogatórios realizados em todos os departamentos da República da Bolívia, que conferiram renovada e sólida legitimidade aos governantes e que transcorreram num clima de mais absoluta normalidade, conforme o depoimento unânime de dezenas de missões observadoras, inclusive a deste Parlamento, a tensão naquele país não dá mostras de arrefecer. Pelo contrário, observa-se uma crescente radicalização do processo político boliviano que pode ter conseqüências imprevisíveis.
A não-aceitação de legítimos resultados eleitorais, a recusa ao diálogo, a obstrução de estradas, certos discursos pró-separatismo e a ameaça da ocupação de campos de gás, com o intuito de impedir a exportação para Estados Partes do MERCOSUL, conformam um quadro instável que repercute negativamente no Mercado Comum do Sul.
A Presidência apela a todas as forças políticas bolivianas a que aproveitem o novo quadro político criado pelos referendos revogatórios e estabeleçam um diálogo de alto nível, o qual deve ser conduzido de modo a pacificar as disputas políticas que ocorrem naquele país e assegurar o desenvolvimento econômico e social e a imprescindível unidade territorial da Bolívia.
A Presidência também concita todas as forças políticas bolivianas, bem como os meios de comunicação de massa daquele país, a que se conduzam, nesse momento crucial da história da Bolívia, com a mesma maturidade e responsabilidade demonstrada pelo grande povo boliviano nos recentes pleitos eleitorais.
A Presidência, ademais, lembra que a República da Bolívia, Estado Associado do MERCOSUL, é signatária do Protocolo de Ushuaia, que consagrou a cláusula democrática do bloco.
Por último, a Presidência do Parlamento do MERCOSUL manifesta o seu entendimento de que é do interesse de todos os Estados Partes do MERCOSUL que a Bolívia se encontre, cada vez mais, com seu destino de nação economicamente próspera, socialmente justa, politicamente estável e democrática.
DR. ROSINHA
Presidente do Parlamento do MERCOSUL

11 de Setembro, 1973, 2001, 2008

Evo Morales
O Primeiro Presidente Indígena




11 de setembro de 2008, Bolívia.
O presidente Evo Morales eleito por maioria absoluta de votos dos bolivianos enfrenta a resistência das elites a partir de Santa Cruz e arredores.
Morales elegeu a maioria de uma Assembléia Nacional Constituinte e a menos de um mês teve seu mandato confirmado num referendo por mais de 60% dos bolivianos, um índice bem mais alto que o dos votos que recebeu quando eleito.
A desordem e o caos são as ameaças dos grandes empresários bolivianos e grupos internacionais, a conspiração tem o imprimatur do governo terrorista de George Bush. Repetem as estratégias usadas para derrubar em 1973 o presidente Salvador Allende, no Chile.





© Foto de Thomas Hoepker. Terroristas jogaram dois aviões contra as torres gêmeas, em Nova York. 11 de setembro 2001.

Em 11 de setembro de 2001 um grupo de soldados da Al Qaeda apoderou-se de aviões da United Airlines nos Estados Unidos e atacou alvos dentro do território norte-americano.
Pela primeira vez na história os EUA foram atacados dentro do próprio território, não levando em conta os conflitos que resultaram na tomada da Califórnia e do Texas, partes do México saqueadas a esse país.
A Al Queda é liderada por Osama bin Laden, um engenheiro saudita, fundamentalista islâmico, com base no Afeganistão e que durante a guerra contra os soviéticos foi financiado e armado pelos norte-americanos. Os bin Laden são sócios da família Bush em “negócios” de petróleo.

O sangrento golpe militar dirigido pelo general Augusto Pinochet (preparado e apoiado pela Administração norte-americana através da CIA). 11 de Setembro de 1973.Foto de autor desconhecido

Em 11 de setembro de 1973 o presidente Salvador Allende enfrentou o golpe militar do general Augusto Pinochet e resistiu até a morte no Palácio La Moneda. Ao longo dos anos que se seguiram Pinochet, um dos muitos generais ditadores da América Latina, construiu um regime de terror e barbárie, ao qual aliou a corrupção. Essa história vem sendo contada em capítulos pelas revelações feitas através de documentos oficiais e a participação direta do governo dos Estados Unidos no golpe. Nixon era o presidente.

Trecho do artigo de Laerte Braga "11 DE SETEMBRO DE 1973, DE 2001, DE 2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Desventuras de uma atropeladora de moto-boy



http://fotos.br101.org/gallery/flagrantes/motoboy-pobre_001.JPG.html



A Ana, minha filha, me mandou a frase abaixo para me consolar.


Foi para ela que liguei quinta-feira à tarde, quando chegava ao litoral e abalroei, ou fui abalroada, por um moto-boy.

“Moto-boy é como pênis: Tem cabeça e não pensa, vai e vem o tempo todo, quer passar onde não cabe, às vezes se esfola, geralmente anda duro e, de quebra, ainda f.... os outros!”


Sabem quando a gente levanta com um dia de sol por dentro e olha pra fora e lá está ele, exatamente como nos sentimos?


Andei por uma fase meio nublada, mas boas notícias, vindas de longe, trouxeram esperança em novas alegrias e afastaram as nuvens.


-Vou pra praia - pensei animada


Peguei minhas tralhas e as da Tonica e viemos as duas. Eu ouvindo a Elis e ela miando indignada por estar presa na sua malinha de tela.

Passei o pedágio e quando comecei a descer a Serra do Mar, uma neblina baixou sobre o mundo, fiquei dentro de nuvens carregadas, mas o sol dentro de mim continuava a brilhar.


Quando cheguei ao balneário de Matinhos, errei a entrada para Caiobá e me vi voltando para Curitiba. Estacionei.

O lindo e raro dia de sol curitibano ficara em Curitiba, aqui, em nosso minúsculo litoral, chovia e fazia frio.

Estacionei para pensar como iria voltar, olhei pelo retrovisor e quando não vi nenhum carro, arranquei. Vindo, não sei de onde, um moto-boy abalroou meu carro. A moto, ele, um monte de rolos de papel e outros bichos deslizaram em minha frente no asfalto molhado.

Estacionei. Fiquei muda e comecei a chorar.

O moto-boy veio ao meu encontro e começou a me consolar:
- Eu não me machuquei, estou acostumado - e foi recolher as entregas e tirar a moto do meio da rua.


Surgiram comerciantes de todos os lados e outros motos-boy para me consolar.
Um copo de água com açúcar foi colocado em minha mão
- A senhora é diabética? - Não sou.
Outros cuidados.
- Fique calma. A sua pressão pode subir! - Tenho pressão baixa.
Parecia que eu tinha sido a vítima.


- Vejam, ela está gelada - disse uma senhora. (com um frio daqueles e pouca roupa, era bem normal)

- Acalme-se, não foi nada. Diziam vozes.

Consegui falar:
- A Tonica está no carro.
- Sua filhinha?
- Não, a minha gata.


Voltei para o carro e a cretina da gata que miara a viagem inteira estava dormindo.


Na minha caminhonete só tinha um risquinho na pintura e um amassado quase imperceptível.

O moço da moto pediu os meus dados porque tinha que comunicar a empresa e fazer um B.O., senão perdia o emprego.
Não sei quem tinha razão, acho que ele. Mesmo se não tivesse, eu costumo me sentir culpada de tudo.


Ficamos esperando o retorno da ligação que ele fizera para o dono da empresa.

Demorou.
Fui ficando enraivecida, com frio, querendo chegar ao meu destino (?!).

Quando o tal patrão telefonou eu pedi pra falar. Disse que ia embora, assumia os danos, mas não ia fazer naquelas alturas, (já tinha anoitecido) p.... nenhuma de B.O.
O moto-boy disse para o chefe que eu estava muito nervosa (não esta, estava p. da cara) e ele já tinha meus dados e, felizmente, desligou.

- Gente boa estes moto-boys, quando não nos abalroam...

Perguntei se a moto tinha quebrado muito. Ele disse que não. Só o espelho retrovisor e um "pezinho". Mandei-o fazer um orçamento, se não fosse muito caro eu pagava, com recibo e declaração da empresa, etc. e tal.


Na volta errei o caminho de novo.

Quando enfim, cheguei ao edifício onde tenho um apartamento, ao ver o caseiro - que é um homem enorme - abracei-me nele e recomecei a chorar (acho que fiz uma ceninha boba e dei um susto no coitado).

Ele me consolou, mandou-me ir para o apartamento com a Tonica e prometeu que providenciaria tudo.


Estacionou o carro e levou todas as minhas várias mochilas (de livros, de cremes, de remédios, da câmera fotográfica e acessórios, de óculos, lentes e acessórios, do note book e de algumas poucas roupas) e as mochilas da Tonica (sua caminha, seu banheiro, ou seja: - areia e caixa para areia, ração, potes para colocar ração e água).



Seu Valmir, o caseiro, mandou a mulher - que estava muito atarefada
- me ajudar. Sem saber da Tonica, ela deixou as portas abertas e a minha gata fugiu. Fiquei berrando pela gata, até que ela apareceu toda dengosa e ficou se enrolando entre as minhas pernas.

Eu não tinha acabado de arrumar meus "pertences" quando escutei um estrondo na rua. A luz apagou. E da cidade inteira.
No apartamento não tinham velas e usei o celular para ligar para Curitiba e pedir pro Ode, meu marido, ligar para o caseiro (não sei o número) para que ele me trouxesse velas.
Se descesse quatro andares pelas escadas no escuro, sabe-se lá o que iria acontecer.
O Ode retornou a ligação dizendo que o telefone do caseiro não atendia e que eu ficasse calminha que a luz logo ia chegar.

Não chegou. Fiquei duas horas e meia no escuro.

Durante o tempo de escuridão...tocou o telefone:
- Aqui é da oficina mecânica, fiz o orçamento do conserto da moto e queria saber se a senhora autoriza.
- Meu filho, eu vim pra cá pra relaxar. O dia em Curitiba estava lindo. Cheguei aqui com chuva e frio, derrubei o moço da moto e estamos em uma escuridão total. O que é que você quer? O que mais me falta acontecer?
- Que dia, hein! Foi a senhora que trouxe a chuva – e ainda deu uma risadinha.
- Quanto?
Ele disse o dobro do que o moto-boy imaginara. Protestei.
- As peças têm que ser originais, meu serviço é barato.
- Quanto?
Repetiu.
- Nem morta que eu pago, amanhã faço o B.O. A menos que haja um desconto.
- 10%
- Nada feito.
- 20%.
Chegamos aos 25%.
Autorizei.
A luz voltou.
O melhor de tudo foi que o meu dia de sol interior, não sofreu nenhum abalo. Estou luminosa e feliz, quem é que vai entender as mulheres. Eu - nem me atrevo.
Beijo,
Nédier




segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lya Luft - in "Secreta Mirada e outros poemas

“ Todo o cansaço chega a algum colo ; todo o olhar encontra um
espelho ; toda a vida tem significados que cabe a nós mesmos
descobrir ou construir .”
.
.
CANÇÃO DO RIO DO MEIO
.
“ Um rio jorra entre o porão e o sótão
da nossa vida :
leva dores e amores , nosso último riso
há tanto tempo .
Mas numa curva qualquer , porque ainda respiramos ,
tudo pulsa outra vez e brilha de ousadia
sabendo que temos pela frente
algum calor , e um rumor de águas na areia .
Passa no meio de nós , entre o sonho do sótão
e o medo dos porões , o rio da vida :
que me leve para diante ainda uma vez , e muitas ,
que venha até mim com sua água turva
ou clara de esperança , toda a audácia e o fervor
que pareciam idos .”
.
.
“ Algo se aproxima , alguma coisa nova no pedaço
de caminho que vemos pela frente começa a nos
intrigar .
Saímos do casulo em que andamos
enfiados , botamos a cabeça fora para enxergar
melhor , mas pode ser apenas uma fantasia .
Alguém - ou alguma coisa - pronuncia o nosso nome .
A alegria pode ser uma ameaça , e a gente se
esconde outra vez com medo de ter-se enganado .
Para que arriscar uma nova perda , um novo machucado
onde as velhas feridas não sararam direito ?
Melhor voltar a dormir .”

..
..
..
CANÇÃO DA ALHEIA PRIMAVERA
.
.
“ Talvez se agite um braço me chamando :
mas tão longe , nem se move
as névoas dessa ausência .
Quando achei que era tempo , não era :
quando apanhei a estrela , passava
um vaga-lume qualquer entre meus dedos .
Talvez desça um navio me procurando
mas não quero viagens : sou
um pálido coral numa água morna ,
e vagamente aflora um movimento
- mas pode ser a sombra do meu sono .
Talvez haja um amor me inventando ,
mas tão vago , nem roça
as beiras da minha praia : concha breve
e encolhida , não vou desenrolar
o meu abraço . Quando achei
que era tempo , não era :
talvez este ondular entre meus ramos
venha de alguma alheia primavera .”
.
.
Esta página é dedicada à Marisa Giglio que me mandou estes belíssimos poemas/canções da Lya Luft que eu ainda não conhecia

sábado, 6 de setembro de 2008

Raposa do Sol - as chances da vitória

“As chances de vitória dos indígenas são ótimas”
afirma antropólogo

Presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Carlos Caroso, elogia relator Ayres Britto e afirma que, a partir da decisão do STF, os poderes públicos poderão se coordenar melhor para promover as homologações necessárias no país.

Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
.
Após o voto do ministro Carlos Ayres Brito, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) pela manutenção da homologação do território indígena Raposa Serra do Sol, no dia 27 de agosto, setores da sociedade que defendem a Constituição de 1988 ficaram mais otimistas em relação à demarcação definitiva das terras indígenas em área contínua. Agora, acredita-se que a maioria dos votos irá acompanhar a decisão do relator.

Para o presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Carlos Caroso,
“as chances (da vitória dos indígenas) são ótimas. Isso servirá de base para outras decisões, para que no futuro não haja contestações. Nós, antropólogos, acreditamos que, a partir daí, os poderes públicos possam se coordenar e promovam a homologação das terras necessárias”, disse.

Direitos dos povos

O voto de Britto guiou-se pela Constituição. Afirmou que os indígenas não representam nenhum tipo de ameaça à soberania, ao pacto federativo e ao desenvolvimento. Britto lembrou que o Estado pode e deve proteger, além de estar presente nas terras indígenas, por meio de militares e da assistência à saúde e educação, que são direitos dos povos.
“Se o Poder Público se faz ausente em terras indígenas, tal omissão é de ser debitada exclusivamente a ele, Estado, e não aos índios brasileiros”, ponderou Britto.

Ele também ratificou não existir antagonismo entre desenvolvimento e povos indígenas, afirmando que o Poder Público pode tirar proveito das diferenças econômicas tradicionais e regionais para “diversificar o potencial econômico dos entes federativos”.

Além do voto favorável de Britto, outro ponto considerado positivo foi a pluralidade de representações aceitas pelo STF na Ação Popular.
“Até um dos invasores foi admitido na Ação 3388; chama-se Lawrence Manly Hartz, um estadunidense que possui família na Guiana”, lembra Paulo Maldos, assessor político do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). O ministro Carlos Menezes Direito, pediu vistas do processo, por isso, o julgamento foi suspenso, mas é provável que seja retomado neste semestre.

Ameaça à soberania

No entanto, mesmo com o cenário propenso a uma vitória judicial para os povos indígenas da Raposa Serra do Sol, representantes do agronegócio, de parte da mídia corporativa e de setores das Forças Armadas continuam questionando a autonomia e a propriedade das terras dos povos originários brasileiros.

O principal argumento utilizado por esses setores é de ameaça à soberania nacional. Argumento frágil, acreditam analistas, visto que as terras indígenas são territórios pertencentes à União, onde o exército brasileiro goza de toda liberdade de entrar e sair.

Dom Erwin Kräutler, bispo de Xingu (PA) e presidente do CIMI lembra que, bem antes da sociedade discutir a questão da Raposa Serra do Sol,
“os indígenas em Roraima já defendiam a soberania brasileira. Eles foram vanguarda”.
No entanto, ele acredita que há uma onda anti-indigenista em pelo curso no país. “Sofro com a força da volta de toda essa aversão aos indígenas”, lamenta.

A Polícia Federal comprovou que os arrozeiros foram assessorados (com táticas militares) pelo general Gélio Fregapani, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em Roraima. Fregapani é amigo pessoal do líder arrozeiro Paulo César Quartiero e, de acordo com Paulo Maldos, assessor político do CIMI, trabalhou como orientador dos pistoleiros que feriram dez indígenas, dia 5 de maio deste ano.
“Qualquer integrante de movimento social que fizesse isso teria sido preso”, salienta o assessor político do CIMI.

Povos originários

Maldos também aponta uma das estratégias utilizadas pelos produtores do agronegócio no Brasil, representados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Eles invadem terras de povos originários para se antecipar à disputa judicial”, diz. Depois, se defendem com o argumento de que estão “trabalhando na terra”.
O General Gilberto Figueiredo, presidente do Clube Militar, declarou ao jornal francês Le Monde, no dia 8 de agosto que “a política de demarcação da Funai vai contra os interesses da Nação e deve ser interrompida.” Para Maldos, a declaração do General Figueiredo fere a Constituição. “O projeto da ditadura dos anos 1970 era de integrar os indígenas, era uma idéia genocida. O racismo os impede de ver o óbvio”.
O Bispo de Xingu reforça a opinião de Maldos. “Isso é obsoleto e anacrônico. Não estamos mais em 1964. Há uma minoria nas Forças Armadas que pensam assim; conheço outros que não entendem dessa forma e, na própria Assembléia Constituinte (que originou a Constituição de 1988), muitos militares eram a favor dos indígenas”, afirma Dom Erwin Kräutler.

por
Michelle Amaral da Silva — Última modificação 05/09/2008 13:43
Eduardo Sales de Lima
Da Redação
BRASIL DE FATO