quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bolívia II - Presidente do Parlasul apóia expulsão de embaixador dos EUA na Bolívia

Dr. Rosinha cumprimenta o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera
Dr. Rosinha (c), Carlos Chacho Álvarez, ex-vice-presidente da Argentina e deputado Roberto Conde, do Uruguai

O presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), declarou nesta quinta-feira (11/9) que o presidente boliviano Evo Morales agiu de forma acertada ao decretar a expulsão do embaixador norte-americano no país, Philip Goldberg.

"Evo Morales tem informações seguras quanto à participação do governo dos Estados Unidos nas ações separatistas promovidas por setores de oposição a seu governo", afirma Dr. Rosinha. "E Bush já tem uma série de antecedentes intervencionistas, militares ou não. O fracassado golpe de 2002 na Venezuela é um exemplo de caso ocorrido na América do Sul."

Conforme o parlamentar brasileiro, a sessão da próxima semana do Parlamento do Mercosul, que começa na segunda-feira (15/9), deve discutir a situação na Bolívia após as explosões em gasodutos que levam gás natural ao Brasil. "Em princípio, o tema não está na pauta, mas sua discussão pode ser proposta por qualquer um dos parlamentares do bloco."

Na noite da última quarta-feira (10/9), ao declarar o embaixador dos EUA "persona non grata", Evo Morales afirmou que Philip Goldberg conspira contra a democracia e promove a divisão da Bolívia. "Não queremos gente separatista, nem divisionista, nem que conspire contra a unidade do país, não queremos pessoas que atentem contra a democracia", discursou Morales, em La Paz.

No passado recente, Goldberg já atuou em ações de estímulo a ações separatistas na região dos Bálcãs, mais precisamente em Kosovo.

"Derrotada no referendo nacional de agosto, a direita boliviana mostra-se cada vez mais isolada ao praticar verdadeiros atentados terroristas", avalia Dr. Rosinha. "Felizmente, Morales tem agido com moderação e evitado o confronto nas ruas, mesmo depois de emissoras de TV terem flagrado agressões covardes contra soldados do exército."


Oligarquias e preconceito

Em agosto, o presidente do Parlamento do Mercosul coordenou em território boliviano uma delegação de 40 observadores do Mercosul, durante o referendo que confirmou Morales no cargo de presidente, com 67,4% dos votos —13,7 pontos percentuais a mais do que o presidente obteve na eleição de 2005.

Para o presidente do Parlamento do Mercosul, o movimento separatista observado hoje na Bolívia é movido pelo preconceito de oligarquias contra um presidente de origem indígena. "Estive pessoalmente na Bolívia por diversas vezes e presenciei cenas de preconceito explícito contra o presidente Evo Morales", revela Dr. Rosinha. "Em pichações nos muros ou mesmo em conversas pelas ruas, setores da elite branca dizem querer colocar 'aquele índio de volta em seu devido lugar'."

O Parlamento do Mercosul já aprovou seu apoio às instituições bolivianas, posicionando-se contra qualquer divisão de território. No início desta semana, a presidência do órgão divulgou uma nota em que prega o diálogo entre as diferentes forças políticas do país. "É do interesse de todos os países do Mercosul que a Bolívia se encontre, cada vez mais, com seu destino de nação economicamente próspera, socialmente justa, politicamente estável e democrática", diz trecho da nota assinada por Dr. Rosinha.
A sessão plenária do Parlasul terá, na próxima terça-feira (16/9), a participação do ministro brasileiro Nelson Jobim (Defesa). Um dos temas da sessão, que acontece em Montevidéu, é a criação do Conselho de Defesa da América do Sul