terça-feira, 9 de outubro de 2007

Renan, os psicopatas e uma definição esquemática antiga

Cada vez que leio jornais e vejo a reação do Renan aos acontecimentos, mais me convenço de que estou diante de um psicopata.

Os psicopatas não precisam ser serial killers. Basta haver uma frieza anormal em relação ao comum dos mortais.

Isto foi provado cientificamente em um estudo que analisou o cérebro de vários psicopatas diante de imagens que provocam reações cerebrais na maioria das pessoas. O cérebro deles reagiu de forma igual diante de uma linda paisagem serena e de uma cena de horror, tortura, sangue, etc.
Para o cérebro deles as duas têm respostas negativas iguais.
O psicopata não tem reações normais. Ele é frio, sem culpa e se acha injustiçado pelo mundo. Sofre apenas pelas conseqüências para ele.

Lembro de um filme, baseado em fatos reais e num livro escrito pela própria assassina protagonista que me impressionou muito. Era um filmete destes comuns de TV, mas foi altamente revelador sobre como pensa e age um psicopata.

Esta mulher era casada tinha filhos e era um membro ativo da comunidade, inteligente e querida. Quando o marido resolveu se separar para viver com a amante, ela começou uma série de atos “atração fatal” contra os dois - tipo destruir o carro e tal, culminando com a invasão da casa e o assassinato de ambos na cama do casal. Mas o impressionante foram as justificativas dela.
Durante o processo, ela foi se afastando de todos os que tentavam mostrar que seus atos estavam errados e se sentia injustiçada, perseguida pela comunidade, perdeu todos os amigos, se isolou, mas não desistiu. Continuou achando que só ela estava certa e incompreendida.
No final do livro (e do filme) já na cadeia, ela escreve: acho estranho chamarem os dois (mortos) de vítimas. Neste caso só houve três vítimas: eu e meus dois filhos.

Não conseguia ver o assassinado brutal de duas pessoas como algo errado. Ela era a injustiçada por ter sido “traída” e estar presa.
O Renan me lembra esta mulher.
Lembra também um amigo da minha adolescência que ao ser flagrado pela namorada com outra fingiu que não viu. No dia seguinte, confrontado com a cena respondeu: - Não era eu. Por mais que ela se esgoelasse, afirmasse: fui eu que vi, ninguém me contou, ele sempre respondia que não era ele.
O que fazer diante de um muro deste?
Não lembro se ela terminou com ele. Mas mesmo que tenha feito isto, deve ter ficado com a impressão amarga de não ter podido assistir um mínimo de sentimento de culpa.
Eu matava. Depois ficava culpada...rs...

Na época eu classifiquei este amigo numa definição que estudava no colégio.
Eram muito esquemáticas e dividiam as pessoas por três características.
Vou lembrar aqui só de curiosidade:
emotivas não emotivas / ativas, não-ativas / primárias, secundárias emotivos reagem emocionalmente a tudo, não-emotivos são frios.

Ativos realizam o que pretendem e inativos sonham mais do que fazem.

Primários reagem por impulso enquanto secundários pensam antes de agir.

As emotivas, ativas, primárias são pessoas generosas, passionais, lutadoras, mas excessivamente impulsivas, acabam não realizando o que pretendem.

As emotivas, ativas, secundárias são os grandes líderes: têm todas as qualidades dos primeiros sem a impulsividade, com mais racionalidade.

As emotivas, não ativas primárias são “cão que ladra não morde”: esbravejam, se esgoelam, sofrem, têm impulsos terríveis mas não chegam a realizar.

As emotivas, não-ativas secundárias são, geralmente, artistas, colocam suas emoções num trabalho mental, emocional.

As não emotivas, ativas, primárias são perigosas - elas reagem rápido, são frias e ativas. Muitos líderes terríveis eram assim.

As não-emotivas, ativas, secundárias são mais perigosas ainda porque além de frias e ativas, são cerebrais, esperam o momento de atacar (Renan e a maioria dos psicopatas).

Mas há gente ótima nesta categoria também. E em todas, claro - o que varia é a maneira como cada um lida com seus defeitos e qualidades.

Há ainda:
Os não-emotivos, não-ativos, primários e os não emotivos, não-ativos, secundários - estes são aqueles que vivem uma vida totalmente mental e fria. Devem ser budistas.

É claro que esta classificação é esquemática porque existe uma gama de tonalidades entre estes tipos principais. Mas é interessante a gente tentar se enquadrar.

Maria Helena Bandeira, escritora