Meus avós paternos vieram da Itália num mesmo navio.
Minha avó veio ainda criança. Meu avô, Antonio Brusamolin, já era um rapazinho.
Minha avó veio ainda criança. Meu avô, Antonio Brusamolin, já era um rapazinho.
A vida no seu muito amado Brasil transformou-o no velho Tói, famoso na pequena e conservadora Curitiba pela irreverência chocante e pela generosidade ilimitada...
Os dois se conheceram e se casaram no Ahu, bairro onde nasci e ainda moro
Meu avô usava botas e uma grande capa gauchesca de lã azul marinho. Entre baforadas de cachimbo, ele recheava suas frases com expressões tiradas do seu repertório internacional de palavrões e, sem nunca ter ouvido falar em Proudhon, defendia idéias anarquistas.
Odiava padres e militares. Eram “o câncer da nação”!
“Comunista” era apenas uma expressão que usava para definir comportamentos que quebrassem uma ordem, cujos padrões ele mesmo estabelecia.
Os dois se conheceram e se casaram no Ahu, bairro onde nasci e ainda moro
Meu avô usava botas e uma grande capa gauchesca de lã azul marinho. Entre baforadas de cachimbo, ele recheava suas frases com expressões tiradas do seu repertório internacional de palavrões e, sem nunca ter ouvido falar em Proudhon, defendia idéias anarquistas.
Odiava padres e militares. Eram “o câncer da nação”!
“Comunista” era apenas uma expressão que usava para definir comportamentos que quebrassem uma ordem, cujos padrões ele mesmo estabelecia.
Ao deparar, em um baile, com sua filha dançando em cima da mesa esbravejou:
- Dio Porco, isto aqui está parecendo comunismo!
Quando eu tentava beijar a sua mão para lhe pedir a benção, ele repelia furioso:
- Não faça isso, você lá sabe onde meti esta mão.
Ao padre chamado para lhe trazer a extrema unção fez uma confissão sincera:
- Não matei e não roubei - o resto eu fiz tudo e não me arrependo...
Aos argumentos do padre de que ele sempre fora um homem bom e que por isso teria a recompensa divina contestou:
- Eu não fiz nada em troco de recompensa.
Antonio Brusamolin, meu avô, marido de Joana Dalagassa, a Dona Itália, tinha a pele queimada de sol e os olhos transparentes. Seu cheiro de fumo e de cachaça é até hoje para mim o cheiro de homem.
Ele blasfemava contra Deus e era capaz de dançar aos sons dos sinos da igreja para proclamar a sua heresia.
- Dio Porco, isto aqui está parecendo comunismo!
Quando eu tentava beijar a sua mão para lhe pedir a benção, ele repelia furioso:
- Não faça isso, você lá sabe onde meti esta mão.
Ao padre chamado para lhe trazer a extrema unção fez uma confissão sincera:
- Não matei e não roubei - o resto eu fiz tudo e não me arrependo...
Aos argumentos do padre de que ele sempre fora um homem bom e que por isso teria a recompensa divina contestou:
- Eu não fiz nada em troco de recompensa.
Antonio Brusamolin, meu avô, marido de Joana Dalagassa, a Dona Itália, tinha a pele queimada de sol e os olhos transparentes. Seu cheiro de fumo e de cachaça é até hoje para mim o cheiro de homem.
Ele blasfemava contra Deus e era capaz de dançar aos sons dos sinos da igreja para proclamar a sua heresia.
Dormia com as respeitáveis mulheres dos seus amigos e dos seus empregados.
Era bom.
Foto do acervo da Sociedade do Ahu, restaurada por mim.
Imigrantes italianos que chegaram ao Brasil no começo do século e se estabeleceram em Curitiba, no bairro do Ahu.
Foto tirada em 10 de setembro de 1905 do Gruppo Musicale Italiano Verdi Gomes in ocasione di una passegiata campestre in Santa Felicidade