terça-feira, 17 de abril de 2007

Viva Oziel!! As lentes de Sebastião Salgado registram 17 de abril

As lentes de Sebastião Salgado registram a dor da mãe do jovem Oziel Pereira

Oziel Pereira, um dos líderes camponeses assassinados no dia 17 de abril de 1996, tinha apenas 17 anos quando foi assassinado
em Eldorados do Carajás.
Foi retirado com vida do local do tiroteio.
Depois de ser algemado e surrado por um grupo de policiais,
foi eliminado com um tiro na cabeça,
após ser obrigado a gritar "Viva o MST!"
Durante a cerimônia fúnebre em Paraupebas no dia 20 de abril,
as lentes de Sebastião Salgado,
registraram a dor da mãe do jovem Oziel Pereira.

A foto encontra-se em Imagens e as Vozes da Despossessão: A Luta pela Terra e a Cultura Emergente do MST -
www.landless-voices.org/
Oziel Pereira hoje é nome de assentamentos, acampamentos, brigadas e escolas em todo o Brasil. Foi a forma que os seus companheiros do MST encontraram para lhe homenagear.



O compositor, poeta e músico do MST, Zé Pinto é autor da poesia
que segue em homenagem a Oziel Alves Pereira:

Oziel está presente

Aquele menino era filho do vento
Por isso voava como as andorinhas
Aquele menino trilhou horizontes
Que nem um corisco talvez ousaria
Levava no rosto semblante de paz
E um riso de flores pro amanhecer
sol da estrada brilhou sua guerra
Mirou o seu povo com olhar de justiça
Pois tinha na alma um cheiro de terra
Tantas primaveras tinha pra viver
Pois tão poucas eras te viram nascer
Beijou a serpente da fome e do medo
Mas fez da coragem seu grande segredo,
Ergueu a bandeira vermelha encarnada
Riscou na reforma um "a" de agrária
E assim prosseguiu.
Seguiu cada passo com uma fé ardente
A voz ecoando na linha de frente
Em tom de magia numa melodia de estar presente
E a marcha seguia, seguiam os homens,
Mulheres seguiam, crianças também caminhavam
Mas lá onde a curva fazia um "S"
Que não se soletra com sonho ou com sorte
Pras bandas do norte o velho demônio
Mostrou seu poder.
Ali o dragão urrou, o pelotão apontou,
As armas cuspiram fogo, e dezenove
Sem terra, a morte fria abraçou.
Mas tremeu o inimigo com a dignidade do menino
Inda quase adolescente, pele morena, franzino
Sob coices de coturno, de carabina e fuzil
Gritou amor ao Brasil, num viva ao seu
movimento,
E morreu!
Morreu pra quem não percebe
Tanto broto renascendo
Debaixo das lonas pretas, nos cursos
de formação
Ou já nos assentamentos,
quando se canta uma canção,
ou num instante de silêncio
Oziel está presente,
Porque a gente até sente,
Pulsar o seu coração.